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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Os anos 70: a década do Eu


 
Se os anos 50 foram marcados pelo conservadorismo do pós-guerra e os anos 60 pela primeira invasão britânica no pop, os anos 70 abalaram todas as estruturas.

Pode não ser exactamente o melhor período da história contemporânea para ser visitado, mas esta década, vista à distância, teve lá os seus (muitos) encantos.

Foi a década de uma movimentada cena alternativa, a década da radicalização de experiências comportamentais, a década da contracultura, do underground, dos jornais, revistas, livros e discos independentes. Foi mais uma década de continuações do que de explosões. Uma década de revisões e ampliações, mas não propriamente de invenções. A "Década do Eu", como já foi rotulada. Do desejo de mudar o mundo passou-se à urgência de um encontro consigo mesmo. Para muitos, a década do "vazio cultural"; para outros, anos alucinados e - por que não? - divertidos.

Os anos 70 começam quando os Beatles acabam, no rescaldo do fim do sonho hippie. E terminam logo após o movimento punk anunciar o fim do mundo tal como o conhecíamos. Os anos 70 trouxeram a efervescência da era da discoteca, os filmes de catástrofe, o início da hegemonia do cinema hollywoodiano para adolescentes, os primeiros passos do hip-hop e da música electrónica, o auge e a morte do rock progressivo, além de um vestuário que deu uma identidade particular a esta época. Foram factos, movimentos e estéticas que ajudaram a enterrar definitivamente as ilusões da década de 60 e a lançar as bases do que seria a vida a partir dos anos 80.

Foi uma década em que o mundo vivenciou a derrocada norte-americana no Vietname, o escândalo político de Watergate, o surgimento do movimento punk, a crise do petróleo e a ascensão de um pensamento económico ultraliberal.

 

Em Portugal, passava-se dos anos mais repressivos da ditadura fascista para o início do processo da democracia que conduziria ao fim da Guerra Colonial (um autêntico Vietname português) e a respectiva independência de Angola, Moçambique, Guiné-bissau, Timor Leste, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

Mas tanto aqui como lá fora, as roupas, as artes e o comportamento jovem mudaram radicalmente ao longo dos anos 70. A herança dos sessenta deu o tom nos primeiros anos, no visual e no comportamento hippie e nas artes psicadélicas. No final da década, partes significativas da juventude tinham aderido ao modo de ser soturno e agressivo do punk ou ao estilo colorido, descomprometido e hedonista na onda da discoteca e da música pop.

Foi também a época dos famosos sapatos plataforma, das calças boca-de-sino, das meias de lurex, do poliéster e dos signos do zodíaco. A moda passou a ser idealizada de fora para dentro, do povo para os fabricantes, da rua para os salões. O antigo conceito de exclusividade caducou e a massificação dominou o mercado. A criatividade aposentou o termo chic que, entre muitos outros, foi substituído por kitsch, punk, retro. A juventude era inexperiente e desconhecia o rumo a tomar - sabendo apenas que não queria obedecer aos padrões reinantes - a moda seguiu a corrente hippie. Foi a consagração da do tecido grosso, azul e desbotado que ainda hoje usamos: o jeans.

No mundo da música destacam-se grupos como Led Zeppellin, Pink Floyd, Police, Queen, Rolling Stones e o grande fenómeno do pop ABBA que vindos da Suécia conquistaram o mundo ao som de músicas como Mamma Mia, Waterloo ou Dancing Queen.

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