Se os anos 50 foram marcados pelo conservadorismo do pós-guerra e os anos
60 pela primeira invasão britânica no pop, os anos 70 abalaram todas as
estruturas.
Pode não ser exactamente o melhor período da história contemporânea para
ser visitado, mas esta década, vista à distância, teve lá os seus (muitos)
encantos.
Foi a década de uma movimentada cena alternativa, a década da
radicalização de experiências comportamentais, a década da contracultura, do underground,
dos jornais, revistas, livros e discos independentes. Foi mais uma década de
continuações do que de explosões. Uma década de revisões e ampliações, mas não
propriamente de invenções. A "Década do Eu", como já foi rotulada. Do
desejo de mudar o mundo passou-se à urgência de um encontro consigo mesmo. Para
muitos, a década do "vazio cultural"; para outros, anos alucinados e
- por que não? - divertidos.
Os anos 70 começam
quando os Beatles acabam, no rescaldo
do fim do sonho hippie. E terminam logo após o movimento punk anunciar o fim do mundo
tal como o conhecíamos. Os anos 70 trouxeram a efervescência da era da
discoteca, os filmes de catástrofe, o início da hegemonia do cinema hollywoodiano para adolescentes, os
primeiros passos do hip-hop e da música
electrónica, o auge e a morte do rock progressivo, além de um vestuário que deu uma identidade
particular a esta época. Foram factos, movimentos e estéticas que ajudaram a
enterrar definitivamente as ilusões da década de 60 e a lançar as bases do que
seria a vida a partir dos anos 80.
Foi uma década em que o mundo vivenciou a
derrocada norte-americana no Vietname, o escândalo político de Watergate, o surgimento do movimento punk, a crise do petróleo e a ascensão
de um pensamento económico ultraliberal.
Em Portugal, passava-se dos anos mais
repressivos da ditadura fascista para o início do processo da democracia que
conduziria ao fim da Guerra Colonial (um autêntico Vietname português) e a
respectiva independência de Angola, Moçambique, Guiné-bissau, Timor Leste, São
Tomé e Príncipe e Cabo Verde.
Mas tanto aqui como lá
fora, as roupas, as artes e o comportamento jovem mudaram radicalmente ao longo
dos anos 70. A herança dos sessenta deu o tom nos primeiros anos, no visual e
no comportamento hippie e nas artes
psicadélicas. No final da década, partes significativas da juventude tinham
aderido ao modo de ser soturno e agressivo do punk ou ao estilo colorido, descomprometido e hedonista na onda da
discoteca e da música pop.
Foi também a época dos famosos sapatos plataforma, das calças
boca-de-sino, das meias de lurex, do poliéster e dos signos do zodíaco. A moda
passou a ser idealizada de fora para dentro, do povo para os fabricantes, da
rua para os salões. O antigo conceito de exclusividade caducou e a massificação
dominou o mercado. A criatividade aposentou o termo chic que, entre
muitos outros, foi substituído por kitsch, punk, retro. A
juventude era inexperiente e desconhecia o rumo a tomar - sabendo apenas que
não queria obedecer aos padrões reinantes - a moda seguiu a corrente hippie. Foi a consagração da do tecido
grosso, azul e desbotado que ainda hoje usamos: o jeans.
No mundo da música destacam-se grupos como Led Zeppellin, Pink Floyd,
Police, Queen, Rolling Stones e o grande fenómeno do pop ABBA que vindos da Suécia conquistaram o mundo ao som de
músicas como Mamma Mia, Waterloo ou Dancing Queen.
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