A década começou com o Afeganistão e a perspetiva de um Vietname à russa
– ou de outro Camboja. E acabou com a queda do muro de Berlim. Fechou-se o
ciclo. A partir daqui, o mundo não vai ser o mesmo.
Um ator chegou a presidente dos EUA e a conservadora Margaret Thatcher
continuou a morar no nº 10 de Downing Street. A América Latina continuou a
ferro e fogo, sonhando com a paz. O Brasil votou, sambou e exportou telenovelas
e jogadores de futebol.
No extremo oriente continua a confusão. Na África do Sul, os negros
sonham com a liberdade de Nelson Mandela e o fim do “Apartheid”…
O mundo encheu-se de “irreais sociais” – de Cicciolina bamboleando as
suas formas na política italiana à impotência generalizada perante a crescente
ameaça da SIDA.
Foi a década do teledisco que Michael Jackson soube tão bem usar. Nunca
antes a imagem tivera tanta importância – não admira que em 1989 apareça um
grupo pop a sintetizar tudo isto numa canção: “The look” dos Roxette.
E depois houve os amigos de Alex, os saudosistas dos anos 60 unidos por
um filme de memórias. Onde está a revolta, o protesto, a vida num só dia como
cantavam os Rádio Macau? Ficou apenas a saudade dos Trovante.
Em contrapartida, chegaram os “yuppies”, bem vestidos, ricos e
deslumbrantes. E o dinheiro que fizeram em pequenas, médias e grandes aventuras.
Os 500 anos dos
Descobrimentos foram e vieram e dos “sete mares” dos Sétima Legião ficou apenas
a lembrança… para quem se lembra. O teatro Monumental foi abaixo e as Amoreiras
acima. Houve o boom do rock português
(Chico Fininho) e o crack da Bolsa.
O primeiro-ministro português, Sá Carneiro, morre em acidente de aviação,
João Paulo II visita Portugal e Portugal entra para a CEE. Inglaterra e
Argentina lutam pela posse das ilhas Malvinas e o “Muro de Berlim “ cai levando
com ele o comunismo e a Alemanha dividida.
Os anos 80 serão
eternamente lembrados como uma década onde o exagero e a ostentação foram
marcas registadas. As séries de televisão, como Dallas, mostravam mulheres
glamourosas, cobertas com jóias e por todo o luxo que o dinheiro podia pagar. Ao
mesmo tempo, os artistas realizam mega concertos para salvar África da fome e
devolver ao mundo a esperança perdida pelo pragmatismo liberal dos anos
setenta.
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