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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O elo mais fraco da crise!

Os tempos actuais são de crise económica e social. Mais uma vez, as políticas liberais são postas à prova e, à semelhança do passado, a economia volta a ter como salvador o Estado. A crise de 1929 parece que pouco ensinou à Humanidade… afinal, 80 anos depois, os mesmos erros repetem-se e a uma maior escala devido à globalização.

O capitalismo impôs-se como a assunção dos princípios democráticos adaptados à economia. Assim, a livre iniciativa, o mercado, a lei da oferta e da procura confundem-se oportunamente com a liberdade e o individualismo e esquecem a fraternidade e a igualdade.

O capitalismo neo-liberal teve o condão de reduzir a vida ao económico e reformar conceitos até então claros para as sociedades: a prostituição passou a ser um negócio onde há actrizes e profissionais do sexo; os artesãos foram convertidos em empresários; o mesmo aconteceu com os agricultores que hoje são empresários agrícolas. As cartas estão baralhadas e a sociedade confundida no meio da incerteza moral e ética.

Mas o pior defeito do capitalismo é a ganância que se revela nas empresas, na política ou na vida social. Os políticos assumem-se cada vez mais como pequenos burgueses que olham sobranceiramente o seu eleitorado. Afinal, de onde vêm eles e para onde vão depois de passarem pelos órgãos do Estado? Tornam-se administradores de empresas!

Mas a crise que foi inventada e reinventada nas noites do capital e da especulação não poupa o povo. O elo mais fraco da cadeia alimentar do capitalismo. O povo que sustenta todo o sistema é então acusado de falta de produtividade e/ou competitividade, de viver acima das suas possibilidades. Como é possível viver “acima das possibilidades” com 400 euros por mês?

A crise e o descontentamento aumentam e o povo torna-se no “rio descontrolado” descrito por Nicolau Maquiavel. Parte em busca do responsável pela crise e vai acabar por encontrá-lo no mais indefeso da sociedade: o imigrante. Ele vai acabar por ser o culpado de tirar o emprego e contribuir para o aumento da criminalidade.

A xenofobia e o racismo têm, na actualidade, terreno fértil para lançar sementes às novas gerações. No entanto, este país de emigrantes que sofre(u) na pele os males da perseguição e da insegurança, nada aprendeu com a sua experiência.

Nem todos os imigrantes imigram por razões económicas e, a esmagadora maioria, são gente séria e trabalhadora. Precisam de ser integrados na nossa sociedade que se quer cosmopolita e, por isso, intercultural. E, neste capítulo, nada se tem feito no nosso país quando nos comparamos com a Europa dos 15 e, mais particularmente, com a vizinha Espanha.

A educação é a pedra basilar desta mudança de atitude perante este nosso semelhante que não é o responsável, mas antes mais uma vítima, da crise. Portugal e, em particular, o nosso sistema educativo não está apetrechado com um observatório de convivência escolar e de educação para cidadania ao longo da vida.

Temos um largo caminho a percorrer: aprofundar a democracia promovendo a participação cívica e estimular a justiça social diminuindo o fosso entre ricos e pobres. A excelência da sociedade portuguesa e o seu reconhecimento no Mundo deveria passar pela afirmação da justiça social e da democracia fundada no reconhecimento da pessoa humana como fim único da realização das sociedades.

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