A comunicação não verbal
utiliza algumas espécies de suportes tais como o corpo, a dispersão dos
indivíduos no espaço e uma série de outros sinais que nos envolvem no dia a dia
e que nos transmitem mensagens ás quais, por vezes, não damos a verdadeira atenção e que podem,
por isso, interferir na nossa relação com o outro, nomeadamente em situações de
formação. Todo o comportamento numa situação de interação tem valor de
mensagem, ou seja é impossível não comunicar.
Este tipo de comunicação transmite
muitas vezes as intenções que as palavras não chegam a expressar. Assim, um
sorriso ou um silêncio em determinadas situações podem comunicar mais
facilmente o que sentimos, do quem simples palavras.
Comunicação Não Verbal :
Cinésica, Proxémica e Paralinguagem
A
comunicação não verbal data dos primórdios da organização social, embora tenha
sido subestimada e posta um pouco de parte. O interesse por esta, apenas surgiu
em meados do século XX, e foi a partir daí que se iniciaram os estudos
científicos.
Este tipo
de comunicação cria a coerência de um grupo de indivíduos pertencentes a uma
mesma espécie, e também uma boa qualidade de equilíbrios biológicos
interespecíficos. Devido a uma ritualização certas atitudes compreendemos como
as estruturas anatómicas, ou comportamentos adaptados ao meio físico passa a
servir de comunicação.
A
definição de comunicação não verbal não tem sido tarefa fácil, devendo este
facto estar associado a uma vasta gama de fenómenos, desde a expressão facial e
os gestos até à moda; desde a dança e o teatro até à música e a mímica, desde o
fluxo de sentimentos e emoções até ao fluxo de tráfego, e desde a
territorialidade dos animais até ao protocolo dos diplomatas.
Podemos no
entanto entender a comunicação não verbal como toda a comunicação que acontece
para lá das palavras, que apresenta pouco controlo consciente por parte dos
emissores e que varia com o padrão cultural em que nos inserimos.
A
comunicação não verbal desempenha várias funções que ajudam o ser humano a
comunicar. Desta forma podemos encará-la como o principal meio de expressão e
comunicação dos aspetos emocionais., como meio primário e privilegiado para
assinalar mudanças de atitude nas
relações interpessoais. Podemos vê-la também na apresentação do Eu e do seu
corpo, pois, dá uma imagem de si mesmo ao mundo que o envolve, e principalmente
como um apoio e complemento à comunicação verbal. Se nos lembrarmos que toda a
comunicação tem um conteúdo e uma relação, podemos esperar que os dois modos de
comunicação não só existem lado a lado mas que se complementam em todas as
mensagens.
Cinésica (body language)
A cinésica
integra o campo dos movimentos corporais. Nenhum movimento ou expressão
corporal é destituída de significado no contexto em que se apresenta e por
conseguinte estão sujeitos a uma análise sistemática.
Esta estende-se
por cinco áreas de estudo que são: o contacto visual, os gestos, as expressões faciais, a postura e
os movimentos da cabeça.
Assim
como exemplos cinésicos temos uma série de expressões e movimentos que nos
transmitem informações sobre os indivíduos, que podem ir desde um sorriso, à
maneira como uma pessoa nos aperta a mão.
Contacto visual
A frequência, a duração e a
ocasião de um olhar são fatores que permitem enviar mensagens
sobre o relacionamento entre duas ou mais pessoas. Ao estabelecermos contacto
visual com o outro, ele irá de alguma forma sentir-se implicado pessoalmente,
ao mesmo tempo que podemos eliminar uma conversa, eliminado o contacto visual.
Manter o contacto visual, não
significa fixar visualmente o outro de uma forma continua, uma vez que isso
poderá tornar-se incomodativo. Para isso existem umas normas que devemos ter em
conta relativamente aos contactos visuais. Ao estabelecermos contacto visual a
dois, o contacto pode ir de 5 a
15 segundos sensivelmente, enquanto que em grupo o referido contacto deverá ser
mantido por 3 a
4 segundos por pessoa, percorrendo todo o grupo.
Um olhar transmite uma série de comportamentos, desde demonstrar um
comportamento passivo através de um olhar fugido e evasivo, ou um olhar direto
e terno que pode indicar benevolência, entre outros.
Gestos
Um dos aspetos mais importantes do comportamento não verbal é o da
gestualidade. O comportamento motor de um indivíduo possuiu uma grande
expressividade. Podemos caracterizar os gestos em cinco categorias, que são : gestos simbólicos ou emblemas,
gestos ilustrativos, gestos indicadores de estado emocional, gestos reguladores
e por fim os gestos de adaptação.
Como gestos de simbólicos, podemos entender todos os sinais
que são emitidos intencionalmente, e que possuem um significado específico
capaz de ser traduzido diretamente por palavras. Ao apontarmos para alguma
coisa. É um exemplo ilustrativo.
A todos os movimentos que a maioria dos indivíduos utiliza no decurso da
comunicação verbal, e que ilustram o que se vai dizendo, damos o nome de gestos
ilustrativos.
Aos gestos indicadores de aspetos emocionais, são atribuídos todos
aqueles que transmitem ansiedade e tensão, e que podem produzir modificações
que conseguem ser reconhecidas nos movimentos dos indivíduos. Como por exemplo
um punho fechado em sinal de ira
Quando se conversa, existem gestos que servem para manter o fluxo da
conversação, indicando a quem fala se o interlocutor está interessado ou não,
se deseja falar, ou interromper a comunicação. A este tipo de gestos damos o
nome de gestos reguladores.
Ao toque de um telemóvel, sem darmos por nada, estamos logo a colocar a
mão no bolso, para ver se por acaso é o nosso que está a tocar. Estes gestos,
como muitos outros no nosso quotidiano, são gestos não intencionais, pois já os
usamos sistematicamente porque já aprendemos a sua utilidade e constituem parte
do repertório de um indivíduo. A estes gestos, associamos os movimentos do
corpo durante uma interação e damos o nome de gestos de adaptação.
Expressões Faciais
O canal
privilegiado de expressar as emoções é o rosto. Todos nós temos uma série de
máscaras faciais que utilizamos consoante aquilo que queremos transmitir.
As
expressões faciais desempenham diversas funções, tais como, expressão das
emoções e das atitudes interpessoais, o envio de sinais inerentes à interação
em curso e a manifestação de aspetos típicos da personalidade de um indivíduo.
Postura
Um dos
aspetos importantes da comunicação não verbal é a postura. Esta designa os
modos de nos movimentarmos, sendo algo que se vai adquirindo com o tempo e com
os hábitos. Este sinal, é em grande parte involuntário, mas pode participar de
forma importante no processo de comunicação. Em todas as culturas existem
muitas formas de estar deitados, sentados ou de pé.
Existem
posturas variadas que correspondem a situações de amizade ou de hostilidade,
bem como posturas que indicam um estado ou condição social, entre outros.
Movimentos da Cabeça
Importantes
indicadores sobre o andamento de uma interação, são os movimentos de cabeça.
Os acenos de cabeça são sinais não verbais muito rápidos, se bem que
aparentemente descortináveis.
Um
aceno de cabeça de quem ouve é entendido por quem fala como um sinal de atenção
e, por isso, desempenha neste um pape de reforço, pois encoraja a sua
continuação, bem como é uma recompensa para o comportamento precedente.
Proxémica
O termo proxémica define o conjunto
de observações e das teorias referentes ao uso do espaço na comunicação pelo
homem. A maneira Como um indivíduo estrutura o seu micro- espaço é de forma
inconsciente, sendo esta uma questão sempre relacionada com a situação, o
ambiente e a cultura.
Existem três níveis proxémicos que
são eles:
O Infracultural, que se refere ao comportamento e está
enraizado no passado biológico do ser humano.
O Pré- cultural, que é fisiológico e pertence
essencialmente ao presente.
O microcultural, é onde se situa a maior parte das
observações proxémicas. Podemos distinguir aí três aspetos do espaço, conforme
este apresente uma organização rígida, semi- rígida e informal.
Espaço de organização rígida.
Compreende aspetos materiais, ao
mesmo tempo que as estruturas ocultas e interiorizadas que regem as deslocações
do homem no planeta, consistindo assim em disposições estruturais inalteráveis
em torno de nós.
Espaço de organização semi- rígida.
É o
modo como são dispostos os obstáculos moveis, assim, a maneira como colocamos
os nossos objetos, os lugares onde os dispomos, dependem de modelos
microculturais que não só representativos de amplos grupos culturais, mas
também dessas variações que cada indivíduo introduz na sua cultura e que o
torna único.
Espaço de organização informal.
É o
território pessoal em trono de um indivíduo, este espaço determina a distância
entre indivíduos ou seja, compreende as distâncias que observamos nos nossos
contactos com o outro.
Neste espaço existem quatro
distâncias desiguais:
Distância Intima (15 a 50 cm)- Esta distância é
reservada a um número limite de pessoas, permite contactos diretos corpo a
corpo, bem como percecionar uma série de características da outra pessoa, tais
como temperatura corporal, odores, respiração...
Uma situação radical será a de um transporte
público, onde as pessoas são colocadas em relação de proximidade, normalmente,
consideradas intimas com estranhos. Mas os utentes dispõem de armas defensivas
permanecendo imóveis tanto quanto possível, ficando os músculos das zonas de
contacto contraídos.
Distância Pessoal (40 cm a 1,2 metros) – é a
distância de relacionamento entre amigos mais íntimos e casais, pois permite
conversar à vontade. Podemos imaginar esta distância sob a forma de uma pequena
esfera protetora. Refere-se mais ou menos à distância do comprimento do braço.
Distância Social (70 cm a 4 metros) – esta
distância é considerada como o limite do poder sobre outro. Os pormenores do
rosto já não são percetíveis e ninguém se toca. Esta é a distância recomendada e que é útil para se
manter contactos pessoais.
Distância Pública (4 a 9 metros) – Serve
quando não nos queremos envolver pessoalmente, situa-se então fora do círculo
imediato de referência do indivíduo. Impõem-se geralmente às personalidades
oficiais.
O homem, tal como os animais,
serve-se dos seus sentidos para diferenciar as distâncias e os espaços. A
distância escolhida depende das relações interindiviuais, dos sentimentos e
atividades dos indivíduos envolvidos na situação. Daí a necessidade que existe
em estarmos atentos a estas situações no contexto da formação, dado que a forma
como utilizamos o nosso espaço e o dos outros transmite diferentes significados
e o modo de relação que pretendemos estabelecer.
Paralinguagem
A
paralinguagem é um conceito que se aplica às modalidades da voz(modificações de
altura, intensidade, ritmo,...) que fornecem informações sobre o estado
afetivo do locutor, e ainda outras emissões vocais tais como o bocejo, o riso,
o grito, a tosse....
A qualidade da voz e as vocalizações que
emitimos durante a fala dividem-se em quatro índices paralinguísticos:
- Qualidade
de voz, que inclui a altura do tom de voz, a qualidade da articulação e o
ritmo.
- Caracterizadores
vocais, que são sons bem reconhecíveis tais como o riso, o suspiro, o choro, o
bocejo, o grito...
- Qualificadores
vocais, que incluem a maneira como as palavras são proferidas, tais como a
intensidade, o timbre e a extensão.
- Secreções vocais, incluem os sons que
contribuem para o fluxo da fala e que não sendo considerados palavras comunicam
alguma coisa: “hum”, ou “ahn”, ou “hem”, pausa e outras interrupções de ritmo.