Diz-se, e até se escreve em capas de livros, que “não há coincidências”. Já sabemos que esta maioria PSD no concelho de Caminha é useira e vezeira - fruto de malabarismos, estratégia e tabus – em criar coincidências. Inexplicáveis ou, se preferirmos, com explicações muito óbvias… basta querer ver.
Coincidência número um:
Todos conhecemos o slogan, explicando uma mudança que, a senhora Presidente da Câmara de Caminha, resolveu utilizar. Diz que “a mudança tem um nome”. Por acaso, nas minhas andanças, já me tinha deparado com outro igualzinho, letra por letra (mudava o nome do protagonista, claro), da também candidata do PSD à Câmara Municipal do Montijo, uma tal Lucília Ferra, vereadora desse município que foi derrotada há quatro anos.
O actual candidato do PSD à Câmara de Gondomar, também ele derrotado há quatro anos, afirma no seu cartaz: “a mudança tem um rosto”. Este senhor, de nome Rui Quelhas (como Lucília Ferra), quer dizer com esta frase exactamente o contrário da colega caminhense, Júlia Paula Costa!
Mas, a mesma frase, foi escolhida pelo actual presidente e candidato do PSD à Câmara Municipal de Penafiel. O nome do protagonista, desta vez, é Alberto Santos e que também garante que “a mudança tem um rosto”, neste particular, o seu.

Coincidência número dois:
Mas o “rosto” de Alberto Santos, uma confusão de “azul” sobre fundo “azul” lembra-nos algo. Pois claro, este autarca foi um dos convidados da Agenda Setting - a tal empresa de Lisboa tão “cara” a Júlia Paula e tão dispendiosa para todos nós - como orador numa acção de Marketing Político sobre como ganhar eleições. Tendo, inclusivamente, posado ao lado director desta empresa de comunicação!
Recordamos ainda que esta acção de formação foi muito discutida por cá, dada a ligação desta empresa à Câmara de Caminha, a saber: a existência de contratos milionários entre as duas organizações; e a inusitada presença, na dita acção, de um funcionário da autarquia caminhense (Marcos Fernandes) que, em dia de trabalho e em funções notoriamente políticas, fez questão de estar presente. O problema é que sendo, ao que parece, psicólogo, estaria completamente desenquadrado das funções técnicas a que está obrigado um funcionário municipal.
Estas presenças traduzem-se em mais uma estranha coincidência, convenhamos: slogans praticamente iguais, ligações à mesma empresa e tudo do PSD!...
Coincidência número três:
Acedendo a um computador abrimos a página da empresa e lá estava o presidente/candidato Alberto Santos – o mesmo sorriso e o seu currículo confirmando a condição de autarca penafidelense. Mais uma coincidência confirmada.
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O que já não estava na página era o comentário de Marcos Fernandes que, na altura, havia registado para memória futura não só a sua presença na tal acção de formação como a sua importância, recordemos: “Quatro painéis interessantes, com oradores de grande qualidade e boa organização. Bom trabalho” (datado de 18 de Março deste ano, quarta-feira, em horário de trabalho pago por todos nós, munícipes de Caminha).
Seria coincidência? Pois claro, os vereadores do Partido Socialista interpelaram a presidente, em reunião do Executivo, sobre esta - e outras coincidências - entre a sua campanha eleitoral e a Agenda Setting.
Numa bizarra coincidência, o comentário de Marcos Fernandes, desapareceu… esfumou-se! Não o tivéssemos nós registado para a posteridade - que as impressoras servem para isso - e seria uma coincidência a menos! Assim sendo, é a somar, é mais uma.
Coincidência número quatro:
O mesmo Marcos Fernandes é filho de Carlos Fernandes, o candidato do PSD derrotado há quatro anos pela população da freguesia de Caminha-Matriz, através do voto popular no Partido Socialista.
Diz-se por aí que, Carlos Fernandes, não queria correr novo risco de derrota e quase bateu o pé à indigitação para nova candidatura. Quase, porque o PSD/Caminha andou atrás de toda a gente possível e imaginária e parece que não achou melhor. Logo, quisesse ou não, Carlos Fernandes teria sido “convocado” a dar a cara pelo PSD.
É que, convém lembrar, Carlos Fernandes além de pai de Marcos é também fornecedor de serviços à Câmara Municipal de Caminha. Podia ficar mal visto se não aceitasse o “convite” e consequentemente arriscar-se a perder os negócios com o Município. Ora, “perder dinheiro é que não”, terá pensado!
Além disso, não é reconhecida ao putativo candidato a capacidade de dizer “não” à presidente pelo que bate certo a escolha entre obedecer ou obedecer. É mais uma coincidência.
Coincidência número cinco:
Rememorando, ainda com mais veemência, recordamos as coincidências evocadas pelo Partido Socialista a propósito da eventual ligação da Agenda Setting, empresa paga pela Câmara de Caminha, à campanha da senhora presidente.
Às numerosas coincidências, elencadas na devida altura, somam-se agora: a dos slogans, por acaso, todos praticamente iguais; por acaso, todos de candidatos do PSD; por acaso, em duas das situações, de candidatos que, de uma forma ou de outra, têm ligações à Agenda Setting (Penafiel, como explicámos, e Caminha, que tem com a empresa de Lisboa dois contratos no valor de 70.360 euros, mais de 14 mil contos na moeda antiga, que vamos a ver se são renovados este ano, por coincidência) … E isto é o que é público nas Contas de 2008!
Coincidência número seis:
Seja como for, a senhora presidente ainda não respondeu às perguntas dos vereadores do Partido Socialista colocadas em reunião do Executivo. E a gravidade da situação é o incumprimento da lei que determina o prazo legal, dado à presidente da câmara, para responder à oposição. Esse prazo já se esgotou. Julga-se Júlia Paula acima da Lei? E, por se julgar acima da Lei, teima em manter esta postura antidemocrática? Terá, por maquiavélica coincidência, esquecido responder às questões?
Recordamos as perguntas dos vereadores socialistas:
Senhora presidente:
1 - O que fazia o senhor Marcos Fernandes, psicólogo, funcionário da Câmara Municipal de Caminha, em dia de trabalho (18 Março), numa acção que decorria no Porto, sobre como ganhar uma eleição, promovida por uma empresa que, por coincidência, tem contratos milionários com a Câmara de Caminha?
2 – Porque guardou segredo até agora, ou até ao lançamento da sua candidatura, sobre a existência de um canal-fantasma, o “Canal da Câmara Municipal de Caminha”?
3 – Porque não existe (passou a existir dias depois), na página da Câmara, um link para este canal, mas existe a partir do canal da sua candidatura?
4 – A Câmara contratou a empresa Agenda Setting para fazer exactamente o quê?
5 – Que trabalhos foram realizados, concretamente e até á data de hoje, pela empresa Agenda Setting?
6 – Que montante exacto foi pago pela Câmara de Caminha, até à data de hoje, a esta empresa de Lisboa?
7 – Que montante está já facturado (para além do que foi pago)?
8 – As deslocações de (e para) Lisboa, hotéis, eventual aluguer de veículos, refeições etc. estão previstos e incluídos nos contratos que foram celebrados ou são pagos à parte?
9 – Quais foram as empresas consultadas, para ambos os contratos, e que critérios à escolha desta empresa?
10 – A contratação desta empresa – que já recebeu muitos milhares de euros – em vésperas de eleições, tem ou não a ver com a sua própria campanha eleitoral?
11 – É a Agenda Setting, por coincidência, a empresa responsável pelo “Canal de Candidatura de Júlia Paula Costa à Câmara Municipal de Caminha – Autárquicas 2009”?
12 - Se não, qual é o nome da empresa responsável pelo “Canal de Candidatura de Júlia Paula Costa à Câmara Municipal de Caminha – Autárquicas 2009” e pela restante produção de Marketing?
13 – Está a Câmara Municipal de Caminha a pagar a campanha eleitoral do PSD?
14 – Acredita em coincidências?
Com tantas coincidências, começamos a ser tentados, por coincidência, a acreditar em bruxas!...