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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Um Natal diferente…

Mais um ano se cumpre a tradição de celebrar o nascimento do Menino Jesus que, pelo menos por um dia, une o espírito dos homens em volta dos valores da solidariedade, da paz e do amor. É pena que o Natal não seja todos os dias!
Para o nosso concelho este é um Natal diferente. Nesta quadra, existem cerca de duas centenas de pessoas que perderam o seu emprego na indústria têxtil. É o resultado do encerramento desta unidade fabril. Vimos lágrimas de incerteza nos rostos de alguns trabalhadores preocupados com o futuro e com as responsabilidades que têm de assumir todos os meses.
Caminha está a transformar-se no cemitério empresarial do distrito de Viana do Castelo. Este é o resultado da inexistência de uma política de desenvolvimento económico para o município. É fácil, barato e até eleitoralmente rentável “fazer flores” aqui e ali. Difícil é governar a sério, sem medo de calendários eleitorais e de assumir responsabilidades. A nossa autarquia não consegue atrair empresas ao contrário dos concelhos de Viana do Castelo e de Vila Nova de Cerveira.
Contrariamente ao que seria de esperar, alienou a sua participação na indústria eólica com o único intuito de ter mais dinheiro para gastar. De que serve a quem ficou desempregado uma piscina ou uma inauguração com champanhe e caviar? Onde está a presidente da Câmara de Caminha agora? Muitos autarcas estariam atentos há meses, a fazerem todos os esforços para que a empresa não fechasse. Isso é servir a população!
Este é um Natal triste porque pagamos a água mais cara… um aumento da gestão do município liderado por Júlia Paula que não abdica da medida errada que adoptou dado que se vive pior em Caminha. Há fome, há frio, há exclusão no concelho!
A esta gestão municipal pede-se, que em mandato de despedida, coloque em primeiro lugar as pessoas. Não se pode gastar mais que aquilo que se tem. Endividar o município não é bom… nunca foi bom dever alguma coisa a alguém. O certo é que com esta administração, entre festas, fados e foguetes nos passaram a imagem de que governar era fazer passeios… e alguns acreditaram. Governar é muito mais que isso, é garantir aos eleitores a sua sobrevivência em primeiro lugar e ela depende de ter emprego. Quanto mais emprego houver menos cabazes se terão que distribuir no Natal!
Aproveitamos este artigo para sugerir à autarquia que se coloque no terreno e explore todas as opções para manter esta unidade a laborar. Inclusivamente, visto que os trabalhadores afirmam que a empresa tem viabilidade, a possibilidade de os funcionários gerirem a empresa. Da nossa parte cedemos solidariamente o dinheiro dos nossos impostos para servir as pessoas a recuperarem o seu emprego e a viverem com dignidade sustentando-se do seu trabalho.
Também é preciso que o município de Caminha seja informado das razões deste encerramento pois esta empresa recebeu apoios públicos, como foi noticiado, para permanecer na nossa terra. A culpa não é só do momento de crise pois existem indústrias têxteis que funcionam e resistem à crise.
Esperemos que a Câmara de Caminha mude a sua postura e comece a olhar para o concelho com visão política, democrática, estratégica, responsável e competente. Nós avisámos em artigos anteriores que fazer obras qualquer político faz. Hitler, Estaline, Saddam, Salazar são alguns casos que podemos estudar e verificar que conduziram os seus países à ruína moral, política e económica. Mas lá que eram “adorados”, no seu tempo, lá eram.
Há que colocar um ponto final no folclore e começar a derrubar os verdadeiros inimigos do concelho de Caminha: esperança média de vida inferior a Melgaço, dívida da autarquia, desemprego e deficit democrático.
Fazemos votos que este Natal coloque no sapatinho dos cerca de duzentos funcionários da Regency o regresso ao emprego, à independência e à qualidade de vida.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Tempo de mudar a escola e o curso da nossa história!

“As palavras descrevem as realidades da vida humana.
Mas têm também o poder de criar e modelar essas realidades.
As palavras dos poderosos pesam mais que as palavras dos débeis.
Na realidade, muitas vezes os débeis descrevem-se a
si mesmos com as palavras alcunhadas pelos poderosos.” (Berger, P.: Pirâmides de Sacrifício. Sal Terrae, Santander, 1979, p.21)



A educação para os Direitos Humanos está a celebrar os seus sessenta anos de existência e decidimos, por isso, fazer uma reflexão sobre este tema coincidindo com uma época do ano em que todos nós recordamos o espírito solidário e fraterno.
A sociedade actual, depois da invenção do relógio e da electricidade, passou a estar aberta vinte e quatro horas por dia tornando-nos escravos do tempo e da produtividade. Nunca na história da humanidade houve tanta riqueza e, ao mesmo tempo, um mal-estar generalizado dos cidadãos impotentes perante as instituições. Afinal, o dito desenvolvimento entendido como progresso social promotor do bem-estar e qualidade de vida, desembocou numa desilusão espelhada no desemprego, na desigual repartição do lucro, no aumento das doenças do foro psiquiátrico e nervoso, na droga, no crime, na solidão e na troca da realidade pela felicidade virtual oferecida pelas telenovelas e a internet. A sensação de déja vu parece fazer esmorecer o Homem e que Fukhuyama e seus seguidores sintetizam na afirmação de que “a História acabou… já não há mais nada”.
Nesta sociedade atemporal e anómica - alicerçada no parecer em vez do ser - e que trocou a palavra de honra pelo dinheiro começamos todos a sentir medo. Medo de morrer, de andar na rua, pelos nossos filhos… consumindo toda a nossa vontade de viver em liberdade e na felicidade. Parece que “por trás de uma utopia terá que haver sempre outra utopia” (Bakunine) mas, a nossa história, tem sido construída de sonho em sonho, desse ideal que comanda a existência.
Mas o que fazer para tornar o mundo mais justo? Investir na educação para a cidadania pois não nascemos cidadãos, fazemo-nos cidadãos. Compreendemos que é mais fácil fazer um cidadão na Europa que em África, o que não impede que comecemos a trabalhar já. É preciso que as nossas escolas ensinem valores aos nossos filhos. Que valores? Os valores universais consagrados na Declaração dos Direitos do Homem.
As decisões políticas têm falhado porque relativamente à educação, a maioria dos políticos não tem competências e conhecimentos nesta área. São mal formados. Por outro lado, a sociedade actual parece ter dificuldades em identificar os limites normativos que devem enformar a vida em comunidade tendo como consequência a alienação do indivíduo pelos valores do serventilismo e do paternalismo. Não pensar em realizar-se como cidadão mas sim como um escravo da vontade alheia.
Vivemos na obrigação de não dar opinião, mais uma vez pelo medo de perder qualquer coisa: o emprego, os amigos, a posição social… o que vão pensar de nós se decidirmos participar numa campanha política? Veja-se, a título de exemplo, o que se tem passado no concelho de Caminha.
É bom que reconheçamos que há muito a fazer pelos Direitos Humanos para que a sociedade do século XXI faça vingar os valores da paz, da igualdade, da justiça, do trabalho, da liberdade… Todos temos responsabilidades e não devemos olhar o sofrimento dos outros como um problema alheio mas como uma dificuldade da comunidade que urge resolver.
À semelhança de José António Caride acreditamos que “ainda na incerteza, assumimos que não basta saber fazer ou saber ser. Além disso, é preciso reconhecer-se e saber-se, pessoal e colectivamente, como actores de uma História que ainda não acabou: partícipes da tomada de decisão, na interpretação dos desequilíbrios sócio-ambientais, no que fazer cívico, na determinação dos estilos de vida… Tarefas às quais a educação é chamada a restabelecer muitos dos seus significados perdidos e, se possível, a aceitar desafios que ampliem o seu protagonismo no desenvolvimento humano”.
Se a decisão política for no sentido de construir uma escola investindo na formação cívica dos professores em vez de imbróglios burocráticas que, mais uma vez, estimulam o medo e geram a desconfiança nas instituições então teremos esperança numa nova sociedade.

sábado, 14 de novembro de 2009

“Sabura é lá na nos terra Cabo Verde”

O nosso concelho tem, ao longo dos últimos anos, vindo a acolher centenas de jovens provenientes do arquipélago de Cabo Verde. Deslocados do seu país natal procuraram as nossas escolas a fim de lhes ser proporcionada uma educação diferente e uma perspectiva mais universal das sociedades modernas. Porém, muitas vezes, as comunidades de acolhimento reagem de forma menos humanista à integração destes novos actores no seu sistema social. O presente artigo pretende contribuir para uma reflexão mais profunda da nossa comunidade, muito marcada pela emigração, sobre as exigências se uma sociedade mais global que exige uma vivência cada vez mais intercultural.
Ao longo da História, o Homem, procurou sempre encurtar as distâncias que o separavam. Inicialmente, foi a procura da segurança junto de seres da mesma espécie, depois a procura dos melhores locais para se instalar (terras férteis, seguras e com água) e, por último, as trocas comerciais.
Desde muito cedo, se verifica que os recursos são escassos e que as necessidades humanas tendem a superar os ciclos naturais de produção/reprodução. Daí a demanda de novos territórios, mundos e experiências.
A sociedade actual, fundada mais nos primados da economia de mercado impõe severamente o poder do dinheiro e do lucro. Agora não estamos perante uma tribo que guerreia com outra pelo acesso à terra… o dinheiro compra essa terra! Tudo é negócio e tudo é negociável. O dinheiro é um factor de divisão (entre ricos e pobres) e de discriminação (acesso a uma vida com mais qualidade, mais saúde, mais justiça, mais cultura…).
Por outro lado, existem países que não se libertaram das amarras do despotismo, do fundamentalismo religioso, da opressão das mulheres, da falta de liberdade de expressão, ou seja, onde não existe o respeito pelos Direitos Humanos. As suas populações vivem oprimidas, perseguidas e completamente manietadas pelos detentores do poder que as impedem de viver com dignidade.
Existem também países que, vivendo em paz e com uma economia razoavelmente boa, não oferecem aos seus nacionais aquilo que os realiza: pode não haver emprego na área específica da sua formação no país de origem; as empresas mais competitivas e tecnologicamente mais desafiadoras estarem noutras paragens; outras pessoas, podem simplesmente querer mudar completamente a sua vida e reiniciá-la noutro ponto do globo.
A globalização tornou ainda o mundo mais pequeno: a sociedade abriu-se vinte e quatro horas por dia; as distâncias deixaram de ter quilómetros e passaram a ser medidas em tempos (cada vez mais curtos); a televisão e a internet tornaram-se uma autêntica montra de luxo onde se podem encontrar os artigos que melhor servem os interesses de cada um. O mundo da imagem, do sonho, da felicidade instantânea, da realização fácil mesmo ao pé da porta desperta, mais uma vez, os genes “nómadas” do ser humano que, como sempre o fez ao longo da sua história e independentemente da cor, parte à procura do seu éden.
Ser europeu deixou, há muito de ser uma marca de atributos físicos e passou a ser uma questão de nacionalidade. Ser nacional significa o acesso ao sonho de origem do imigrante que partiu corajosamente em sua perseguição.

domingo, 8 de novembro de 2009

Unir a cidadania contra a delinquência … pelo nosso turismo e segurança!



A Federação Internacional do Automóvel divulgou, no final do passado mês de Setembro, um estudo sobre as preocupações dos portugueses na hora de escolher o seu destino de férias. Dos resultados, divulgados no "Dia Mundial do Turismo", conclui-se que - numa escala de zero a dez - a segurança (9,3), a qualidade da água e das praias (8,9) e a beleza natural (8,8) são os três factores que os turistas têm em conta aquando da escolha do seu destino de férias.

Vila Praia de Âncora, infelizmente, ainda não conseguiu resolver os seus problemas ambientais relativamente à qualidade da água embora disponha de uma beleza natural única. O que, por si, afasta os turistas que procuram qualidade e que estão disponíveis para gastar dinheiro durante as suas férias.

A nossa terra luta há décadas pelo reconhecimento de destino turístico de grande importância no contexto da região norte de Portugal e da Galiza. Mas, essa honra tarda em chegar, não só por culpa da falta de exigência dos ancorenses mas também pela fraca qualidade dos responsáveis políticos que, ao longo dos anos, têm gerido os interesses desta vila. Para além da natureza nada mais há a acrescentar a esta terra que parece um estaleiro em permanente actividade e onde os operários teimam em não acertar de vez com a qualidade final do produto.

No entanto, desde há uns anos a esta parte, veio juntar-se a este outro problema maior: a insegurança. Fenómeno multiforme, que envolve uma complexidade de conflitos e comportamentos, a violência tornou-se um drama, associado as causas predominantemente sociais, que assume contornos e dimensões preocupantes na nossa comunidade. O medo gerado pela violência amputa a vida social e isto repercute-se na mobilidade das pessoas, não apenas alterando os roteiros quotidianos, mas influenciando também as viagens e o turismo.

Neste contexto, pode-se dizer que a segurança pública constitui-se um elemento indissociável da rede de ofertas e serviços imbricados ao atendimento turístico, representando-se como um factor importante e condicionante da imagem de Vila Praia de Âncora como destino turístico. Quando o destino turístico começa a incorporar vulnerabilidades, o turista antevê riscos e tende a mudar a sua rota. Num mundo regido pela insegurança, pelo medo da violência, qualquer sinal de instabilidade pode resultar na rejeição a um determinado destino.

Já não basta a crise, a falta de qualidade da nossa água para agora assistirmos a um desconcertante flagelo social que transformou a paisagem humana ancorense. De terra de gente pacata e acolhedora passamos a ver jovens, organizados em bandos, que circulam suspeitosamente por locais que todos identificamos manifestando uma atitude agressiva e comportamentos pouco civilizados.

Infelizmente e como todos constatamos, verificam-se roubos, vandalismo, tráfico e consumo de estupefacientes, agressões e muito desrespeito pelos outros e pelo espaço público como local de convívio e de tolerância.

A nossa terra tem duas estações que outrora eram símbolo da sua importância demográfica, turística e comercial. Passados estes anos e com uma população residente muito maior verifica-se o encerramento da estação e o definhamento progressivo do nosso apeadeiro.

Um apeadeiro por onde passam diariamente centenas de pessoas e que é caracterizado por uma construção completamente vandalizada, onde se agrupam jovens para consumir e negociar e onde até agressões e furtos têm frequência garantida. Toda a gente sabe mas, ao que parece, todos consentem!

É preciso que alguém se dedique a estes jovens e os ajude a encontrar um caminho seguro para eles e para todos nós. Um trilho que se cruze com a paz e a tolerância. Resolver os problemas da exclusão social e dos estupefacientes solucionará muitos dos problemas de segurança que se verificam por cá.

Já que a nossa classe política parece alheada deste fenómeno cabe à cidadania sair à rua e manifestar-se publicamente em favor duma comunidade mais segura onde os nossos carros, as nossas casas, os negócios, as empresas e até a nossa integridade física e moral estejam devidamente acautelados como consagra a nossa Constituição.

A manifestação cívica é uma marca das sociedades que perderam o medo e que saiem à rua contra o crime, veja-se o caso dos nossos vizinhos espanhóis ou de outros movimentos que, por esse mundo fora, lutam pacífica e democraticamente pela paz e a segurança de todos.

sábado, 17 de outubro de 2009

Obrigado, Senhor Armando!

Nestas eleições autárquicas, assistimos à saída de cena da política local de um dos servidores da coisa pública que sempre admirámos, o Sr. Armando Joaquim Pires, Presidente da Junta de Freguesia de Gondar.
Conhecemos o Sr. Armando há mais de duas décadas e queremos, no artigo de hoje, homenagear publicamente a sua pessoa e o trabalho que realizou ao longo dos seus mandatos à frente da Junta de Freguesia de Gondar que, sempre com muito orgulho, levou no seu discurso e na sua obra.
Ao longo dos anos, conhecemos o homem educado e aparentemente tímido que, pela sua simplicidade, conquistava o espírito daqueles que com ele privavam. A sua humildade nunca passou despercebida àqueles que, concordando ou não, disputaram ideias e projectos políticos. O seu respeito pela dignidade humana e as preocupações que sempre manifestou com as desigualdades e a exclusão social (principalmente dos idosos e das crianças) acabou por se traduzir num discurso jovial, de esperança e de desenvolvimento para a terra que sempre representou.
Como referimos, o Sr. Armando, é um homem de poucas palavras mas que domina a prosa como poucos porque nos fala directamente do seu ao nosso coração. Nunca precisou de esconder o que pensava pois o seu combate foi sempre a luta pelo desenvolvimento e o bem-estar daqueles que, ao longo dos anos, lhe deram a confiança da gestão da sua terra.
Homem sempre magnânime, soube escolher a altura de se retirar… teve a categoria e a iluminação – que muitos esquecem – de reconhecer que, em democracia, o poder não deve ser estático e personalizado. Assim, nestas eleições, decidiu que estava na hora de deixar a freguesia escolher um novo líder e retirar-se para um descanso bem merecido.
Deixou-nos o modelo do autarca deste século que acabou de começar porque foi um visionário, um lutador e um democrata. O político que conhecemos soube sempre respeitar e trabalhar em equipa com as oposições, tendo sempre defendido os seus colegas autarcas (fossem ou não da sua cor partidária).
A sua retirada exemplar completa a sua imagem humanista comprometendo o seu sucessor José Manuel Cunha. Lembramos aqui Montesquieu que afirmava que “é indispensável compensar a grandeza do poder pela brevidade da sua duração”. Outros presidentes de junta houve, nestas eleições, que não tiveram iluminação suficiente para saber sair com a dignidade que o desprendimento do poder nos dá. Como sempre foi, igual a si próprio, o Sr. Armando retirou-se calmo mas decidido… tal como nos habituou.
Neste artigo, manifestamos publicamente a nossa admiração e estima por este lutador incansável pela melhoria das condições de vida dos gondarenses e do vale do Âncora. A distância temporal conduzir-nos-á ao julgamento justo da história da nossa terra e do papel que um homem simples - mas determinado - teve no desenvolvimento da sua freguesia.
Obrigado, Sr. Armando!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Uma lufada de ar fresco.




O famoso sociólogo francês de finais do século XX, Pierre Bourdieu, escreveu um dia que “não há melhor maneira de conhecer uma pessoa que ouvir o que diz dos outros”. A frase é deveras feliz pois, quanto mais conhecemos a natureza humana, mais nos convencemos do realismo deste pensamento.
Chegou finalmente o grande momento para a escolha dos novos gestores do município de Caminha e, agora que a campanha começou, muito se vai ouvir sobre os candidatos à autarquia. Umas coisas serão ditas corajosamente na frente de centenas de apoiantes e outras serão covardemente lançadas sob a forma de boato. A isso fomos habituados ao longo dos últimos actos eleitorais.
O principal partido da oposição (e único em condições para proporcionar a alternância democrática), o Partido Socialista, aparece completamente renovado demonstrando uma juventude com capacidade de intervenção cívica e coragem política. Este partido conseguiu regenerar-se e preparar uma nova geração, nascida no concelho, imbuída de um espírito de equipa e com gente tecnicamente habilitada para assumir a gestão da coisa pública.
Júlia Paula e o PSD já mostraram aquilo que são e a sua incompetência: 1) como presidente da câmara, Júlia Paula, é incapaz de trabalhar com os seus colaboradores sem se zangar. Da equipa de 2001 só ela resta em lugar elegível. Os outros foram despedidos (Humberto Domingues, Bento Chão) ou arrumados (Irene Pacheco e Paulo Pereira); 2) revelou sempre uma enorme dificuldade em trabalhar com os que pensam diferente apelidando-os muitas vezes de falta de elevação. Onde já ouvimos isto? Ah, sim… à líder do PSD nacional que se julgava dona da verdade; 3) revelou sempre um enorme cinismo no relacionamento com os munícipes por não ser capaz de tratar os seus concidadãos de forma igual. Muitos foram perseguidos por discordarem das suas ideias e, por isso, incomodados pelos serviços municipais só para que fosse demonstrado que ela tinha poder para arranjar algum “rabo de palha” ou um “telhado de vidro” por aí; 4) foi Júlia Paula que aumentou o preço da água e agora vem falar em crise; 5) foi Júlia Paula que nos colocou uma taxa do lixo e agora nos vem falar de combater a pobreza; foi o PSD que deixou, nos últimos quatro anos que o nosso concelho perdesse meio milhar de habitantes e mais de mil nos últimos oito; foi com Júlia Paula que o concelho de Caminha conheceu mais desemprego e menos desenvolvimento; foi com Júlia Paula que os passeios mal feitos passaram a chamar-se eco-vias; foi com Júlia Paula que o caos urbanístico continuou com prédios a nascer em qualquer canto e esquina; foi com Júlia Paula que funcionários camarários foram incomodados; foi com Júlia Paula que os representantes das freguesias foram parar ao tribunal por se manifestarem; foi com Júlia Paula que o património do município foi delapidado como o caso da alienação da participação nas eólicas; foi também com ela que Vila Praia de Âncora nunca mais teve Bandeira Azul; isto para não falarmos do endividamento municipal!!! Muito haveria para dizer mas, neste artigo, preferimos falar de esperança.
Para nós a esperança está no futuro! Como dizia Pierre Corneille “sou novo é verdade mas, para os espíritos bem nascidos, o valor não fica à espera da soma dos anos vividos”. Porque pensamos como Corneille - e estamos cansados do pó da gestão laranja da nossa terra - queremos fazer parte da mudança, da esperança, da inovação e vamos apoiar o único partido capaz de fazer a diferença: o PS e a liderança de Jorge Miranda à Câmara Municipal e do nosso amigo Gaspar para a Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora.


Jorge Miranda, é um homem muito diferente de Júlia Paula pois não é pseudo-humilde e, contrariamente à presidente aquando da sua primeira eleição, sabe o que é o trabalho de vereador e está técnica e politicamente melhor formado para levar Caminha rumo à grande mudança: um concelho mais jovem e, por isso, com mais futuro. Um concelho que é capaz de olhar os idosos e o mais desfavorecidos com espírito solidário. Recordamos o seu “pacote social” que Júlia Paula vende, em revistas principescamente pagas à empresa “IF” de Braga, onde exibe anteprojectos, projectos e ajudas não regulamentadas. Mera demagogia que pretende confundir os mais distraídos que julgarão a ideia como sendo sua quando, na verdade, foram de Jorge Miranda. Aliás, Júlia Paula foi incapaz de ir tão longe quanto Jorge Miranda estava preparado para ir.


Relativamente à Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, apoiaremos um homem da nossa terra com provas dadas nos mais diversos movimentos cívicos sendo o mais evidente o seu conhecimento etnográfico e o seu trabalho em prol dos nossos idosos e crianças. Manuel Marques já está esvaziado… aliás esgotou-se em 2001 quando a Câmara de Caminha passou a fazer em Vila Praia de Âncora o que quis sem qualquer reivindicação da junta. Portanto, caro Gaspar, não te preocupes pois, pior é impossível fazer. Há oito anos que vivemos sem presidente da junta mas antes com uma espécie de “regedor” que se limita a dar a cara pela câmara e pela presidente deixando para trás os verdadeiros interesses da nossa terra: encher a zona industrial de Laboradas e criar emprego; trazer a bandeira azul; criar parques de estacionamento, melhorar as acessibilidades; criar espaços verdes dignos desse nome; exigir a construção de um novo quartel de bombeiros, recuperar o cineteatro de Vila Praia de Âncora; pugnar por manter a unidade de tratamento frente aos fregueses e as instituições da terra…
O Jorge Miranda e o Gaspar irão, com toda a certeza, ser atacados durante a campanha provavelmente através do rumor de duas coisas: serem muito novos e não terem experiência. Meus caros, deixem-nos dizer-vos uma coisa, os melhores presidentes do Alto-Minho foram eleitos com menos idade que vós (Daniel Campelo, Rui Solheiro; José Manuel Carpinteira). Estavam na casa dos vinte anos… vocês estão nos trinta! Em segundo lugar, neste momento, têm vocês mais experiência do que tinha Júlia Paula, Paulo Pereira ou Irene Pacheco (estes dois últimos até eram mais novos que vós quando assumiram funções na edilidade) quando chegaram ao município.
A maior motivação para votar em vós é a certeza de que sois filhos verdadeiros da nossa terra e que, por isso, sois incapazes de a destruir por desconhecimento da sua história e das suas tradições. É que com o PSD há quase vinte anos na Junta de Freguesia e oito de Júlia Paula já percebemos que “todos os homens são bons, mas não para todas as coisas” (Victor Hugo). Efectivamente a nossa terra precisa de gente mais competente e capaz do que aquela que nos tem governado. Desejamos-vos muita felicidade para este combate eleitoral e esperamos que os munícipes se “deixem guiar pela razão” e compreendam que não existe nenhum político no mundo que não tenha feito obra (até Salazar fez) o que distingue a qualidade dos políticos é a forma como exercem o poder.

sábado, 19 de setembro de 2009

O caso da mulher de César.

Lançados que estamos em plena campanha eleitoral assistimos, quase diariamente, à inauguração de tudo e mais alguma coisa. Aliás, das contas que fizemos para as obras anunciadas pelo actual executivo autárquico, não chegava o orçamento da Câmara Municipal de Viana do Castelo. É claro que “o sonho comanda a vida”, o problema é que nós não vivemos de sonhos mas de realidades.
O concelho de Caminha está mais pobre, perdeu meio milhar de residentes e tem como maior empregador a Câmara Municipal de Caminha. Ou seja, a actual gestão, não conseguiu atrair emprego e riqueza para os seus munícipes. Pelo contrário, consciente das obras, sem qualidade e sempre temporárias, o executivo PSD tem feito todo o esforço para com o fórró, a televisão, os beijinhos e a apresentação de projectos, ante-projectos e ideias para ludibriar o eleitorado.
Ora, como todos sabemos – e pelo que nos contam os autarcas – a sua vida é tão difícil que até são contra a limitação de mandatos. Coitados… trabalham tanto e ganham tão pouco! Por isso, é que quando chega a época eleitoral estão disponíveis para qualquer malabarismo que garanta a sua eleição. Mas, se estar disponível para tudo fazer da parte dos agentes políticos é grave, mais será, o envolvimento de responsáveis religiosos nestes desvarios políticos.
Fomos surpreendidos, por estes dias, pelas notícias que colocavam - lado a lado - o pároco de Vila Praia de Âncora, o presidente da Junta desta freguesia e a Câmara Municipal de Caminha - todos juntos - para apresentar um projecto de recuperação do Barracão da Senhora da Bonança.
Ficámos surpreendidos pelo cinismo de tal evento que, à moda antiga, mistura política e religião de forma básica. A primeira ideia que nos veio à cabeça foi a cerimónia de há quatro anos onde, as mesmas instituições, apresentaram a maqueta do Centro Paroquial de Vila Praia de Âncora. Passados quatro anos… está morto e entregue à boa vontade das gentes da paróquia que se têm desdobrado em iniciativas e sacrifícios para a concretização deste sonho.
Este ano, a aposta política caiu sobre a Confraria de Nossa Senhora da Bonança, pois os protagonistas políticos não estavam disponíveis para renovar a maqueta do referido Centro Paroquial. Assim, atiraram-se ao barracão no intuito de prosseguir um autêntico atropelo à lei da República.
Quanto a esta iniciativa interessa-nos relevar o seguinte:
1) Quem pagou este projecto? Se não foi a autarquia, o que faziam lá os responsáveis autárquicos? Se foi a autarquia, quanto pagou e com que contrapartidas?
2) Esta confraria ( que é uma associação privada) não funciona regularmente há anos pelo que não tem órgãos eleitos conforme os estatutos que a regem. Como pode a mesma autarquia que exige às associações (que funcionam legalmente e legitimamente) um procedimento burocrático enorme para não dar um subsídio de 250€ e, de repente, oferece um projecto de recuperação de um edifício?
3) Mais, quando vai ser construído o edifício e quem o vai pagar?
4) Por outro lado, a confraria pertence, acima de tudo aos pescadores, porque não foram estes chamados a participar do processo?
5) Porque não foi convocada uma Assembleia Geral para debater o assunto?; E porque razão não foi respeitada a vontade dos fundadores?
O vício do político sobre a história do barracão também esteve presente no discurso dos oradores. Aqui, é compreensível a posição de Manuel Marques (que não é de Vila Praia de Âncora) bem como do vereador Flamiano Martins, que não sabem nada da história da confraria e do seu barracão. Mas, como quem “não se sente não é filho de boa gente” nós não podemos deixar aqui de manifestar publicamente o nosso reconhecimento e agradecimento a meu pai, Celestino Ribeiro, o grande responsável pelo regresso do barracão às mãos da Confraria de Nossa Senhora da Bonança. Eu vivi o seu esforço incansável no contacto com os herdeiros, o seu envolvimento em todo o processo que levou à decisão judicial em favor desta associação. Pena é que naquela cerimónia todos, incluindo o nosso pároco que muito estimamos, o Sr. Padre João Baptista, tenham apagado (com toda a certeza por lapso) a história do barracão. Também como ele, o meu pai, não quer morrer sem que a vontade dos fundadores seja cumprida e o edifício tenha o destino que eles desejavam.
Uma coisa ficamos sem perceber, se religião e política não devem imiscuir-se porque razão permitiu o nosso prezado pároco a instrumentalização política da cerimónia? É que depois aparecem-nos pensadores como Henri Montherlant que, se calhar com razão, afirmam que “a religião é a doença vergonhosa da humanidade e a política o seu cancro”. Nós não somos tão radicais até porque temos um profundo sentimento de amizade e fraternidade cristã para com o nosso Pastor, Sr. Padre João, e com ele partilhámos o sonho de devolver a uma confraria legalmente eleita o barracão recuperado para a finalidade que lhe estava destinada.
Parece-nos, na nossa modesta opinião, que o Pastor deve ser neutro nos combates políticos (até porque o seu rebanho tem partidários de diferentes áreas políticas) mesmo tendo o seu partido político preferido. Agora, ao permitir que, em plena pré-campanha eleitoral, se instrumentalize um acto que apenas à vida da paróquia diz respeito é que não nos parece certo.
Se nós estivéssemos no lugar do nosso amigo Sr. Padre João, educadamente diríamos aos políticos que tínhamos todo o gosto na realização da cerimónia, desde que ela decorresse depois das eleições para que ninguém nos colasse aos problemas da vida temporal. É que lá diz o ditado “à mulher de César não basta ser, é preciso parecer”.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Gripe A: “saber o que é correcto e não o fazer é falta de coragem.” (Confúcio)

O mês de Agosto terminou pondo fim a um verão tímido e pouco quente. A falta de turistas prende-se com muitos motivos que ultrapassam a meteorologia. A crise económica, de emprego, a falta de equipamentos e a ausência de uma estratégia neste sector acaba por passar uma factura dura para os empresários do concelho que irão enfrentar mais dez meses de paciente espera por novo estio. Mas esta análise não será feita neste artigo pois, consideramos urgente, debruçar-nos sobre um tema incontornável da actualidade, a Gripe A.
Se, como afirmámos, o mês de Agosto se caracterizou pela amenidade, os dois próximos meses serão intensamente cálidos. Com duas eleições à porta, os partidos políticos irão invadir-nos com muita festa, papelada, brindes, promessas, jantares, abraços, beijos, mal dizeres sobre os seus adversários… tudo aquilo a que nos fomos habituando nos últimos tempos. Os salários e o poder atraem todo tipo de pessoas à causa pública!
É bom que, nas suas campanhas, os partidos não se esqueçam da nossa saúde e não nos forcem a acções e gestos que, em último caso, nos conduzam à morte.
Todos sabemos que a campanha eleitoral autárquica é uma eleição desigual pois, quem exerce o poder, tem mais armas eleitorais para brandir que os seus adversários da oposição. A oposição não pode agendar e participar activamente nas cerimónias da responsabilidade do município. Daí que, nos meandros políticos locais, se tenha criado o adágio de que “as câmaras municipais não se ganham… perdem-se”.
Ora, a prática autárquica caminhense tem apostado em deixar para final de mandato meia dúzia de iniciativas e muitas promessas que depois não se irão concretizar (a ponte sobre o rio Minho, a elevação de Vila Praia de Âncora a cidade, a construção do Centro Paroquial de V. P. Âncora de que se mostrou maqueta há quatro anos atrás, a Academia de Música que há oito anos espera pelo edifício da antiga escola do Vilarinho…). A terminar coloca-se sempre um pouco de comida, canto, beijo e festa para fidelizar o voto dos diferentes segmentos eleitorais.
Um dos instrumentos a utilizar é o “passeio dos pensionistas” que, paulatinamente e no seu devido momento, se transformou num colosso organizacional em participação e custos financeiros atingindo milhares de euros. Também aqui não iremos discutir o assunto porque prejudicaríamos a mensagem que queremos passar. Aliás, o convívio é muito saudável desde que não seja só um dia no ano e se os políticos prezem por não estar presentes - a fim de discursar e politizar a festa - convertendo-a num comício. Mas isto exigiria uma maturidade democrática que, nós por cá, não temos.
A Gripe A está cá! Ainda não vimos nenhuma medida da Câmara Municipal que contribua para a informação com vista à prevenção deste vírus. Era bom que, como Molière escreveu, o nosso município e a sua responsável recordasse que “não só somos responsáveis pelo que fazemos, mas também pelo que não fazemos”. É essa coragem moral que marca a verticalidade dos indivíduos conscientes de que servir o outro implica ter de tomar, às vezes, medidas contra a sua vontade.
Que planos de contingência existem no nosso concelho? A câmara municipal de Caminha reuniu com que instituições? Escolas? Lares? Centros de Dia? Centro de Saúde? Bombeiros? E os funcionários municipais? Tiveram formação para se prevenirem? Foram colocados ao seu dispor instrumentos que facilitem o seu trabalho e os protejam do vírus? Os jardins de infância tutelados pela autarquia têm plano de contingência? E a Ludoteca?
Temos consciência que a preocupação com a agenda eleitoral, uma corrida contra o tempo em que se tem que prometer tudo e festejar tudo, se traduz num esquecimento de questões tão básicas como esta.
Sabemos que, dentro dos grupos de risco, estão os idosos e a realização de um passeio dos pensionistas na Quinta da Malafaia constitui um contributo para uma possível contaminação dos participantes. Meter toda a gente em autocarros, privilegiar o toque, o beijo, o abraço típicos da festa poderá colocar em perigo a vida de alguém.
A frase não é nossa mas aplica-se a este momento de teste à audácia política de Júlia Paula: “a coragem consiste em escolher o mal menor, por mais que ele possa ser”. (Stendhal) O que será “um mal menor” para a nossa presidente de câmara: 1) arriscar perder um evento útil de campanha como o “passeio dos pensionistas” e adiá-lo para um momento menos perigoso para a saúde dos munícipes mais velhos; 2) ou, por outro lado, colocar os seus interesses políticos à frente da saúde dos idosos? Não somos nós que teremos de tomar essa decisão e, como prometemos no início do artigo, propomos somente a reflexão sobre este tema tão actual e mais importante que tudo o resto pois, sem saúde, não atingimos a felicidade.
Pensamos que não seria descabida a ideia de a autarquia ter a coragem de não realizar o “passeio dos pensionistas” este ano e com os milhares de euros gastos em comida e autocarros ajudar os idosos que realmente estão fragilizados pela crise, financiando os seus medicamentos, criando uma linha de atendimento para os munícipes dando oportunidade aos jovens profissionais de saúde do concelho de se sentirem úteis ao serviço da sua comunidade e prestar apoio financeiro aos idosos que passam dificuldades.
Temos a certeza que os pensionistas mais desafogados agradecerão o carácter preventivo desta acção e apoiarão imediatamente a medida de destinar o dinheiro do município, neste momento difícil, aos que realmente mais precisam.

sábado, 15 de agosto de 2009

NÃO ACREDITO EM BRUXAS… MAS, POR COINCIDÊNCIA, QUE AS HÁ… HÁ!

Diz-se, e até se escreve em capas de livros, que “não há coincidências”. Já sabemos que esta maioria PSD no concelho de Caminha é useira e vezeira - fruto de malabarismos, estratégia e tabus – em criar coincidências. Inexplicáveis ou, se preferirmos, com explicações muito óbvias… basta querer ver.
Coincidência número um:
Todos conhecemos o slogan, explicando uma mudança que, a senhora Presidente da Câmara de Caminha, resolveu utilizar. Diz que “a mudança tem um nome”. Por acaso, nas minhas andanças, já me tinha deparado com outro igualzinho, letra por letra (mudava o nome do protagonista, claro), da também candidata do PSD à Câmara Municipal do Montijo, uma tal Lucília Ferra, vereadora desse município que foi derrotada há quatro anos.


O actual candidato do PSD à Câmara de Gondomar, também ele derrotado há quatro anos, afirma no seu cartaz: “a mudança tem um rosto”. Este senhor, de nome Rui Quelhas (como Lucília Ferra), quer dizer com esta frase exactamente o contrário da colega caminhense, Júlia Paula Costa!
Mas, a mesma frase, foi escolhida pelo actual presidente e candidato do PSD à Câmara Municipal de Penafiel. O nome do protagonista, desta vez, é Alberto Santos e que também garante que “a mudança tem um rosto”, neste particular, o seu.



Coincidência número dois:
Mas o “rosto” de Alberto Santos, uma confusão de “azul” sobre fundo “azul” lembra-nos algo. Pois claro, este autarca foi um dos convidados da Agenda Setting - a tal empresa de Lisboa tão “cara” a Júlia Paula e tão dispendiosa para todos nós - como orador numa acção de Marketing Político sobre como ganhar eleições. Tendo, inclusivamente, posado ao lado director desta empresa de comunicação!


Recordamos ainda que esta acção de formação foi muito discutida por cá, dada a ligação desta empresa à Câmara de Caminha, a saber: a existência de contratos milionários entre as duas organizações; e a inusitada presença, na dita acção, de um funcionário da autarquia caminhense (Marcos Fernandes) que, em dia de trabalho e em funções notoriamente políticas, fez questão de estar presente. O problema é que sendo, ao que parece, psicólogo, estaria completamente desenquadrado das funções técnicas a que está obrigado um funcionário municipal.
Estas presenças traduzem-se em mais uma estranha coincidência, convenhamos: slogans praticamente iguais, ligações à mesma empresa e tudo do PSD!...
Coincidência número três:
Acedendo a um computador abrimos a página da empresa e lá estava o presidente/candidato Alberto Santos – o mesmo sorriso e o seu currículo confirmando a condição de autarca penafidelense. Mais uma coincidência confirmada.



O que já não estava na página era o comentário de Marcos Fernandes que, na altura, havia registado para memória futura não só a sua presença na tal acção de formação como a sua importância, recordemos: “Quatro painéis interessantes, com oradores de grande qualidade e boa organização. Bom trabalho” (datado de 18 de Março deste ano, quarta-feira, em horário de trabalho pago por todos nós, munícipes de Caminha).
Seria coincidência? Pois claro, os vereadores do Partido Socialista interpelaram a presidente, em reunião do Executivo, sobre esta - e outras coincidências - entre a sua campanha eleitoral e a Agenda Setting.
Numa bizarra coincidência, o comentário de Marcos Fernandes, desapareceu… esfumou-se! Não o tivéssemos nós registado para a posteridade - que as impressoras servem para isso - e seria uma coincidência a menos! Assim sendo, é a somar, é mais uma.
Coincidência número quatro:
O mesmo Marcos Fernandes é filho de Carlos Fernandes, o candidato do PSD derrotado há quatro anos pela população da freguesia de Caminha-Matriz, através do voto popular no Partido Socialista. Diz-se por aí que, Carlos Fernandes, não queria correr novo risco de derrota e quase bateu o pé à indigitação para nova candidatura. Quase, porque o PSD/Caminha andou atrás de toda a gente possível e imaginária e parece que não achou melhor. Logo, quisesse ou não, Carlos Fernandes teria sido “convocado” a dar a cara pelo PSD.
É que, convém lembrar, Carlos Fernandes além de pai de Marcos é também fornecedor de serviços à Câmara Municipal de Caminha. Podia ficar mal visto se não aceitasse o “convite” e consequentemente arriscar-se a perder os negócios com o Município. Ora, “perder dinheiro é que não”, terá pensado!
Além disso, não é reconhecida ao putativo candidato a capacidade de dizer “não” à presidente pelo que bate certo a escolha entre obedecer ou obedecer. É mais uma coincidência.
Coincidência número cinco:
Rememorando, ainda com mais veemência, recordamos as coincidências evocadas pelo Partido Socialista a propósito da eventual ligação da Agenda Setting, empresa paga pela Câmara de Caminha, à campanha da senhora presidente.
Às numerosas coincidências, elencadas na devida altura, somam-se agora: a dos slogans, por acaso, todos praticamente iguais; por acaso, todos de candidatos do PSD; por acaso, em duas das situações, de candidatos que, de uma forma ou de outra, têm ligações à Agenda Setting (Penafiel, como explicámos, e Caminha, que tem com a empresa de Lisboa dois contratos no valor de 70.360 euros, mais de 14 mil contos na moeda antiga, que vamos a ver se são renovados este ano, por coincidência) … E isto é o que é público nas Contas de 2008!
Coincidência número seis:
Seja como for, a senhora presidente ainda não respondeu às perguntas dos vereadores do Partido Socialista colocadas em reunião do Executivo. E a gravidade da situação é o incumprimento da lei que determina o prazo legal, dado à presidente da câmara, para responder à oposição. Esse prazo já se esgotou. Julga-se Júlia Paula acima da Lei? E, por se julgar acima da Lei, teima em manter esta postura antidemocrática? Terá, por maquiavélica coincidência, esquecido responder às questões?
Recordamos as perguntas dos vereadores socialistas:
Senhora presidente:
1 - O que fazia o senhor Marcos Fernandes, psicólogo, funcionário da Câmara Municipal de Caminha, em dia de trabalho (18 Março), numa acção que decorria no Porto, sobre como ganhar uma eleição, promovida por uma empresa que, por coincidência, tem contratos milionários com a Câmara de Caminha?
2 – Porque guardou segredo até agora, ou até ao lançamento da sua candidatura, sobre a existência de um canal-fantasma, o “Canal da Câmara Municipal de Caminha”?
3 – Porque não existe (passou a existir dias depois), na página da Câmara, um link para este canal, mas existe a partir do canal da sua candidatura?
4 – A Câmara contratou a empresa Agenda Setting para fazer exactamente o quê?
5 – Que trabalhos foram realizados, concretamente e até á data de hoje, pela empresa Agenda Setting?
6 – Que montante exacto foi pago pela Câmara de Caminha, até à data de hoje, a esta empresa de Lisboa?
7 – Que montante está já facturado (para além do que foi pago)?
8 – As deslocações de (e para) Lisboa, hotéis, eventual aluguer de veículos, refeições etc. estão previstos e incluídos nos contratos que foram celebrados ou são pagos à parte?
9 – Quais foram as empresas consultadas, para ambos os contratos, e que critérios à escolha desta empresa?
10 – A contratação desta empresa – que já recebeu muitos milhares de euros – em vésperas de eleições, tem ou não a ver com a sua própria campanha eleitoral?
11 – É a Agenda Setting, por coincidência, a empresa responsável pelo “Canal de Candidatura de Júlia Paula Costa à Câmara Municipal de Caminha – Autárquicas 2009”?
12 - Se não, qual é o nome da empresa responsável pelo “Canal de Candidatura de Júlia Paula Costa à Câmara Municipal de Caminha – Autárquicas 2009” e pela restante produção de Marketing?
13 – Está a Câmara Municipal de Caminha a pagar a campanha eleitoral do PSD?
14 – Acredita em coincidências?

Com tantas coincidências, começamos a ser tentados, por coincidência, a acreditar em bruxas!...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O perigo da demagogia!


As coisas pelo concelho de Caminha parecem não andar nada bem! O Gabinete de Imprensa da Câmara Municipal bem se esforça em enviar para os jornais da região artigos que, em vez de evidenciarem as qualidades da sua governação, se preocupam em tentar demonstrar que a sua gestão não tem sido incompetente como a oposição insiste em acusar.

O certo é que a oposição parece ter razão em alguns aspectos essenciais: não existem obras no concelho, a gestão financeira da autarquia é incompetente, a política económica é inexistente, a intervenção ambiental ineficiente, a política social ineficaz, a falta de democracia na gestão autárquica é uma evidência…

A desconfiança de Júlia Paula nos feitos da sua administração é tal que, por várias vezes, tem feito afirmações que nos parecem graves. Quando atacada sobre a qualidade dúbia das obras nas rotundas e outros espaços do município levadas a cabo pelos funcionários, a autarca, defende-se afirmando que elas são “feitas fora das horas de trabalho pelos funcionários da autarquia a título gratuito”.

A ser verdade, esta postura da gestão de Júlia Paula merece-nos alguns reparos:

1) A exploração dos funcionários da autarquia pois as pessoas devem receber o salário justo pelo seu trabalho. Estranhamos até o facto do STAL ainda não ter denunciado estas situações dolosas para os trabalhadores e suas famílias. Pensemos em que posição ficará o funcionário que, “fora das suas horas de trabalho”, se negar a praticar esta modalidade de trabalho não pago;

2) Se qualquer munícipe desejar fazer uma intervenção em terreno privado é logo abordado pela autarquia para verificar se está a infringir a lei. Imaginemos que, um de nós, deseja beneficiar um espaço público (fora das horas de trabalho, com material da autarquia e com a nossa imaginação)? Tenho a certeza que não nos era permitida tal boa vontade;

3) A ligeireza com que a autarquia vê estas intervenções demonstrando estar mais preocupada em agradar a algumas pessoas do que a ter um plano de intervenção preparado e criado por técnicos de História, Antropologia e Etnografia e obviamente engenheiros e arquitectos…

Efectivamente, devemos poupar dinheiro aos cofres da autarquia mas não o podemos fazer às custas dos funcionários municipais a trabalharem horas extraordinárias gratuitamente. Ao fazê-lo, a câmara está a prejudicar não só os seus colaboradores como a contribuir para o desemprego dos técnicos superiores (e jovens) do nosso concelho. Ou então, as palavras de Júlia Paula, não passam de mera demagogia para defender aquilo que desconhece mas que evidenciam a sua vontade de “agradar a gregos e a troianos”.

É bom que todos percebamos que, o respeito pelos direitos fundamentais dos trabalhadores é mais importante que os valores estéticos e o debate sobre a beleza e o enquadramento destas obras. As instituições públicas têm a obrigação de serem as primeiras a cumprir a lei a fim de terem autoridade moral para a impor.

Caminha: o turismo na era do vazio!


O verão chegou embora o tursimo não pareça ter acompanhado esta estação do ano. Com certeza que a explicação parece ser óbvia: o tempo não se enquadra com a época estival.
É também um facto que o concelho de Caminha não tem, além das excelentes condições naturais, equipamentos que per si atraiam turistas. Não existe uma oferta museológica de referência, eventos culturais de massas (o único, Festival de Vilar de Mouros, foi eliminado da agenda cultural caminhense) não existem concertos e espectáculos apelativos a determinados segmentos (culturais, do estilismo, da música, do cinema...), não há auditórios que comportem este tipo de ofertas, salas de cinema, feiras internacionais, etc.
Por fim, não existe uma política de turismo com estratégias concertadas entre os diferentes agentes (políticos, económicos e sociais) de forma a vender a marca do concelho de Caminha. Aliás, a grande dificuldade da venda da marca do município caminhense pode começar pela sua definição. Afinal, o que define este concelho do vale do Minho?
O sector turístico vem-se ressentindo de ano para ano desta ausência de políticas estruturais por parte dos nossos responsáveis autárquicos mais preocupados com a cultura da fêvera, da festa, da repetição até à exaustão de um determinado tipo de grupos, canções e géneros. Caminha esqueceu há muito tempo o significado da palavra inovação.
Megulhados nesta era do vazio em que vivemos é sempre necessário arranjar culpados para os fracassos de determinados decisores políticos obsecados com flores e ferros com cimento ao alto e tapetes vermelhos a contento.
Pelas ruas lá nos vamos cruzando com algumas pessoas que, embora já estejam retiradas da sua vida activa, se dedicam a dar opiniões sobre factos a que não assitiram, revistas que não leram ou jornais que só conhecem de nome (e que, às vezes, fazem questão de dizer que “nunca leio”). Quando instadas a revelar quem lhes meteu tais ideias na cabeça refugiam-se no confortável “ouvi dizer”!
A última destas conversas que mantive foi deveras esclarecedora sobre as intenções de tais “ditos”. Diziam-me que na comunicação social não se podia falar das coisas que estão mal cá na terra porque faz mal ao turismo. Até os colunistas deviam ter vergonha por estarem a divulgar factos que “até podem ser verdade” mas que prejudicam a imagem da terra.
Ficamos então com uma certeza: nunca se deve dizer a verdade a não ser que ela seja boa! Por exemplo, só devemos dizer à nossa esposa que endividamos a família se o resultado do negócio for bom, se for mal calámo-nos e, no fim, a polícia entra-nos pela casa dentro. Ou, se a água do rio puser a nossa saúde em risco, devemos estar calados porque depois os turistas não vêm...
É claro que, alguns responsáveis políticos, actualmente no exercício do poder são defensores desta teoria que ironicamente, no passado, não cumpriram empenhados que estavam no combate político. Agora, até as suas próprias asneiras os atrapalham e até, reconhecemos, dar-lhes-ia um certo jeito a comunicação social não falar dos seus erros mas exacerbar as suas virtudes.
Enquanto houver gente disponível para servir de caixa de ressonância a esta maneira de estar na vida bastará ir plantando umas flores, limpando uns canteiros, organizar umas festas e satisfazer o ego de alguns que anseiam pelo reconhecimento social que o povo continuará sereno.
Quanto ao resto: o desemprego que aumenta entre os munícipes (principalmente os jovens e os de meia idade), a falta de jardins-de-infância, ludoteca, quartéis de bombeiros, melhores serviços de saúde, mais apoio aos idosos, de piscinas e outros equipamentos desportivos, as casas mortuárias, os centros paroquiais, o saneamento para todas as freguesias, os cartões dos idosos, a inexistência de investimentos geradores de emprego e de riqueza... tudo isso... não se deve dizer porque afecta a imagem da terra!

A Democracia das quotas


Vivemos hoje num mundo cada vez mais confuso onde: a Ciência se recomeça através do reconhecimento da importância de outros saberes; a vida se prolonga e força os políticos ocidentais a questionarem Robert Malthus e a sua teoria; o status social reassume, em particular na sociedade portuguesa, os contornos e a importância do Estado Novo (as festas das elites que no período do 25 de Abril fugiram ou se perderam no anonimato estão agora de volta).
O povo adora estas elites e promove-as nas revistas do coração que compra, nos canais de televisão entupidos de gente “famosa” e “célebre”. O povo quer voltar a sonhar com príncipes e princesas que os acordarão com um beijo da tristeza rotineira da vida que leva onde tudo é crise.
Os partidos políticos são, também eles, um reflexo de tudo aquilo que acabamos de referir. Neles, subsistem castas que se perpetuam no poder independentemente do regime político do país.
Cada partido disputa a sua “quota de mercado” falando ao coração do eleitor pois este “tem razões que a razão desconhece”, parafraseando Pascal.
E, por falar em quotas, o Partido Socialista acaba de escolher a sua nova equipa para as eleições legislativas. Importante no discurso dos seus dirigentes foi a palavra “paridade” na eleição do seu novo elenco. No entanto, no distrito de Viana do Castelo, esta imposição não passou de simples discurso para português ver que os socialistas querem que as mulheres tenham as mesmas responsabilidades políticas dos homens embora, depois de revelados os resultados, se verificar que isto não é verdade. Pensarão estes dirigentes o mesmo que a elite dirigente do livro de George Orwell que “todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais que outros”?
A questão é que quando os problemas são reais não podem ser resolvidos com soluções virtuais. Ou seja, não será pelo facto de os estatutos de um partido garantirem às mulheres um lugar igual ao dos homens que estas estejam interessadas em ocupá-lo pois têm muito mais em que pensar e se ocupar (o progresso tarda para as mulheres no que toca à divisão das tarefas familiares, à igualdade de oportunidades, à paridade com os homens nos salários, o direito ao emprego com maternidade, por exemplo).
Seguindo a lógica de que metade da população é feminina e a outra metade masculina, o sistema político português parece querer criar uma nova doutrina que não será, com certeza, a Democracia mas sim a “Quotacracia”. Este novo regime assentará a sua base na lógica quotacrática: serão distribuídas quotas por sexo, idade, estado civil, profissão, etnia, orientação sexual etc... e o país passará a ter no seu Parlamento uma representação dos diversos grupos sociais que compõem a sociedade portuguesa.
Não sendo um “quotacrático”, defendo para as mulheres a verdadeira igualdade de participação na vida cívica e, essa igualdade, não é feita no papel para ser “politicamente correcto” mas deverá fazer-se com verdade nas escolas através do reforço da educação cívica, no emprego e no respeito pela maternidade das mulheres, no salário, na direcção de empresas, associações e demais organizações...
Concluindo, a lei deve fazer-se quando se sabe que há receptividade da sociedade à sua aplicação, quando assim não é, a norma que regula a vida social cai por terra e retira autoridade aos seus criadores. O povo não dorme e, por isso, diz com razão “que bem prega frei Tomás, olha para o ele que diz e não para o que ele faz”.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Apoiar os professores é respeitar os alunos e as suas famílias.

“Brandindo uma pistola junto ao rosto de Nicholas, anunciou as regras básicas do estabelecimento: não ler, não escrever, não falar.
‘E pensar?’, ocorreu ao professor perguntar (…) Nicholas compreendeu nesse momento que não só era possível pensar, como era necessário.”
(Steven Lukes in “O Curioso Iluminismo do Professor Caritat”)

A problemática dos direitos das crianças, embora mais presente na consciência social e científica está ainda num processo de construção. Prova disso, é o entendimento e enquadramento legal dado pelas sociedades à questão. Aprioristicamente achamos que uma das razões para este atraso se prende com o facto de o divórcio e a separação só agora terem atingido níveis de notoriedade social que, obviamente, estarão relacionados com fenómenos demográficos, económicos, culturais e sociais.
O modelo tradicional de família está agora diluído num conjunto de paradigmas que nos transportam a outros níveis de entendimento e de aceitação social (famílias monoparentais, recompostas, conjugais…) que, por sua vez, conduzem os cientistas sociais a procurar respostas no sentido de manter o equilíbrio educacional das crianças e jovens perante o colapso familiar.
As crianças não escolhem nascer e também não podem escolher os pais. Por outro lado, os pais normalmente escolhem como, quando e com quem querem constituir família. Se quisermos também acrescentar o factor dependência (física, psicológica, emocional, económica, social…) do menor em relação ao adulto, no que toca aos rumos que gostaria de dar à sua vida, então começamos a perceber a debilidade e fragilidade da criança no grande palco da vida social entre os adultos. Adultos que escolheram, de certa forma, a sua vida e que, com as suas decisões, irão desequilibrar a vida dos seus filhos.
O mundo hodierno está pleno de novidades para as quais as sociedades ainda procuram enquadramento. Em pouco mais de cem anos, a sociedade abriu-se 24 horas por dia e assistiu ao deslumbramento tecnológico, a mulher começa a experienciar a liberdade de decidir sobre si e a sua vida, as crianças saíram do banco do patrão para o da escola, vivemos mais e cada vez mais com melhor saúde, a esperança média de vida aumentou sonhos e a capacidade de amar e querer ser amado… Mas, toda esta vertigem acarreta dificuldades que não estavam calculadas pelo Homem, maior longevidade traduz-se rapidamente em igual aumento de responsabilidade. Esta responsabilidade traduz-se nas preocupações actuais com o ambiente, os valores, o emprego, a pobreza e a distribuição da riqueza… e claro, a aprendizagem e a consciencialização de que a educação é a pedra angular de todo o sistema.
A educação é um dos mais, senão o mais, representativos agentes de socialização se a entendermos, pelo menos, em dois círculos: o familiar e o escolar. Daí que, na sociedade do capital em que hoje vivemos, a educação tem um preço para os pais e para as nações. Entende-se que mais educação representa melhores cidadãos e maior evolução social. Estes princípios poderão claramente ser discutíveis quanto ao carácter manipulador e de coacção dos adultos sobre as crianças mas, não podem ser excluídos do padrão da sociedade actual. Hoje ter filhos não é pensar em mão-de-obra para o campo mas sim a assumpção de um amor e um desprendimento financeiro dos pais na procura de concretizar a felicidade dos filhos.
Os professores são chamados todos os dias a responder às demandas das famílias e aos sonhos dos alunos. Não parar de acreditar! Ser capaz de actuar como o grande mediador do sistema entre a família e a escola, os pais e os filhos, os pais e as mães.
Saber actuar não só como professor mas, acima de tudo, como um educador, torna a profissão docente cada vez mais empolgante e exigente. Seria bom reconhecer nos professores as acções, os modelos, a capacidade de tornar os alunos seres melhores humanos.
É bom que as famílias reconheçam o contributo social dos professores mas, esse reconhecimento, deve ser alargado também às instâncias políticas que, há muito tempo, se esqueceram do fundamental do professor na construção de uma sociedade mais justa e democrática. Em Portugal, há cada vez mais necessidade de políticos capazes de pensar a escola a partir de referentes qualitativos de cidadania e conhecimento e não de tecnocratas abelhudos que remexem no caixote dos papéis a vida dos docentes e da escola. Se é verdade que a escola não se faz sem alunos, não deixa de ser certo que esta também não existe sem professores.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Caminha contra a crise!


Passou o 25 de Abril cheio de discursos que, mais que salientar o fim do regime do Estado Novo e o seu impacto pernicioso para a vida dos portugueses, se detiveram na exaltação e sucessos dos nossos responsáveis autárquicos.
As grandes obram realizadas e por realizar foram, com pompa e circunstância, referenciadas pelos seus próprios mentores. Ou seja, à falta de quem nos eleve… elevemo-nos nós! Afinal, sobre o 25 de Abril pouco se disse servindo a ocasião para mais um passeio de vaidades folclóricas e auto-elogio.
O dia do trabalhador não passou de um oportunidade para mais festa e elogios àqueles que trabalham na coisa pública e que muito justamente merecem ser recordados… os outros não são assim tão importantes!
Curiosamente, os falhanços desta gestão não foram evidenciados, o que foi pena! O hotel Porta do Sol fechou e atirou bons profissionais para o desemprego, a Regency que emprega 160 trabalhadores está às portas do encerramento. O tecido industrial do concelho de Caminha não cresceu nos últimos 8 anos de gestão laranja e Júlia Paula nunca foi capaz de ter uma estratégia de criação sustentada de emprego.
O dinheiro não lhe faltou e a sua incapacidade de atrair negócios e criar emprego (no tempo em que a crise ainda não havia chegado) não foram aproveitados. O resultado é que o concelho de Caminha é aquele que regista a maior taxa de subida de desemprego.
Poderíamos aqui falar sobre a economia internacional ou o papel do governo da nação no combate à crise para justificar o actual momento do concelho de Caminha. O problema é que é precisamente este município que regista o maior crescimento do desemprego e precariedade laboral.
Caminha contra a crise não passa de um ardil publicitário com a finalidade de manter o poder daqueles que, com salários astronómicos, não souberam governar os caminhenses. A publicidade fará, de certeza, o seu papel bem como as inaugurações que se avizinham com muita alegria, comida, bebida e festa para esquecer a tristeza do concelho que mais se tem empobrecido no distrito de Viana do Castelo.
A campanha de Júlia Paula já está no terreno… sem nada ter feito a não ser – como todos nós – estar “contra a crise”.

Onde pára o dinheiro do ferry?


Ao que parece, terminou a novela do”caso ferry” em que, segundo a imprensa local, a autarquia terá sido lesada em 18000€ no período compreendido entre Agosto e Dezembro de 2008.
São várias as questões que este inquérito levantou e que, os munícipes, não devem deixar morrer sob pena de sermos todos coniventes com actos e práticas que revelam a gestão incompetente da autarquia.
O nosso dinheiro parece ter sido utilizado por alguém indevidamente. Como democratas, aceitamos (tendo escolhido ou não) e confiamos a liderança do município na esperança que o interesse dos munícipes seja sempre salvaguardado.” Caminha contra a crise”, deve começar pelo rigor e disciplina na utilização racional do dinheiro dos contribuintes assim como o uso da transparência dos actos de governo municipal.
Daquilo que veio a público, apurou-se o desvio de 18000€ dos cofres da autarquia por parte de uma funcionária num período continuado de quatro meses. A questão mais óbvia será: como é possível, durante tão longo período de tempo, ter este comportamento sem ser detectado?
Como é do conhecimento geral, as organizações (inclusivamente as câmaras municipais) estão dotadas de um quadro de pessoal que, entre si, formam a cadeia de comando que encontra o líder no topo do poder organizacional. É a isto que chamamos organigramas das instituições. Ora tais organigramas não servem só para distinguir os chefes dos outros, os “doutores” do “Zé Povinho” ou, tão pouco, exibir diferenças salariais e de estatuto social. Esta estruturação existe para que se possam atribuir funções e exigir responsabilidades aos protagonistas nos momentos certos. Desta feita – e pelo que parece – a culpa irá morrer com a funcionária (é sempre a velha história do “mexilhão”) resta-nos acreditar que o Ministério Público esteja munido de toda a documentação necessária para que este caso fique definitivamente esclarecido.
Como ainda não foi explicado o caso aos munícipes, o boletim municipal seria o melhor veículo para demonstrar que “estamos em boas mãos”, é natural que se fale e especule até que o povo se esqueça do episódio… perdido num qualquer evento gastronómico de pré-campanha. A participação cívica responsável deve forçar – nestes tempos em que nos pedem para apertar o cinto – a estreitar o cerco àqueles que nos governam, a fim de se evitarem desmandos que serão sempre justificados pela crise (nacional/internacional).
Fazendo fé no que tem sido noticiado, a respectiva funcionária terá recebido como pena oito meses de suspensão. Esta decisão pode constituir um mau exemplo do exercício democrático. Vejamos, em qualquer parte do mundo um trabalhador que alegadamente desvie 18000€ ao seu patrão seria, em primeiro lugar, obrigado a devolver o dinheiro desviado e, devido à quebra de confiança com a entidade patronal, despedido.
Neste caso, ficámos todos a escutar o silêncio ensurdecedor da Sra. Presidente da Câmara que, há muito, deveria ter vindo a terreiro explicar o ocorrido. O seu colega, Alcaide de A Garda, não abdica do dinheiro desviado e exige a sua devolução. É que fazendo contas, no caso de o capital não ser devolvido à autarquia, a funcionária ganha – nos oito meses de suspensão – 2250€ por mês… o que constitui um ganho de aproximadamente três vezes mais o seu vencimento. Levando-nos a concluir que, assim sendo, além do falatório público onde, com toda a certeza o seu nome será falado de forma pouco abonadora, nada mais lhe sucederá.
Pode perguntar-se sobre a razão de também não haver despedimento… essa é uma questão mais difícil porque mexe com decisões que já não são empresariais mas políticas: ano de eleições autárquicas; os políticos temem a vitimização e o aproveitamento da situação por parte dos seus adversários (“então vocês querem mandar alguém para o desemprego? Nós não somos assim, somos compreensivos com os nossos funcionários.”); e, por último, não lhes dói no bolso porque continuam a receber o seu salário gerindo dinheiro que não é deles.
Obviamente, que não estamos aqui a afirmar que esta é a situação que se terá passado no “caso do ferry” pois, queremos acreditar que o dinheiro vai ser devolvido, os galegos receberão a sua parte, a funcionária cumprirá a sua suspensão e será reintegrada pois os seus actos terão uma explicação clara filha de uma infeliz ocasião. Daí que, com expectativa, se aguarda a posição dos partidos políticos que decidiram esta sanção (PSD e PS, recordemos que a votação foi de 6 votos a favor e 1 contra) para se perceber a brandura da sanção e se foram apuradas as responsabilidades dos superiores da respectiva funcionária. É bom que se ponha fim ao “nacional porreirismo”, de querer o poder “a todo o custo” sob pena de estarmos cada vez mais longe de concretizar os ideais de Abril.

A utopia da democracia!

Portugal entrou na contagem decrescente para a celebração de três comícios eleitorais que, à partida, tendem em centrar-se – como sempre – no discurso anti-governo. Nada disto é novidade para os portugueses, bem-intencionados, que acreditam viver em democracia.
O Boletim Informativo da nossa autarquia representa, por exemplo, o caso mais acabado dessa miragem que é a democracia e o seu espírito: as oposições e as suas propostas não cabem no auto-elogio que constitui dita publicação; os diversos órgãos autárquicos não têm enquadramento e/ou referência ao seu trabalho; por último, e de mau gosto transformando a democracia numa caricatura, o aparecimento de três munícipes sinceros a dizerem bem dos projectos da autarquia. Por azar ou sorte, nunca apareceu nenhum que tivesse uma ideia diferente da Presidente da Câmara.
A campanha eleitoral para as eleições europeias ficou confinada à discussão da crise nacional e da avaliação da prestação do governo da nação. Ninguém quis discutir a Europa de forma séria e concreta. Pelo meio, aparecem os xenófobos, racistas, monárquicos e outros a misturarem temas, numa perspectiva nacionalista, que nada tem a ver com o objectivo da construção europeia.
Aquilo que concluímos, é que efectivamente o nosso país – e provavelmente outros – nunca viveu um regime democrático mas sim num sistema partidocrático. Tudo o que importa é o poder e o partido político que o exerce!
Vejamos, estudos realizados por insuspeitáveis cientistas políticos colocam a percentagem de votantes num determinado partido político entre os 30% e os 40% do seu eleitorado tradicional. Quer dizer, existem uma percentagem fixa de eleitores que, independentemente de quem é o candidato, a equipa ou as suas ideias… vota sempre nesse partido. É uma visão clubística da política em que se olha para as eleições como um jogo de uma final da taça de um desporto colectivo qualquer. Estes eleitores, têm por hábito dizer mal das características pessoais dos outros candidatos, quando se cruzam em campanha com eles costumam tratá-los vernaculamente, bajulam o seu candidato e tendem a olhar os que pensam diferente como inimigos.
Esta é uma característica da partidocracia: ter amigos e ter inimigos. Em democracia, haveriam adversários políticos, ou seja, a arte da política era praticada por gente de bem que, com perspectivas diferentes sobre a governação, deseja o bem do seu povo.
Mas, se até aqui falámos da partidocracia relativamente ao eleitorado, desenganemo-nos porque ela é alimentada pelos próprios políticos a quem o 25 de Abril deu a oportunidade de se aburguesarem e se esquecerem do carácter popular da sua acção transformando-a numa forma de vida bem paga, com muito poder e amigos que permitem dar asas à sua vaidade. Por isso, assistimos a autênticos abortos políticos como o da Madeira, a forma prepotente como os autarcas tratam os seus munícipes - e a justiça - desdenhando e falando mal dela, o equilíbrio nacional entre escândalos permitindo sempre negociatas que o tempo e a comunicação social ajudam a esquecer… A política é tão má que, na hora das eleições, todos lutam por manter o seu lugar! Olhar para a nossa política nacional e ver sempre os mesmos desde há trinta anos é tudo menos um hino à democracia. Significa que, entre 10 milhões de portugueses, só meia dúzia são iluminados e capazes de gerir a nação.
Se começarmos nas autarquias, a verificar o que tinha (bens, lazer, viagens, carros…) um presidente de câmara antes de ser eleito ao que tem, ao fim de uns mandatos, ficaríamos corados de vergonha… mas como ouvi alguém dizer um dia “na política, não se pode ter vergonha”! Ao que parece, esta é uma realidade e uma visão tão popular dos nossos políticos actuais que, os pseudo – democratas, preferem chamar-lhe, provavelmente, perspectiva populista e acrescentar-lhe de seguida “e demagógica”.
Concretizar a democracia é um desafio que Portugal teima em não vencer talvez porque, os militares de Abril, foram enganados quando despojadamente entregaram o poder ao “povo”. A grande lição que os portugueses podem dar aos políticos é intervirem mais na sociedade civil e reduzir ao mínimo a intromissão da política no palco social transformando-a numa verdadeira democracia onde os eleitos o são pelo mérito que procuraram e não porque vão escondidos atrás de um nome qualquer, de um partido qualquer para depois fazerem parte da derrota do regime democrático que se chama “disciplina de voto”. Nem todos estamos habilitados a trocar a nossa consciência pelo lugar que “democraticamente” nos espera no regime partidocrático em que vivemos.

Sem Bandeira Azul, sem Turismo mas com muita confusão!



Com a época balnear à porta, Vila Praia de Âncora vê, mais uma vez o verdadeiro resultado da incompetência que a Câmara Municipal de Caminha e a Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora revelam no que toca ao desenvolvimento económico do concelho e da freguesia.
Que esta câmara é incapaz de atrair investimento para o município é reconhecido por todos: a alta taxa de desemprego que está acima da média do distrito; a precariedade laboral; o desemprego e desamparo dos mais jovens que, por isso, rumam a outros destinos; os lay-off em empresas existentes na área geográfica do concelho; a falta de indústria; a falta de capacidade de gerar riqueza para melhorar as condições de vida dos munícipes, tornando-os realmente cidadãos.
Os grandes investimentos realizados e prometidos para Vila Praia de Âncora não representam qualquer crescimento económico para o concelho e para os munícipes. Pelo contrário, endividaram o erário público obrigando as gerações vindouras a conviver com a dívida acumulada ao longo dos últimos oito anos. É comum ouvir a Sra. Presidente da Câmara afirmar que Caminha ainda não atingiu o limite do endividamento! Mas, como não somos tontos, já percebemos que, afinal, Caminha está endividada… só que ainda não atingiu o limite. É tipicamente a linguagem política pejada de demagogia a funcionar a que fomos habituados nestes últimos tempos.
O dinheiro que tem sido gasto e que, ainda é necessário pagar, não foi usado para revitalizar o mercado municipal mas para manter o chamado “mercado Marrocos” (um autêntico ultraje onde a ASAE se “esquece” de entrar!). O investimento feito na zona norte do Porto de Abrigo (150000€) num mercado de venda de peixe é um insulto, numa época de crise. Como se pode esbanjar assim dinheiros públicos e ficar impune? Este dinheiro estaria melhor empregue ao serviço dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora e do seu Cine-teatro (um ex-libris da nossa terra) que está votado ao abandono.
Mas hoje ficaremos pela política do Turismo! Vila Praia de Âncora não tem “Bandeira Azul” o Sr. Presidente da Junta de Freguesia está calado há oito anos! Há dois mandatos que deixou de se queixar da falta de interesse dos edis camarários. Mas, num passado pouco longínquo, estava empenhado em manifestações e em discursos inflamados contra esta situação. Pois, os “responsáveis”, nessa altura, não eram do seu partido… agora que são… fica calado. Provavelmente, o ouviremos a dizer que a culpa é dos critérios de atribuição deste galardão, dos erros do passado, da falta de civismo das pessoas e dos esforços que a câmara tem estado a fazer para resolver o problema.
A Vila Praia de Âncora não faz falta um presidente de Junta que não seja capaz de dizer não! Esta terra precisa de quem seja capaz de exigir qualidade nos investimentos, de definir prioridades de actuação, de demonstrar que os ancorenses são exigentes e atentos ao que lhes oferecem e um presidente que trate todos os fregueses da mesma maneira (por isso, recebe um salário). Mas infelizmente, o Sr. Presidente da Junta de Freguesia, revela já o cansaço de tanto tempo a governar a nossa terra. Está transformado em eco da Câmara Municipal, limita-se somente a agradecer tanta grandeza de espírito e de obras como os passeios amarelos a que passou a chamar eco-vias.

O retrato turístico de Vila Praia de Âncora é desolador: uma magnífica praia sem “Bandeira Azul”; auto-caravanas expulsas de outros concelhos estacionadas contra a lei na costa ancorense (crie-se um espaço condigno ou então ajudem-se os parques de campismo onde trabalha gente da nossa terra); ciganos acampados no Campo do Castelo; falta de estacionamento; despejos de lixo nas leiras contíguas à zona das Camboas (por parte de auto-caravanistas pouco conscienciosos que envergonham aqueles que amam e dignificam esta forma de turismo); falta de árvores e de serviços de apoio à praia da marginal norte, falta de esforço na preservação do espaço natural (veremos o que irá acontecer nos terrenos a norte do Bairro dos Pescadores)… isto é ter estratégia para o turismo.
O que temos actualmente é o turismo de “fast-food” caracterizado pelos concertos, pelas festas, comezainas e do “deixa andar”. Afinal, como é costume dizer-se “ é disto que o meu povo gosta!” Um turismo cheio de bagunça, barulho, confusão… Aliás, quantos menos parques de estacionamento houver, melhor… até parece que está muita gente por cá… é tal a confusão! No entanto e paralelamente, os comerciantes queixam-se da falta de negócio e, aqueles que costumam alugar casas no verão, vêem a procura diminuir… até há hotéis que fecham. E, ao encerrarem, mais desemprego criam.
Vila Praia de Âncora, quer ser terra de um progresso espelho de qualidade, de emprego, de segurança, de comércio, de indústria e de riqueza. A campanha eleitoral já está na rua, agora, vão ser inaugurações, consignações, ilusões, promessas… tudo irá ser feito para turvar a vista dos eleitores ancorenses. O despesismo será o tema em Setembro nas eleições legislativas, em Outubro, desaparecerá pois o que irá interessar serão as obras para inaugurar (prontas ou não).

A política na democracia do nosso tempo!

Nos tempos que correm parece que se tornou moda, na política portuguesa, a trapalhada. Parece que os trinta anos deste tipo de política a que Alberto João Jardim votou a Madeira estão a conquistar os amantes do poder do continente. Desde os responsáveis políticos nacionais até aos autarcas tudo parece rendido à estratégia da confusão, do excesso linguístico e da festa.
Todos nós já notámos que João Jardim aparece na televisão a fazer duas coisas imprescindíveis no Portugal moderno: a fazer uma festa (jantar, inauguração, comício…) e a lançar impropérios aos políticos do continente que são um mau exemplo de democracia. Isto vindo de um homem que irá ultrapassar Salazar na manutenção do poder! Os madeirenses passaram do salazarismo ao jardinismo sem nunca terem respirado a democracia. A falta de coragem dos políticos nacionais aliada ao estilo desbragado de João Jardim e o tempo de antena que as televisões lhe dedicam têm sido os grandes pilares do seu poder.
É também claro que, na Madeira, não há queixas de pressões políticas sobre a justiça ou outra qualquer estrutura da administração nacional. Aliás, o mal que existe neste arquipélago, ou vem do continente ou então traz a marca dos imigrantes.
Jardim aprendeu rapidamente os segredos do poder: manter as elites satisfeitas, controlar a comunicação social e manter o povo entretido com os seus comícios/festas e os seus agravos que a massa popular tanto aprecia.
O grande problema é que infelizmente o continente se rendeu a estas práticas, pouco democráticas e esclarecidas, de fazer política. Ao que parece está na moda os políticos usarem o vernáculo até nas instituições democráticas como demonstrou o deputado José Eduardo Martins (PSD) em plena sessão na Assembleia da República ao destratar um deputado socialista. Todos pudemos assistir a um enorme momento de democracia. Que ensinar nas escolas aos nossos filhos quando os políticos são a negação daquilo que apregoam?
E os autarcas que descobriram a lentidão da justiça e, a seu bel prazer, se vão mantendo no poder usufruindo salários chorudos, vidas de estrelas do jet set e fazendo que querem da vida dos munícipes? Os autarcas sabem que não são vigiados e que mesmo que sejam apanhados numa ilegalidade nada lhes vai acontecer. Desde Fátima Felgueiras a Isaltino Morais ou de Avelino Ferreira Torres a Valentim Loureiro, tudo não passa de mero espectáculo mediático para alimentar a novela televisiva que dá emprego e projecção social a uma série de comentadores (uns ex-políticos e outros a ganharem imagem para o serem).
Só a Câmara Municipal de Caminha tem um score inédito de requerimentos por responder às suas oposições. Alguns datam de 2002! Outra forma de actuação, fazendo fé, no comunicado da COREMA é ter o seu assessor, na calada, a acusar pessoas ou instituições de serem responsáveis por actos que efectivamente não são.
Em Vila Praia de Âncora, por exemplo, circula uma explicação caricata para justificar a presença das auto-caravanas a atentar contra o ambiente e algumas delas até contra a lei. A justificação que temos ouvido da vox populi é que “a câmara não pode fazer nada”! Claro que pode, dizemos nós, pode proibir o estacionamento de caravanas naqueles locais, pode chamar a polícia marítima e alertá-la para o problema do incumprimento da lei. Também pode colaborar com os amantes do autocaravanismo construindo um parque de apoio a esta prática com todas as condições de salubridade e de respeito ambiental. Estamos em época de eleições e, por isso, mais vale colocar um parque infantil na zona da nortada para que alguma das auto-caravanas ainda atropele uma criança. O que interessa, mais uma vez, é que haja qualquer coisa que se possa inaugurar sem que importe quanto custa, o que é ou para que serve… isso é secundário.

O elo mais fraco da crise!

Os tempos actuais são de crise económica e social. Mais uma vez, as políticas liberais são postas à prova e, à semelhança do passado, a economia volta a ter como salvador o Estado. A crise de 1929 parece que pouco ensinou à Humanidade… afinal, 80 anos depois, os mesmos erros repetem-se e a uma maior escala devido à globalização.
O capitalismo impôs-se como a assunção dos princípios democráticos adaptados à economia. Assim, a livre iniciativa, o mercado, a lei da oferta e da procura confundem-se oportunamente com a liberdade e o individualismo e esquecem a fraternidade e a igualdade.
O capitalismo neo-liberal teve o condão de reduzir a vida ao económico e reformar conceitos até então claros para as sociedades: a prostituição passou a ser um negócio onde há actrizes e profissionais do sexo; os artesãos foram convertidos em empresários; o mesmo aconteceu com os agricultores que hoje são empresários agrícolas. As cartas estão baralhadas e a sociedade confundida no meio da incerteza moral e ética.
Mas o pior defeito do capitalismo é a ganância que se revela nas empresas, na política ou na vida social. Os políticos assumem-se cada vez mais como pequenos burgueses que olham sobranceiramente o seu eleitorado. Afinal, de onde vêm eles e para onde vão depois de passarem pelos órgãos do Estado? Tornam-se administradores de empresas!
Mas a crise que foi inventada e reinventada nas noites do capital e da especulação não poupa o povo. O elo mais fraco da cadeia alimentar do capitalismo. O povo que sustenta todo o sistema é então acusado de falta de produtividade e/ou competitividade, de viver acima das suas possibilidades. Como é possível viver “acima das possibilidades” com 400 euros por mês?
A crise e o descontentamento aumentam e o povo torna-se no “rio descontrolado” descrito por Nicolau Maquiavel. Parte em busca do responsável pela crise e vai acabar por encontrá-lo no mais indefeso da sociedade: o imigrante. Ele vai acabar por ser o culpado de tirar o emprego e contribuir para o aumento da criminalidade.
A xenofobia e o racismo têm, na actualidade, terreno fértil para lançar sementes às novas gerações. No entanto, este país de emigrantes que sofre(u) na pele os males da perseguição e da insegurança, nada aprendeu com a sua experiência.
Nem todos os imigrantes imigram por razões económicas e, a esmagadora maioria, são gente séria e trabalhadora. Precisam de ser integrados na nossa sociedade que se quer cosmopolita e, por isso, intercultural. E, neste capítulo, nada se tem feito no nosso país quando nos comparamos com a Europa dos 15 e, mais particularmente, com a vizinha Espanha.
A educação é a pedra basilar desta mudança de atitude perante este nosso semelhante que não é o responsável, mas antes mais uma vítima, da crise. Portugal e, em particular, o nosso sistema educativo não está apetrechado com um observatório de convivência escolar e de educação para cidadania ao longo da vida.
Temos um largo caminho a percorrer: aprofundar a democracia promovendo a participação cívica e estimular a justiça social diminuindo o fosso entre ricos e pobres. A excelência da sociedade portuguesa e o seu reconhecimento no Mundo deveria passar pela afirmação da justiça social e da democracia fundada no reconhecimento da pessoa humana como fim único da realização das sociedades.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

“Reinventemos (…) a democracia antes que seja demasiado tarde.”

A democracia foi uma conquista que, do ponto de vista das sociedades humanas, enleva mais de 25 séculos de construção. De mera aspiração pessoal - calada sob a força bárbara, dos despotismos e do estado selvagem das primeiras comunidades humanas - à especulação filosófica foi quase uma eternidade. Mas a coragem de pensamento e reflexão dos grandes filósofos gregos semeou, pouco a pouco, o pensamento democrático da Humanidade.
Desde essa altura, o Homem, não mais deixou de inquietar-se perante a ideia de uma sociedade capaz de respeitar a diferença. A democracia, afinal, parece ter chegado a Portugal somente há quase quatro décadas. O que é isto numa História tão longa, feita de avanços e retrocessos, sociais e culturais? Talvez por isso, ainda hoje o nosso país lide mal com a diferença e tenha dificuldades em exorcizar a sua consciência obscurantista e medieval: com os deficientes, os homossexuais, os imigrantes, os dos outros partidos políticos, ou seja… os diferentes.
A autarquia caminhense conduziu-nos, nos últimos oito anos, ao passado sombrio do mais puro maquiavelismo e jogos antidemocráticos: nas reuniões de câmara (que sempre foram livres) passou-se à limitação dos tempos de intervenção e à concentração dos poderes na Sra. Presidente da Câmara; nas Assembleias Municipais, desligam-se microfones a deputados democraticamente eleitos e permite-se que, cidadãos de fora do concelho, usem da palavra para maldizer membros da oposição e vangloriar os detentores do poder bajulando-os com presentes; a utilização dos meios de comunicação social de forma político-partidária e não informativa; a exaltação de períodos negros da nossa História; o ataque brutal àqueles que ousam dizer não! Dizer “não”, correspondia a trautear Zeca Afonso e era uma evidência de espírito democrático que aceitava o diálogo e condenava a perseguição e a repressão. Temos a certeza que, muitos dos nossos leitores, recordarão esses tempos como de luta pela liberdade. Outros haverá que acreditam na própria democracia como instrumento de regresso a um regime totalitário.
Talvez José Saramago, tenha razão quando escreve que “o que chamamos democracia começa a assemelhar-se tristemente ao pano solene que cobre a urna onde já está apodrecendo o cadáver.”
Os inéditos e fatídicos acontecimentos da reunião de câmara de 22 de Dezembro de 2008 tiveram agora condenação por parte do Tribunal Administrativo de Braga. O ataque à democracia em Caminha está a atingir o limite. Recordemos os factos: Júlia Paula quer endividar mais o município em 4,4 milhões de euros; Júlia Paula teme que o ex-membro da sua equipa e vereador, Bento Chão (Independente, ex-PSD), vote contra as suas pretensões; como não fala com as oposições, a presidente, teme também que (e muito bem) os socialistas chumbem mais este endividamento para satisfazer obviamente necessidades eleitorais; provavelmente consciente da gravidade que representa a apresentação de um “incidente de impedimento” não fundamentado, não está presente na reunião e faz-se substituir por Celeste Taxa (PSD); preside a essa reunião, o vereador Flamiano Martins (PSD) em que, o vereador Paulo Pereira (PSD), entrega os respectivos pedidos de “incidente de impedimento” para evitar que Bento Chão participe nas votações (Orçamento de 2009 e empréstimo); por “coincidência”, Flamiano Martins já tinha a resposta escrita e deferiu imediatamente o pedido; “casualmente”, João Maria Pereira (PSD), assistia a estes factos e, na qualidade de suplente nas listas do PSD à autarquia foi chamado para votar estes documentos tendo, por isso, o vereador Bento Chão obrigado a abandonar a reunião; a oposição socialista, em protesto e em defesa das boas práticas democráticas abandonou a reunião.
Como sempre, não faltaram acusações de irresponsabilidade por os socialistas terem abandonado a reunião e ataques pessoais (alegadamente que nutriria ódio pela presidente da câmara) ao independente Bento Chão, levando ambos a interpor uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo de Braga.
Mais tarde, na Assembleia Municipal, os deputados socialistas simbolicamente e, em defesa da democracia, depois de terem pedido para estes documentos não serem votados pelo facto de estarem em curso providências cautelares nos tribunais, ouviram os doutos pareceres dos deputados do PSD que, afirmaram que tudo era legal, transparente e democrático. Curiosamente, o presidente da Assembleia Municipal, tinha suspendido o seu mandato, julgamos nós, para não participar em tal farsa.
O tribunal falou em nome da democracia e, Flamiano Martins (PSD) e Paulo Pereira (PSD), foram condenados a pagar as custas do processo por alegadamente terem praticado um “acto inquinado de violação da lei”.
Estes acontecimentos, fizeram-nos pensar nas palavras de Gustave Le Bom “um ditador não passa de uma ficção. Na verdade, o seu poder dissemina-se entre numerosos subditadores anónimos e irresponsáveis cuja tirania e corrupção não tardam a tornar-se insuportáveis”.
É importante a existência das oposições para que a democracia sobreviva às pretensões daqueles que, disfarçados de democratas, pretendem subjugar o povo e a Lei à sua vontade.
É bom que as personagens envolvidas neste “golpe palaciano” pensem que, quando não estiverem no poder e se este for entregue a alguém que não tenha escrúpulos, podem ver os seus direitos de oposição esmagados. Quem exerce o poder em democracia deve ser magnânime e assertivo com todos… por que todos lhe pagam o seu salário para que exerça o poder com responsabilidade democrática. Obras todos os que ocuparam o poder fizeram, ditadores e democratas, a forma como exerceram esse poder é que distinguiu historicamente os bons dos maus políticos.