Translate

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Caminha: o turismo na era do vazio!


O verão chegou embora o tursimo não pareça ter acompanhado esta estação do ano. Com certeza que a explicação parece ser óbvia: o tempo não se enquadra com a época estival.
É também um facto que o concelho de Caminha não tem, além das excelentes condições naturais, equipamentos que per si atraiam turistas. Não existe uma oferta museológica de referência, eventos culturais de massas (o único, Festival de Vilar de Mouros, foi eliminado da agenda cultural caminhense) não existem concertos e espectáculos apelativos a determinados segmentos (culturais, do estilismo, da música, do cinema...), não há auditórios que comportem este tipo de ofertas, salas de cinema, feiras internacionais, etc.
Por fim, não existe uma política de turismo com estratégias concertadas entre os diferentes agentes (políticos, económicos e sociais) de forma a vender a marca do concelho de Caminha. Aliás, a grande dificuldade da venda da marca do município caminhense pode começar pela sua definição. Afinal, o que define este concelho do vale do Minho?
O sector turístico vem-se ressentindo de ano para ano desta ausência de políticas estruturais por parte dos nossos responsáveis autárquicos mais preocupados com a cultura da fêvera, da festa, da repetição até à exaustão de um determinado tipo de grupos, canções e géneros. Caminha esqueceu há muito tempo o significado da palavra inovação.
Megulhados nesta era do vazio em que vivemos é sempre necessário arranjar culpados para os fracassos de determinados decisores políticos obsecados com flores e ferros com cimento ao alto e tapetes vermelhos a contento.
Pelas ruas lá nos vamos cruzando com algumas pessoas que, embora já estejam retiradas da sua vida activa, se dedicam a dar opiniões sobre factos a que não assitiram, revistas que não leram ou jornais que só conhecem de nome (e que, às vezes, fazem questão de dizer que “nunca leio”). Quando instadas a revelar quem lhes meteu tais ideias na cabeça refugiam-se no confortável “ouvi dizer”!
A última destas conversas que mantive foi deveras esclarecedora sobre as intenções de tais “ditos”. Diziam-me que na comunicação social não se podia falar das coisas que estão mal cá na terra porque faz mal ao turismo. Até os colunistas deviam ter vergonha por estarem a divulgar factos que “até podem ser verdade” mas que prejudicam a imagem da terra.
Ficamos então com uma certeza: nunca se deve dizer a verdade a não ser que ela seja boa! Por exemplo, só devemos dizer à nossa esposa que endividamos a família se o resultado do negócio for bom, se for mal calámo-nos e, no fim, a polícia entra-nos pela casa dentro. Ou, se a água do rio puser a nossa saúde em risco, devemos estar calados porque depois os turistas não vêm...
É claro que, alguns responsáveis políticos, actualmente no exercício do poder são defensores desta teoria que ironicamente, no passado, não cumpriram empenhados que estavam no combate político. Agora, até as suas próprias asneiras os atrapalham e até, reconhecemos, dar-lhes-ia um certo jeito a comunicação social não falar dos seus erros mas exacerbar as suas virtudes.
Enquanto houver gente disponível para servir de caixa de ressonância a esta maneira de estar na vida bastará ir plantando umas flores, limpando uns canteiros, organizar umas festas e satisfazer o ego de alguns que anseiam pelo reconhecimento social que o povo continuará sereno.
Quanto ao resto: o desemprego que aumenta entre os munícipes (principalmente os jovens e os de meia idade), a falta de jardins-de-infância, ludoteca, quartéis de bombeiros, melhores serviços de saúde, mais apoio aos idosos, de piscinas e outros equipamentos desportivos, as casas mortuárias, os centros paroquiais, o saneamento para todas as freguesias, os cartões dos idosos, a inexistência de investimentos geradores de emprego e de riqueza... tudo isso... não se deve dizer porque afecta a imagem da terra!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.