As notícias da noite de quarta-feira faziam prever o desfecho de
hoje: morreu a Duquesa de Alba aos 88 anos. A segunda mulher com mais
títulos de nobreza do mundo (a primeira era Duquesa de Medinacelli) e
uma das mais icónicas figuras da monarquia espanhola estava em estado
grave desde ontem. María del Rosario Cayetana Paloma Alfonsa Victoria
Eugenia Fernanda Teresa Francisca de Paula Lourdes Antonia Josefa Fausta
Rita Castor Dorotea Santa Esperanza Fitz-James Stuart y Silva Falcó y
Gurtubay era o nome completo, mas era chamada carinhosamente Dona
Cayetana pelo povo, Duquesa de Alba pela imprensa e Tanuca pelos
pais. No seu palácio em Sevilha, Palácio de Dueñas, já se tinham juntado
os seis filhos – de quem disse não saber ser mãe, mas ter feito o
melhor que conseguiu, por ter ficado órfã aos seis anos -, os dois
netos, o marido e alguns amigos, que a acompanharam toda a noite em casa
e na sua transferência para o hospital.
Carmen Tello, conhecida por ser uma das melhores amigas da Duquesa,
ficou incumbida de fazer as comunicações à imprensa: “Estamos muito
tristes. Gostamos muito dela e Sevilha também gosta, porque ela é uma
mulher que faz com que se goste dela.”
Viveu a sua vida, dizendo não se preocupar com que os outros
pensavam, e a mostrar publicamente o gosto pela moda mesmo que isso
fizesse dela capa de revistas cor-de-rosa, na sua biografia “O que a
vida me ensinou” contou o seu mote de vida:
“A personalidade é a maior característica do estilo. Nasci numa casa onde tinha tudo para ser elegante, mas a mim não me interessava.”
Para o número de títulos, tinha também uma resposta preparada:
“Sempre que me perguntam pelo número de títulos ou que me dizem que eu tenho o sangue mais azul do mundo, respondo sempre o mesmo: ‘É uma parvoíce. Mas isso nada tem a ver com o meu verdadeiro dever e formação que me incutiram os meus para com a minha casa.”
A Duquesa, católica e com gosto pela dança, deu entrada no hospital
no domingo com uma pneumonia que levou a uma arritmia. Um quadro clínico
que resultou de uma gastroenterite que já a teria deixado debilitada.
Mesmo assim, saiu do hospital e foi para casa tal como era seu desejo.
Já há algum tempo que recusa os convites para aparições públicas e nos
últimos meses praticamente não saia do palácio. A esperança dos seus
mais próximos mantinha-se. Já em 2002 tinha sofrido uma isquemia
cerebral e uma hidrocefalia, que deixou a família e os aficionados da
nobreza pânico, mas contra todas as expectativas reapareceu dizendo os
mais próximos que ficou “revitalizada”.
A morte foi entretanto confirmada por José Ignacio Zoido, alcaide de
Sevilha, que lamentou o sucedido à mulher “que sempre teve Sevilha no
coração e por isso permanecerá sempre no coração de Sevilha. Descanse em
paz.” O corpo da terceira mulher à frente de uma família com mais de
500 anos de história, estará em câmara ardente no Salão Nobre da Casa
Consistorial espanhola, espaço onde normalmente se celebram plenários
municipais e os principais eventos.”
Na sua longa e ocupada vida ultrapassou duas guerras, uma em
Espanha – a Guerra Civil – e outra em Inglaterra – a Segunda Guerra
Mundial – enquanto o seu pai era embaixador naquele país e onde estudou.
Durante os anos 50 e 60 a sua casa era conhecida por receber a
“realeza” de Hollywood, caras como Charlont Heston e Audrey Hepburn não
eram desconhecidas no palácio. Dos Estados Unidos também costumavam vir
duas amigas que faziam com que a casa se tornasse uma atração mundial,
Jacqueline Kennedy e Grace do Mónaco.
Cayetana de Alba passou os últimos a ver filmes com o terceiro
marido, Alfonso Díez de 64 anos, que para ser aceite pelos filhos da
duquesa renunciou a todo o património e prometeu cuidar dela até aos
últimos dias. Casaram-se a cinco de outubro de 2011 e a diferença de 24
anos entre os dois nunca foi um problema para o casal. No dia do enlace,
Cayetana usou um vestido cor-de-rosa dos estilistas Victorio y Lucchino
e uns sapatos de Pilar Burgos sobre os quais rodou os calcanhares
dançando durante toda a boda, como era seu hábito. A festa alargou-se
além portas do palácio e a Duquesa foi acarinhada pelo povo que festejou
e desejou vida longa aos noivos.
Fonte: http://observador.pt/2014/11/20/morreu-duquesa-de-alba-aos-88-anos/
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