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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Jordi Savall renuncia ao Prémio Nacional de Música de Espanha num protesto ao governo


Barcelona, 30 out (Lusa) - O musicólogo, maestro e compositor espanhol Jordi Savall renunciou hoje ao Prémio Nacional de Música, de Espanha, acusando o governo espanhol de "irresponsabilidade e incompetência", na defesa da arte.

Jordi Savall, 73 anos, foi distinguido na quarta-feira com o Prémio Nacional de Música, mas anunciou hoje, em comunicado, que renuncia "com profunda tristeza" ao galardão, instituído pelo Ministério da Cultura de Espanha, lamentando o desprezo por quem tenta manter vivo "o património musical hispânico".

O músico, que atuou no dia 19 em Lisboa e se apresenta a 04 de novembro no Porto, agradeceu o reconhecimento pelo prémio, no valor de 30.000 euros, mas justifica esta renúncia como um "ato de repulsa em defesa da dignidade dos artistas", e que possa servir de "reflexão para pensar e construir un futuro mais esperançoso para os jovens".


Ler mais: http://visao.sapo.pt/jordi-savall-renuncia-ao-premio-nacional-de-musica-de-espanha-num-protesto-ao-governo=f799992#ixzz3HeZ2sJhH

Rússia vai reconhecer eleições organizadas por separatistas na Ucrânia

A Rússia anunciou que reconhecerá os resultados das eleições legislativas e presidenciais de 2 de novembro nas regiões do leste ucraniano controladas pelos insurgentes pró-Rússia, uma decisão criticada por Kiev.

"Esperamos que as eleições sejam celebradas como estão previstas e reconheceremos, certamente, os resultados", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, ao jornal Izvestia.

Enquanto os partidos pró-Ocidente que venceram as eleições de domingo na Ucrânia negoceiam a formação de um novo governo na capital, Moscovo recorda, com as suas declarações, que uma parte do território não está sob controle do Executivo.

Moscovo, que segundo Kiev e os países ocidentais, fornece apoio militar aos insurgentes, não havia reconhecido formalmente em maio os referendos de independência celebrados pelos separatistas.

Mas, de acordo com Lavrov, se trata desta vez de "legitimar as autoridades rebeldes", como parte dos acordos de Minsk que estabeleceram um cessar-fogo, em 5 de setembro, para tentar deter os combates que deixaram 3.700 mortos, segundo a ONU, no leste ucraniano.

Os acordos de paz preveem uma ampla autonomia para as zonas separatistas com um "governo autónomo provisório" e eleições locais, parte de uma descentralização e não de uma independência.

Os separatistas, que não votaram nas legislativas de domingo, não acataram a decisão de Kiev, que apresentou a proposta de eleições a 7 de dezembro, e acabaram por organizar organizar, por conta própria, eleições nas duas "repúblicas" autoproclamadas de Donetsk e Lugansk.

Para a Ucrânia, Moscovo violou o acordo de paz de Minsk.

"A intenção da Rússia mina o processo de paz, fragilizando a confiança no país enquanto parceiro internacional seguro", declarou à AFP Dimytro Kuleba, alto funcionário do ministério ucraniano das Relações Exteriores.


Rublo em queda e preços em alta


A crise ucraniana com a destituição do ex-presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch, a anexação da Crimeia pela Rússia e o conflito armado no leste provocou a maior crise entre Moscovo e os países ocidentais desde o fim da Guerra Fria.

A economia russa, abalada por sanções que afetam os grandes bancos e o fundamental setor petroleiro, está à beira da recessão. O rublo voltou a registrar um recorde negativo nesta terça-feira em comparação com o euro e o dólar.

O fenómeno tem incidência direta sobre os preços, com uma inflação que já supera 8%.

A situação no leste da Ucrânia permanece tensa e os combates foram retomados na segunda-feira, após um fim de semana de relativa calma.

Em Donetsk, os confrontos prosseguiam na área próxima do aeroporto.


Yatseniuk lidera

                                          

Com 86% dos votos apurados, a vitória eleitoral das forças pró-Ocidente foi confirmada.

A Frente Popular do primeiro ministro Arseni Yatseniuk lidera com 22% dos votos, seguida pelo bloco do presidente Petro Poroshenko (21,7%).






                                        

Ambos terão que trabalhar para formar uma coaligação que incluirá provavelmente integrantes do Samopomitch (10,9%), um movimento que reúne jovens que participaram nos protestos pró-Europa da Praça Maidan de Kiev, e talvez o partido da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko (5,7%). 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Eleições Presidenciais / Brasil 2014

DilmaAécio
Dilma Rousseff       Aécio Neves

O primeiro turno da eleição para o novo Presidente do Brasil foi realizado em 5 de Outubro de 2014. Nenhum dos candidatos atingiu mais de 50% dos votos válidos, portanto um segundo turno foi realizado em 26 de Outubro. A atual presidente da República, Dilma Rousseff, foi reeleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT), vencendo o senador mineiro Aécio Neves do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Esta eleição foi marcada pela morte de Eduardo Campos, que era o candidato do PSB, em um acidente aéreo no dia 13 de Agosto de 2014. Ele foi substituído por Marina Silva, do mesmo partido, que ficou em 3º lugar na eleição.

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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A religião não pode dividir

Violências no Próximo Oriente e ecumenismo num discurso de Bartolomeu 

«Um crime cometido em nome da religião é um delito contra a própria religião, porque o ódio se reveste de religião com a finalidade de semear inimizade numa história que já não possui nada de santo nem de sagrado». 


Ao receber no Fanar um grupo de peregrinos da arquidiocese de Milão e uma delegação de jornalistas do diário francês «la Croix», o Patriarca ecuménico e arcebispo de Constantinopla, Bartolomeu, voltou a falar sobre as violências «insustentáveis» no Próximo Oriente e na Ucrânia. Tragédias, «barbáries de outros tempos», que nada nem ninguém pode justificar.

http://www.osservatoreromano.va/pt/news/religiao-nao-pode-dividir#sthash.6TiTBafi.dpuf

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Livros que valem a pena: Vita Brevis (Codex Floriae)



Vita Brevis é um livro de Jostein Gaarder, editado em 1996, que trata de um suposto Codex Floriae, que teria sido comprado pelo autor numa feira do livro de Buenos Aires (Argentina). Consiste numa colecção de cartas da mãe do filho de Santo Agostinho, Flória Emília, dirigidas ao ex-amante. Nelas, a mulher revela o seu desagrado por ter sido deixada pelo ascetismo do bispo de Hipona. Mónica, a mãe de Agostinho, também é referida várias vezes ao longo da obra por ter contribuído para a separação dos amantes.


O suposto Codex Floriae não tem a sua autenticidade provada. Pode ser apenas um recurso literário do autor, já que o livro é classificado pelas livrarias e pela própria editora como um "livro de ficção". O autor de O Mundo de Sofia também não é conhecido por ser tradutor de obras em latim. No entanto, a questão permanece em aberto.

O certo é que A Vida é Breve é um texto sensível, embelezado com algumas frases célebres proferidas pelos Antigos. Aconselho vivamente a sua leitura (que é fácil, simples e deliciosa) a todos os que conhecem e amam a história de Santo Agostinho.
Deixo-vos aqui o prólogo da obra para vos adoçar o bico!


A Vida é Breve - Prólogo

A Vida é Breve
Carta de Flória Emília a Aurélio Agostinho
Tradução de Maria Luísa Ringstad
«Quando visitei a Feira do Livro de Buenos Aires, na Primavera de 1995, recomendaram-me vivamente que reservasse uma manhã para a famosa feira da ladra de San Teimo.
Após algumas horas de arrebatamento diante das bancadas ao ar livre, acabei por me refugiar num pequeno alfarrabista. Entre uma modesta selecção de manuscritos antigos, os meus olhos foram atraídos por uma caixa vermelha que tinha uma etiqueta onde se lia: Codex Floriae. Algo despertou o meu interesse e abri a caixa cautelosamente. Lá dentro descobri um maço de folhas manuscritas que pareciam antigas, muito antigas, e verifiquei rapidamente que o texto era em latim.
Numa linha à parte, havia uma saudação inicial escrita em maiúsculas: «Flória Aemilia Aurelio Augustino Episcopo Hipponiensi Salutem.» Flória Emília saúda Aurélio Agostinho, bispo de Hipona... Devia tratar-se de uma carta. Mas seria realmente uma carta endereçada a esse teólogo e padre da Igreja que, a partir de meados do século IV, passou a maior parte da sua vida no Norte de África? E teria essa carta sido enviada por uma mulher chamada Flória?
Eu conhecia bem a biografia de Agostinho. Nenhuma outra figura mostra com tanta clareza a profunda mudança cultural que teve lugar na transição da antiga cultura greco-romana para a cultura cristã, que viria a caracterizar a Europa até aos nossos dias. A melhor fonte para conhecer a vida de Agostinho é, naturalmente, ele próprio. As suas Confissões (Confessiones, escritas por volta do ano 400) proporcionam uma visão única do agitado século IV, assim como dos seus próprios conflitos espirituais, relacionados com a fé e a dúvida. Agostinho é, talvez, o indivíduo anterior à Renascença que mais próximo de nós está.
Mas que mulher lhe poderia ter escrito uma carta tão extensa? Na caixa havia pelo menos setenta ou oitenta folhas. Eu nunca ouvira falar de um tal documento.
Tentei traduzir uma outra frase: «Como é estranho ter de te saudar nestes termos! Em tempos que já lá vão, teria escrito apenas "para o meu pequeno e divertido Aurélio".» Não estava muito certo da tradução, mas não restavam dúvidas de que esta carta evidenciava um tom muito pessoal.
De repente ocorreu-me um pensamento: poderia esta carta ser daquela mulher que fora a concubina de Agostinho durante anos; isto é, da mulher que ele próprio conta ter tido que deixar por ter escolhido abster-se para o resto da vida de todo o amor sensual? Senti um calafrio porque sabia bem que a única coisa que se conhece da tradição agostiniana sobre essa infeliz mulher ou sobre a sua longa convivência com Agostinho, é o que ele próprio escreve nas suas Confissões.
Passados alguns momentos o alfarrabista aproximou-se e apontou para a caixa. Eu estava ainda petrificado pela importância do manuscrito que estava a tentar avaliar.
Uma maravilha! disse o homem.
Sim, penso que sim...
Eu já tinha dado algumas entrevistas aos jornais e à televisão por ocasião da Feira do Livro e o homem reconheceu-me.

— El Mundo de Sofia?

Confirmei com a cabeça. Então o alfarrabista inclinando-se sobre a caixa, abriu-a e colocou-a em cima de um pequeno monte de outros manuscritos como se quisesse dar a entender que não estava muito interessado em vender aquele. Talvez ele tenha ficado um pouco mais receoso depois de se ter apercebido de quem eu era.
Uma carta a Santo Agostinho?perguntei. O seu sorriso denotava inquietação.

Acha que esta carta é autentica?

Não é impossível disse ele.Chegou-me ás mãos há poucas horas, mas se eu tivesse percebido que se tratava do manuscrito que realmente parece ser, não estaria aqui.

Como é que arranjou isto? O alfarrabista riu-se:

Se eu não soubesse proteger os meus clientes, estaria fora deste ramo há muitos anos.

Uma imensa curiosidade apoderou- se de mim.

Quanto pede por isto?perguntei.

Quinze mil pesos.
Quinze mil pesos pareceu-me um exagero por um manuscrito que, embora parecesse ser uma carta da concubina de Agostinho, tinha provavelmente apenas alguns séculos. Na melhor das hipóteses, podia tratar-se da reprodução de uma carta até agora desconhecida, para o padre da Igreja ou, mais provavelmente, da cópia de outra reprodução ainda mais antiga. Não se podia excluir a hipótese de ter sido escrita em algum convento latino- americano durante o século XVII ou XVIII. Verdade seja dita, até mesmo nesse caso era uma coisa que valia a pena levar para a Europa. Ouvi dizer que em certas comunidades religiosas os Santos Católicos escreviam ou recebiam, de vez em quando, este tipo de carta apócrifa.
Visto que o alfarrabista ia fechar a loja, apressei-me a apresentar-lhe o cartão Visa.
Doze mil pesosdisse eu.
Ofereci-lhe quase cem mil coroas norueguesas por uma coisa que, provavelmente, não tinha qualquer valor como antigüidade. Mas eu sentia uma grande curiosidade pelo manuscrito e não era, com certeza, a primeira pessoa que pagava caro pela sua curiosidade. Quando li asConfissões de Santo Agostinho pela primeira vez, muitos anos antes, tentei colocar-me na situação desta concubina. A visão que Agostinho tinha do amor entre homem e mulher impressionou-me profundamente.
O livreiro aceitou a oferta, dizendo: Acho que devemos considerar esta compra e venda como uma espécie de risco partilhado.

Mostrei-me surpreendido, porque não compreendi o que o homem pretendia dizer com aquilo. Então explicou-me:
Ou estou a fazer um negócio estupendo ou é o senhor quem está a fazer uma compra ainda melhor.
Registrou o cartão de crédito e disse com um ar sombrio:

Nem tive tempo de ler o manuscrito. Dentro de dias, o preço subiria consideravelmente ou eu mesmo atiraria esta caixa vermelha para o caixote do lixo que vê ali em frente.

O cesto que indicava estava repleto de livros de bolso velhos, e tinha um cartaz onde se lia: «2 pesos».
Fui eu quem fez o melhor negócio. O Codex Floriae é efetivamente dos finais do século XVI e foi, muito provavelmente, escrito na Argentina. A grande dúvida é se existiu, realmente, um pergaminho antigo a partir do qual foi reproduzido o Codex Floriae.
Mas estou absolutamente certo de que se trata de uma carta autêntica, escrita por aquela que foi a amante de Agostinho durante muitos anos. Não me parece possível que tenha sido falsificada na Argentina nos finais do século XVI. É mais natural aceitar que o original provém da época de Santo Agostinho. Tanto a sintaxe como o vocabulário usados no documento apresentam a marca inconfundível da antigüidade; o mesmo acontece com a mistura de sensualidade e reflexão religiosa quase desesperada que Flória deixa transparecer.»

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Paquistão: confirmada sentença de morte para Asia Bibi

Tribunal de Recurso de Lahore rejeitou a defesa apresentada pelos advogados da mulher cristã acusada de blasfémia
 
 
Depois de uma série interminável de adiamentos, a audiência de apelo de Asia Bibi resultou na confirmação de sua sentença à morte. A mulher cristã paquistanesa acusada de blasfémia, foi condenada à morte em primeiro grau em 2010.
 
Assim que saiu do Tribunal de Recursos de Lahore, tribunal de segunda instância que responde pelo caso, um dos seus advogados, o cristão Naeem Shakir Christian, confirmou à Agência Fides que o recurso apresentado foi rejeitado.
 
Não serviu para nada, na audiência realizada esta manhã, a defesa baseada em argumentos escritos que desmontavam as testemunhas de acusação, contradizendo os testemunhos menos credíveis e a evidente construção de falsas acusações.
 
"O juiz considerou válidas e credíveis as acusações das mulheres muçulmanas (duas irmãs) que testemunharam sobre a suposta blasfémia cometida por Ásia Bibi. Trata-se das duas mulheres com as quais Ásia tinha tido uma altercação da qual resultou o caso", disse Shakir, manifestando amargura e desilusão.
 
De acordo com o advogado, "a justiça está cada vez mais nas mãos dos extremistas", anunciando que, de acordo com o marido de Ásia, vai-se recorrer ao Supremo Tribunal, o terceiro e último nível de justiça no Paquistão.