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segunda-feira, 21 de julho de 2014

A violência vence-se pela paz

O Papa Francisco telefona pessoalmente aos presidentes israeliano e palestino compartilhando as suas preocupações pelo conflito

Depois de dez dias de ataques aéreos contínuos em resposta aos foguetes de Hamas, o exército israeliano lançou ontem durante a noite uma ampla operação terrestre na Faixa de Gaza. Portanto, não obteve sucesso a iniciativa diplomática egípcia e as esperanças de paz parecem cada vez mais distantes.

Na sequência do apelo premente para que se continue a rezar pela paz na Terra Santa, lançado domingo passado, esta manhã o Papa Francisco telefonou pessoalmente ao presidente israeliano Shimon Peres e ao presidente palestino Mahmoud Abbas, compartilhando as suas gravíssimas preocupações pela atual situação do conflito, que atinge em particular a Faixa de Gaza e que, num clima de crescente hostilidade, ódio e sofrimento para os dois povos, está a semear numerosas vítimas e causando uma situação de grave emergência humanitária. Como fizera durante a sua recente peregrinação à Terra Santa e por ocasião da invocação pela paz no passado dia 8 de Junho, o Papa garantiu a sua oração incessante e a de toda a Igreja pela paz na Terra Santa e compartilhou com os seus interlocutores, que considera homens de paz e que querem a paz, a necessidade de continuar a rezar e a trabalhar para fazer com que todas as partes interessadas e quantos têm responsabilidades políticas a nível local e internacional se comprometam para fazer cessar qualquer hostilidade, esforçando-se em prol de uma trégua, da paz e da reconciliação dos corações.
Também o secretário-geral da Onu, Ban Ki-moon, auspiciou que em breve as armas possam ser silenciadas. Com efeito, declarou que «não pode haver uma solução militar para este conflito».

in http://www.osservatoreromano.va/pt/news/invocacao-pela-paz#.U80eOC9dY74

sexta-feira, 18 de julho de 2014

O nosso idioma é internacional

Partilho com os meus leitores este magnífico artigo publicado originalmente no jornal "La Region" no suplemento especial "Dia das Letras" de José Paz Rodriguez*


No Sempre em Galiza assinalava Castelao que “o nosso idioma é extenso e útil porque com pequenas variantes fala-se em Brasil, Portugal e nas hoje ex-colónias portuguesas da Ásia e da África”. Pola sua parte, Risco comentava em 1930 que “poucos galegos se têm percatado do que Portugal é para nós. Portugal é a Galiza ceive e criadora, que levou polo mundo adiante a nossa fala e o nosso espírito, e inçou de nomes galegos o mapa do mundo”.

Rafael Dieste, que em 1933 dirigiu magistralmente a missom pedagógica por Galiza, no seu livro Ante a terra e o céu, diz : “Existe entre o galego e mais o português tam estreita afinidade que quanto mais português é o português e mais galego é o galego, mais venhem a se assemelharem”. Em Pensamento e Sementeira, Vilar Ponte escreve : ”Ou é que ainda hai quem, possuindo algumha cultura, pense que o nosso idioma vernáculo e o idioma de Portugal nom som todo um e o mesmo, com idêntica sintaxe e idêntico léxico, agás pequenas diferenças, fáceis de subsanar, se nom se querem unificar a custo dum pequeno esforço, e agás galicismos e americanismos que abundam na fala dos irmaos de além Minho?”.

Em similares termos falárom outros dos nossos vultos como Otero, Murguia, Biqueira, Bouça-Brei, Blanco Torres, Carvalho Calero, Guerra da Cal e Marinhas del Valhe, ademais de esse grande galego de Anadia que foi Rodrigues Lapa.

Diante deste prístino pensamento lingüístico, desenvolvido nas décadas dos anos vinte e trinta do passado século, um nom se explica porquê os galegos virárom as costas e fechárom os olhos a umha realidade tam evidente. Fazendo seguidismo dum muito errado cidadao asturiano chamado Constantino Garcia, que, para se perpetuar, deixou de herdeiro um Manolo González dirigindo o Centro “Ramón Piñeiro”, do que nos contam tem um orçamento elevadíssimo e umhas contas em excesso opacas.

Polo que nom é admissível que seja neste lugar onde de verdade se decida a errada política lingüística levada a cabo nos últimos tempos. Afastando-nos do mundo lusófono ao que pertencemos e indo contra o mais elementar sentido lingüístico da romanística. Grande responsabilidade é a dos dirigentes deste centro e também a do actual presidente da Academia corunhesa, tomando decisões em nome dos galegos, muito negativas para a internacionalidade e o futuro da nossa língua.

Disfarçadas de falsa normalizaçom, nos últimos 25 anos na Galiza, levamos sofrendo autênticas políticas de substituiçom lingüística. As autoridades e as administrações públicas, em vez de garantir os direitos lingüísticos e democráticos do povo galego, discriminam e perseguem aos que discrepamos e nom aceitamos o programa de substituiçom lingüística e a dialectalizaçom castelhana do nosso idioma, que tenta fazê-lo desnecessário no seu próprio país.

Temos também que exigir o reconhecimento da condiçom internacional da nossa língua, que com a variedade própria das línguas internacionais é falada por centos de milhões de pessoas no mundo, quer como língua nativa, tal como nós, quer como língua oficial de 8 Estados soberanos nos cinco continentes, ou como língua cada vez mais estudada em todo o mundo polas vantagens das línguas internacionais.

Todos os galegos e galegas temos que exigir umha mudança imediata das políticas que tentam fazer a nossa língua desnecessária e dialectal, para outras que garantam os nossos direitos lingüísticos individuais e colectivos, fazendo que o idioma da Nossa Terra seja extenso e útil. Aos nacionalistas temos que solicitar-lhes umha política mais inteligente no apoio à língua, fomentando o uso mais por convencimento que por imposiçom e adiando, se pode ser de forma definitiva, o seu clássico sectarismo.

Muitas vezes as sobreprotecções som mais negativas que positivas. Umha mae “canguru” com o seu filho nom é consciente de que nom está a favorecer o seu desenvolvimento com tal atitude. Aos mesmos recomendamos-lhes voltem a ler o que diziam os nossos vultos mais importantes e os programas daquelas Irmandades da Fala, com ideias muito mais claras que as dos políticos de hoje.

Finalmente solicitamos à actual Junta da Galiza, e ao seu presidente, que, quanto antes, se efective aquele acordo unánime de que de umha vez por todas se podam ver na Galiza as televisões portuguesas e se escutem as rádios. Que se solicite já a entrada da Galiza como membro de pleno direito no conselho da lusofonia (CPLP) com representaçom oficial. Que, quando se aprove no parlamento português o acordo ortográfico, Galiza se adira ao mesmo. E que nom se perda mais tempo, dinheiro e esforços em manter umha língua afastada do mundo ao que pertence. Galiza tem que deixar de ser de umha vez “o País dos tempos perdidos”.
 
(*) Professor da Faculdade de Educação de Ourense (Universidade de Vigo).

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A escolha da solidão

Não há só homens eremitas, mas também mulheres, embora muitos tendam a esquecê-lo porque é uma vida perigosa e, com frequência, malvista pelas autoridades religiosas e laicas. Desde as origens, houve mulheres que decidiram viver fora do barulho do mundo, no isolamento, no silêncio e no recolhimento. E não fechadas num mosteiro. A sua escolha não é só um fenómeno distante no tempo, mas um modo de viver ainda hoje praticado, um importante caminho de busca de uma relação com Deus, de quem quer «ouvir directamente – como diz Antonella Lumini, entrevistada por Lucetta Scaraffia – a voz do Espírito Santo», uma escuta ainda mais importante, porque «as mulheres são mais receptivas, sabem reconhecer a ternura de Deus, transmiti-la e narrá-la».
 
pintura no tecto da igreja Debre Berhan Selassie em Gondar, na Etiópia (foto Gerster)
Isolar-se do mundo para se dedicar só à meditação e à relação com Deus é uma escolha corajosa. É-o para os homens, é-o ainda mais para as mulheres, às quais no passado foi muitas vezes proibida, a ponto de as induzi a disfarçar-se de homens para se retirar num eremitério.
 
O isolamento é arriscado demais, é demasiado radical para uma mulher a escolha de viver nos bosques e nas grutas protegida só pela fé. O convento é melhor, mais seguro, protegido e disciplinado por regras certas.
 
Todavia, desde os primeiros séculos do cristianismo, muitas conseguiram vencer o desafio, às vezes escolhendo como ermo os muros da cidade. Mario Sensi fala sobre isto no seu artigo acerca das origens desta vocação que refloresceu após o Concílio Vaticano II e na década de 1990 levou Adriana Zarri, recordada por Giulia Galeotti, a refugiar-se nas montanhas do Piemonte, onde «reza, cultiva, se dedica aos animais e acolhe os que passam», onde nada acontece mas «sucede a vida».
 
Hoje, a escolha de viver na solidão – explicam-no muitas eremitas modernas – pode-se fazer até numa cidade, no meio da vida de todos os dias com os seus problemas e as suas dificuldades. Mesmo uma casa qualquer, um apartamento normal num condomínio pode tornar-se uma “pustinia”, um lugar no deserto onde viver recolhido em meditação e no silêncio.
 
Catherine de Hueck recriou uma “pustinia” nos bosques canadenses e narrou esta experiência em um livro. Nestes anos na América do Norte multiplicaram-se as Madonna Houses. Reflectir, meditar, desprender-se do mundo, criar uma relação com Deus e com a parte mais profunda de si mesmo é uma indicação preciosa também para as mulheres de hoje. (r.a.)
 

terça-feira, 1 de julho de 2014

O Centro Social e Cultural de Vila Praia de Âncora

 
Fundado em 8 de Setembro de 1983, o Centro Social e Cultural de Vila Praia de Âncora surge na sequência de várias diligências frustradas junto da Santa Casa da Misericórdia de Caminha no sentido de que fossem dadas respostas sociais especialmente aos idosos de Vila Praia de Âncora e do Vale do Âncora.
Face à ausência de resposta às solicitações da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora e às diligências da Câmara Municipal de Caminha, no sentido de se estabelecer um plano de acção que permitisse encarar e resolver os problemas da terceira idade, da infância e da juventude, construindo um equipamento colectivo em Vila Praia de Âncora, um grupo de pessoas da vida pública ancorense tomaram a iniciativa de criar uma Instituição Particular de Solidariedade Social nesta vila.
Depois de uma reflexão colectiva sobre os objectivos da associação considerou-se de interesse acrescentar às valências ligadas à solidariedade também a cultura e a formação profissional.
Assim, pode ler-se no artigo 2º dos seus estatutos que “O Centro Social e Cultural de Vila Praia de Âncora tem por objectivos contribuir para a promoção social e cultural da população do Vale do Âncora, bem como criar ocupação de tempos livres da mesma população(...)”.
Esta instituição é composta por dois edifícios construídos de raiz e que tomam o nome de: Centro Social – edifício Norte e vocacionado para a causa da solidariedade social; e Centro Cultural – Edifício Sul vocacionado para as actividades culturais.
Esta instituição assenta as respostas que procura dar às populações em duas vertentes principais:
a) a vertente social, com valências ligadas à infância, juventude e terceira idade designadamente, Jardim de infância, Actividades de Tempos Livres, Centro de Dia, Apoio Domiciliário e Lar de Idosos;
b) a vertente cultural, com a criação de condições para o funcionamento da Biblioteca Fixa da Fundação Calouste Gulbenkian, Auditório, Sala de Exposições e ainda a Academia de Música Fernandes Fão, acrescentando ainda algumas associações que têm a sua sede neste equipamento.
As valências sociais surgiram a partir da análise de necessidades que foi feita no vale do Âncora levando em linha de conta o facto de não existir anteriormente qualquer resposta social às necessidades deste vale no que toca a este particular, pois os técnicos dos serviços regionais da Segurança Social argumentavam com o facto de existirem no concelho de Caminha duas instituições (Caminha e Seixas), o que colocava este município, em comparação com outros do distrito de Viana do Castelo, muito bem colocado em termos de capacidade de resposta. De facto, se nos parece válida esta perspectiva também não deixa de ter relevância o facto de existirem duas instituições no lado norte do concelho de Caminha (Vale do Coura) que detém aproximadamente 60% da população do município e nenhum na vertente sul do concelho onde residem os restantes 40% (Vale do Âncora), considerando que Vila Praia de Âncora é a freguesia mais populosa do concelho com cerca de 25% da população deste município.
Importa, neste particular, referir que o Lar de Idosos do C. S. C. de Vila Praia de Âncora surgiu para suprir uma lacuna no contexto social específico do Vale do Âncora inserido num projecto que envolvia simultaneamente outras valências e várias gerações na tentativa de recriar o ambiente familiar de forma a que os utentes se sentissem em casa. É de lembrar que no Centro Social convivem diariamente idosos (Lar e Centro de Dia) com crianças e jovens (Jardim de Infância e Actividades de Tempos Livres; e ainda os alunos do Pólo 1 da Escola Tecnológica Artística e Profissional do Vale do Minho).
Citando Hespanha (2000;163): “Hoje a tendência é para centros comunitários, porque os centros comunitários são uma resposta integrada, mais participada, e que abrange todas as faixas da população. Agora os centros comunitários é que prestam respostas múltiplas, de acordo com as necessidades locais e com mais intervenção da própria população.”
A área geográfica adstrita a esta instituição não tem contornos muito bem definidos podendo afirmar-se que corresponde ao Vale do Âncora de uma forma geral e à vizinha freguesia de Afife.
No tocante aos serviços sociais oferecidos por esta instituição podemos referir que, das cinco valências, três estão voltadas para a assistência à terceira idade e duas para a infância, sendo maior o número de utentes das segundas que representam 53% do número total de utentes contra os 47% das primeiras.

Estes utentes provêm, relativamente à terceira idade, das freguesias de Vila Praia de Âncora, Âncora, Riba de Âncora, Freixieiro de Soutelo, Amonde, Afife e Caminha; quanto à infância, são oriundos de Vila Praia de Âncora, Âncora, Vile e Riba de Âncora.