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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A erosão da nossa costa

 

 
O sector litoral entre Espinho e Caminha coincide com a área em que a linha de costa se desenvolve sobre as rochas do Maciço Hespérico, de constituição granítica ou metamórfica. Este facto tem um papel fundamental na fisionomia da área, uma vez que, com a excepção das embocaduras dos rios, o substrato hercínico está sempre presente, mesmo quando mascarado pela cobertura de areias de praia ou de duna. Esta circunstância impede que os problemas de erosão costeira sejam tão graves como na área entre Espinho e a serra da Boa Viagem, em que a orla costeira assenta em formações pleistocénicas ou holocénicas, pouco consolidadas.
 
Neste sector, a linha de costa apresenta a orientação geral de NNW-SSE. Todavia, o seu carácter quase rectilíneo, num mapa de pequena escala, esconde uma variedade bastante grande, quando observada a uma escala maior.
 
O carácter mais ou menos elevado do relevo envolvente, bem como as características do "bed-rock
", parecem ter influência na maior ou menor extensão da área coberta por formações quaternárias. Assim, parece haver um alargamento dessas áreas em certos sectores xistentos (Apúlia-Aguçadoura, Rio Ave-Rio Donda) e naqueles cujo interland apresenta altitudes menos elevadas.
 
Por sua vez, são os sectores relativamente deprimidos onde as formações quaternárias são mais extensas que comportam um maior desenvolvimento das dunas.
 
Pelo contrário, a cobertura dunar restringe-se, comparativamente, nos sectores mais elevados (veja-se o troço Caminha-Vila Praia de Âncora, onde a plataforma litoral é bastante estreita).
 
Uma breve análise das cartas geológicas de escala 1:50.000 permitiu-nos avaliar a extensão das áreas onde o bed-rock entra em contacto directo com o mar. 
 
Verifica-se que corresponde a 23% do perímetro total estudado.
 
Os sectores arenosos correspondem a mais de metade da área em apreço. É geralmente nesses troços que se observa um maior desenvolvimento de dunas. Para além da duna primária, que raramente se apresenta muito desenvolvida, encontramos, para o interior, dunas fixadas pela vegetação, normalmente por pinhal.
 
Como as praias arenosas estão assentes sobre afloramentos rochosos, a erosão das areias pode fazer aflorar as formações graníticas ou metamórficas do Maciço Hespérico. Desse modo, o troço em questão passa a entrar na categoria de "praia com rochedos". Este processo pode ser ocasional ou estacional, sucedendo durante as tempestades de inverno.
 
Quando os afloramentos rochosos se desenvolvem a cota mais elevada, constituem pontões rochosos circundados por pequenas arribas. 
 
Estes troços rochosos, geralmente pouco elevados, raramente são contínuos. Nas suas reentrâncias instalam-se praias arenosas mais ou menos extensas.
 
Os troços de litoral rochoso, cortando a relativa monotonia dos sectores arenosos predominantes, constituem pontos de interesse paisagístico evidente. Embora sejam pouco elevados, constituem áreas ventosas e sem características balneares. Por isso apresentam fraca ocupação humana e um carácter
ainda relativamente bravio.
 
Pelo contrário, as praias que se situam a sul destes pontões rochosos ficam abrigadas dos ventos dominantes neste litoral (norte e de noroeste), bem como da ondulação de noroeste, o que as torna muito atraentes para os veraneantes. É o caso das praias de Miramar (Senhor da Pedra), Lavadores, Boa Nova e Sampaio (Labruge), dentro da área metropolitana do Porto (AMP).
 
Para norte de Vila do Conde esses afloramentos rareiam e só a norte de Viana do Castelo vamos encontrá-los de novo (Montedor e Gelfa-Forte do Cão).

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