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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Livros que valem a pena: Cartas a Um Jovem Politico: Para Construir Um Pais Melhor

Ao longo de dezoito tópicos, na forma de cartas, quase como uma conversa, em linguagem e tom coloquiais, Fernando Henrique Cardoso responde questões relacionadas à formação do político.

Afinal, sabe-se que não existe uma faculdade para preparar políticos. Segundo o autor, o que prepara alguém para a vida pública são as experiências, os exemplos e os conhecimentos acumulados, dos quais se pode extrair lições e um itinerário geral de conduta.

O livro é voltado para jovens que pretendem entrar na vida política ou políticos que dão os seus passos iniciais na carreira.

FHC fala da necessidade de um processo contínuo de aperfeiçoamento e lidar bem com transformações, visão global e aprofundada (sobre o Brasil, o mundo, a economia, a sociedade, os avanços da tecnologia, as leis, etc.), discorre sobre a diferença entre o político comum e o estadista, como desenvolver senso da oportunidade, sabendo recuar quando necessário, como se dirigir ao público e aumentar capacidade de juntar pessoas, desenvolvendo habilidades para lidar com os outros em situações variáveis e complexas.

Além disso, fala de sua relação com a mídia, com o Congresso, e com o poder. Mais do que um início, um meio ou um fim, a política, segundo o autor, deve ser um processo.

Ficha Técnica

Cartas a Um Jovem Político
AutorFernando Henrique Cardoso
EditorDom Quixote
Data de lançamento Outubro 2011
ISBN 9789722045162
EAN978-9722045162
Dimensões 15,5 x 23,5 cm
Nº Páginas 120
Encadernação Capa mole

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Livros que valem a pena: A Estrada

A Estrada
Um pai e um filho caminham sozinhos pela América. Nada se move na paisagem devastada, excepto a cinza no vento. O frio é tanto que é capaz de rachar as pedras. O céu está escuro e a neve, quando cai, é cinzenta. O seu destino é a costa, embora não saibam o que os espera, ou se algo os espera. Nada possuem, apenas uma pistola para se defenderem dos bandidos que assaltam a estrada, as roupas que trazem vestidas, comida que vão encontrando - e um ao outro. A Estrada é a história verdadeiramente comovente de uma viagem, que imagina com ousadia um futuro onde não há esperança, mas onde um pai e um filho, "cada qual o mundo inteiro do outro", se vão sustentando através do amor. Impressionante na plenitude da sua visão, esta é uma meditação inabalável sobre o pior e o melhor de que somos capazes: a destruição última, a persistência desesperada e o afecto que mantém duas pessoas vivas enfrentando a devastação total.

"Os prémios valem o que valem na consagração da arte literárias, mas importa acrescentar que com este livro, Cormac McCarthy venceu a última edição do prémio Pulitzer, um dos mais reconhecidos galardões do mundo das letras".
Sara Figueiredo Costa

«A missão de Cormac McCarthy, a sua derradeira viagem iniciática, neste seu último e espantoso livro é a de conduzir pai e filho, empurrando um carrinho de supermercado com alguns cobertores, escassos víveres e um ou outro brinquedo, por uma América devastada por um inominado acontecimento apocalíptico, provavelmente uma explosão nuclear planetária. [...] Como é possível transformar um enredo tão simples (duas personagens em movimento de sobrevivência num cenário que lembra o primeiro filme da série "Mad Max") numa obra-prima é o segredo do autor.»
Miguel Calado Lopes, Expresso

«A cada livro, Cormac McCarthy vai alargando o território da ficção norte-americana.»
Newsweek

A Estrada
de Cormac McCarthy     
 
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 192
Editor: Relógio D` Água
ISBN: 9789727089345

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Livros que valem a pena: A Memória dos Bacalhoeiros

 
A Memória dos Bacalhoeiros
"A Memória dos Bacalhoeiros" conta-nos os momentos vividos pela tripulação do veleiro de madeira Gazela Primeiro (vendido em 1971 ao Museu Marítimo de Filadélfia onde hoje se encontra) que integrava a Frota Pesqueira Portuguesa e que todos os anos (durante 1958 e 1964) largava rumo aos bancos de pesca do bacalhau da Terra Nova.
 
É neste pequeno mundo de madeira que se desenrola este livro, um livro feito de memórias e de momentos de amizade e sacrifício vividos num espaço exíguo e desconfortável onde muitas vezes a vida perigava.
 
Um livro por isso emocionante e emocionado enriquecido com fotografias do autor e do arquitecto Friedrich W. Baier de quem são também algumas das ilustrações que constam na edição.
 
A Memória dos Bacalhoeiros
Autor
V. A., António Marques Silva
Editor
Editorial Presença                 
Data de lançamento
Dezembro 1999
Coleção
Edições Especiais                   
ISBN
9789722325585
EAN
978-9722325585
Dimensões
17 x 24 cm
Nº Páginas
160
Nº Colecção
11

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Santa Maria Manuela: um bacalhoeiro de ancorenses a bordo


O “Santa Maria Manuela” - juntamente com outros três lugres ex-bacalhoeiros: “Creoula”, “Argus” e “Gazela” - é um dos últimos sobreviventes da Frota Branca Portuguesa (Portuguese White Fleet).

Com exceção do “Gazela”, construído em madeira na viragem para o século XX, estes navios partilham muitas características, sendo o “Creoula” e o “Santa Maria Manuela” gémeos e o “Argus” muito semelhante. Os gémeos foram construídos lado a lado nos estaleiros navais da CUF em Lisboa, em 1937, e o “Argus” na Holanda em 1938, para se juntarem à frota existente e participarem nas campanhas de pesca do bacalhau. O “Creoula” é agora um Navio de Treino de Mar pertencente à Marinha de Guerra Portuguesa. O “Argus”, recentemente resgatado ao abate pela empresa Pascoal, aguarda uma recuperação nos moldes da do “Santa Maria Manuela”.
 
Inicialmente pertencente à Empresa de Pesca de Viana, esta manteve o “Santa Maria Manuela” em atividade até 1963, ano em que o vendeu à Empresa de Pesca Ribau, da praça de Aveiro. O navio ainda operou na sua forma original durante alguns anos, tendo, no final da década de 1960 sofrido importantes transformações, consequência das inovações tecnológicas introduzidas na pesca do bacalhau.


Em 1993, apesar das benfeitorias efetuadas, o navio foi considerado obsoleto e abatido por demolição. Apenas o casco foi preservado e a partir daí iniciou-se um longo processo que veio a culminar na sua recuperação e na restituição do património identitário nacional que é o “Santa Maria Manuela” ao seu mar e às suas gentes.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A Galiza é mesmo "portuguesa"


1. O "pulpo galelo" é extraordinário. Cozido em grandes bidões nas ruas da Galiza, principalmente em Orense, tornou-se no símbolo gastronómico de uma região e fácil de comer: não tem espinhas, casa muito bem com o azeite ibérico e pimentão doce (ou pimenta cayenne) e acompanha no ponto com pão fino de baguete. Uma fotografia na última página de domingo da "Voz da Galiza" sintetiza isso tudo: é um produto gastronómico que diz exatamente o que representa e é facilmente exportável como conceito. Além disso o polvo viaja bem congelado, ao contrário da nossa sardinha assada com sal, essa quintessência da gastronomia portuguesa.
 
Esta introdução pelos sabores da Galiza leva-me aos territórios partilhados a norte - o Gerês. Apesar de brutalmente rasgado durante a década de 60 por uma cascata de barragens, no que ficou intocado (e é muito) encontramos o nosso bosque mágico, um verde esmagador, granitos orgulhosos, e rotas pedestres apetecíveis pelo turismo de natureza. Os galegos têm ainda algumas das nascentes termais, como a de Lobios, próximo do Lindoso, onde às quatro da manhã há portugueses a banharem-se ruidosamente em águas quentes que aquecem os ossos por fora e por dentro... O Gerês/Xerês é menos humanizado que os Pirenéus e os Alpes mas não está organizado para ser o nosso paraíso ibérico de evasão.

2. A "Voz da Galiza" de domingo tinha como manchete o facto de um terço dos alcaides da região auferirem de um salário acima dos 40 mil euros anuais, mais do dobro da média dos cidadãos galegos (19 807 euros - pouco mais de 1400 euros por mês). Lá, como cá, discutir estas questões abre fissuras e gera vinganças. Consciente disso o jornal justificou o exaustivo trabalho com um editorial na primeira página em que a tensão da sua preparação está à vista: "Em tempo de vacas gordas não nos preocupávamos com o custo dos governantes. Mas hoje já não há vacas gordas. Há políticos que se escandalizam quando se lhes atira à cara os seus salários. Só faltava que aos cidadãos se pudessem fazer cortes e aos políticos não se lhes pudesse nem olhar. Cobram muito ou pouco? Mais do que suficiente para lhes poder exigir muito". E o trabalho mostra que os autarcas mais bem pagos são, obviamente, das cidades maiores - Santiago de Compostela (72 229), Ourense (67 822) Lugo (66 881), Vigo e Corunha (65 220). Valores anuais (14 meses e todas as ajudas incluídas), que acabam por estar quase próximos dos cinco mil euros/mês. É muito? É pouco? Nestes novos tempos tudo está sujeito a reapreciação.

3. E só para percebermos como não estamos sós e os problemas são tão idênticos: a portagem entre Corunha e Vigo subiu 7,5% por cento e já é de 14,35 euros para 154 quilómetros. Mas ainda falta o aumento do IVA (de 18 para 21%) que toda a Espanha vai fazer em setembro - note-se que o IVA mais baixo vai subir de 8 para 10%, quase o dobro da nossa taxa de 6%. Entretanto a discussão sobre o que deve ser o Serviço Nacional de Saúde continua a fazer correr rios de tinta mas os cortes nos custos e comparticipações de medicamentos já estão a fazer-se desde julho, com menos apoio do Estado e em simultâneo uma feroz imposição de preços máximos que deixariam de fora do apoio público mais de 400 medicamentos. As empresas que os produzem foram obrigadas a descer valores para manterem a possibilidade destes serem receitados no sistema público.

4. Numa rua da Ourense continuam a ver-se escritas nas paredes palavras de ordem num galaico-português perfeito: "Detrás dum incendiário há um empresário". As características da geografia e biodiversidade tornam a nossa vida absolutamente partilhada, com as mesma virtudes e problemas. É a Europa dos territórios comuns a que um dia chamaram regionalização. Com um novo nome e outro desenho de competências, acabará por ser uma inevitabilidade para organizar transportes, ambiente, turismo e clusters empresariais. Também nisto há uma Europa a duas velocidades - as que já o fazem e as que ainda não sabem como concretizá-lo.

(por Daniel Deusdado)


Postal alemão chega com mais de 40 anos de atraso

 
Um postal escrito há 44 anos por um estudante da antiga República Democrática da Alemanha chegou finalmente ao destino, depois de ter sido descoberto pelo autor entre os documentos que a Stasi (a polícia secreta) colecionara sobre si.
 
Na década de 70, Günter Zettl, então um estudante de 18 anos residente em Waren an der Müritz, escutava clandestinamente as emissões da rádio regional do Sarre "Europawelle Sarre" e, um dia, decidiu participar num concurso promovido no programa "Hallo Twen", de acordo com o jornal espanhol "El Mundo".

Em 2010, quando Günter Zettl consultou o seu processo no arquivo da antiga polícia política da RDA, foi surpreendido pelo postal no meio de tantos outros documentos.

"Nem em sonhos alguma vez me passou pela cabeça que o Ministério da Segurança Nacional se interessasse por algo tão banal", contou o próprio."Azar!, pensei quando ouvi que não era o meu nome o vencedor do concurso, sem imaginar o azar que estava realmente a viver. Esta é uma ferida na minha biografia".

"Não era um resistente, nem tão pouco um valente", sublinha, recordando a tarde em que um agente da Stasi lhe propôs tornar-se um informador e passar informação sobre os jovens da sua idade que ouviam rádios ocidentais e fossem críticos do regime.

Recentemente, ao fazer limpeza aos seus papéis, voltou a encontrar o postal. Colocou-o novamente num marco do correio e o documento chegou, finalmente, ao seu destino. Mais de 40 anos depois, a rádio vai entregar a Günter Zattl o tão merecido prémio.

in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3628546