Lançados que estamos em plena campanha eleitoral assistimos, quase diariamente, à inauguração de tudo e mais alguma coisa. Aliás, das contas que fizemos para as obras anunciadas pelo actual executivo autárquico, não chegava o orçamento da Câmara Municipal de Viana do Castelo. É claro que “o sonho comanda a vida”, o problema é que nós não vivemos de sonhos mas de realidades.
O concelho de Caminha está mais pobre, perdeu meio milhar de residentes e tem como maior empregador a Câmara Municipal de Caminha. Ou seja, a actual gestão, não conseguiu atrair emprego e riqueza para os seus munícipes. Pelo contrário, consciente das obras, sem qualidade e sempre temporárias, o executivo PSD tem feito todo o esforço para com o fórró, a televisão, os beijinhos e a apresentação de projectos, ante-projectos e ideias para ludibriar o eleitorado.
Ora, como todos sabemos – e pelo que nos contam os autarcas – a sua vida é tão difícil que até são contra a limitação de mandatos. Coitados… trabalham tanto e ganham tão pouco! Por isso, é que quando chega a época eleitoral estão disponíveis para qualquer malabarismo que garanta a sua eleição. Mas, se estar disponível para tudo fazer da parte dos agentes políticos é grave, mais será, o envolvimento de responsáveis religiosos nestes desvarios políticos.
Fomos surpreendidos, por estes dias, pelas notícias que colocavam - lado a lado - o pároco de Vila Praia de Âncora, o presidente da Junta desta freguesia e a Câmara Municipal de Caminha - todos juntos - para apresentar um projecto de recuperação do Barracão da Senhora da Bonança.
Ficámos surpreendidos pelo cinismo de tal evento que, à moda antiga, mistura política e religião de forma básica. A primeira ideia que nos veio à cabeça foi a cerimónia de há quatro anos onde, as mesmas instituições, apresentaram a maqueta do Centro Paroquial de Vila Praia de Âncora. Passados quatro anos… está morto e entregue à boa vontade das gentes da paróquia que se têm desdobrado em iniciativas e sacrifícios para a concretização deste sonho.
Este ano, a aposta política caiu sobre a Confraria de Nossa Senhora da Bonança, pois os protagonistas políticos não estavam disponíveis para renovar a maqueta do referido Centro Paroquial. Assim, atiraram-se ao barracão no intuito de prosseguir um autêntico atropelo à lei da República.
Quanto a esta iniciativa interessa-nos relevar o seguinte:
1) Quem pagou este projecto? Se não foi a autarquia, o que faziam lá os responsáveis autárquicos? Se foi a autarquia, quanto pagou e com que contrapartidas?
2) Esta confraria ( que é uma associação privada) não funciona regularmente há anos pelo que não tem órgãos eleitos conforme os estatutos que a regem. Como pode a mesma autarquia que exige às associações (que funcionam legalmente e legitimamente) um procedimento burocrático enorme para não dar um subsídio de 250€ e, de repente, oferece um projecto de recuperação de um edifício?
3) Mais, quando vai ser construído o edifício e quem o vai pagar?
4) Por outro lado, a confraria pertence, acima de tudo aos pescadores, porque não foram estes chamados a participar do processo?
5) Porque não foi convocada uma Assembleia Geral para debater o assunto?; E porque razão não foi respeitada a vontade dos fundadores?
O vício do político sobre a história do barracão também esteve presente no discurso dos oradores. Aqui, é compreensível a posição de Manuel Marques (que não é de Vila Praia de Âncora) bem como do vereador Flamiano Martins, que não sabem nada da história da confraria e do seu barracão. Mas, como quem “não se sente não é filho de boa gente” nós não podemos deixar aqui de manifestar publicamente o nosso reconhecimento e agradecimento a meu pai, Celestino Ribeiro, o grande responsável pelo regresso do barracão às mãos da Confraria de Nossa Senhora da Bonança. Eu vivi o seu esforço incansável no contacto com os herdeiros, o seu envolvimento em todo o processo que levou à decisão judicial em favor desta associação. Pena é que naquela cerimónia todos, incluindo o nosso pároco que muito estimamos, o Sr. Padre João Baptista, tenham apagado (com toda a certeza por lapso) a história do barracão. Também como ele, o meu pai, não quer morrer sem que a vontade dos fundadores seja cumprida e o edifício tenha o destino que eles desejavam.
Uma coisa ficamos sem perceber, se religião e política não devem imiscuir-se porque razão permitiu o nosso prezado pároco a instrumentalização política da cerimónia? É que depois aparecem-nos pensadores como Henri Montherlant que, se calhar com razão, afirmam que “a religião é a doença vergonhosa da humanidade e a política o seu cancro”. Nós não somos tão radicais até porque temos um profundo sentimento de amizade e fraternidade cristã para com o nosso Pastor, Sr. Padre João, e com ele partilhámos o sonho de devolver a uma confraria legalmente eleita o barracão recuperado para a finalidade que lhe estava destinada.
Parece-nos, na nossa modesta opinião, que o Pastor deve ser neutro nos combates políticos (até porque o seu rebanho tem partidários de diferentes áreas políticas) mesmo tendo o seu partido político preferido. Agora, ao permitir que, em plena pré-campanha eleitoral, se instrumentalize um acto que apenas à vida da paróquia diz respeito é que não nos parece certo.
Se nós estivéssemos no lugar do nosso amigo Sr. Padre João, educadamente diríamos aos políticos que tínhamos todo o gosto na realização da cerimónia, desde que ela decorresse depois das eleições para que ninguém nos colasse aos problemas da vida temporal. É que lá diz o ditado “à mulher de César não basta ser, é preciso parecer”.
O concelho de Caminha está mais pobre, perdeu meio milhar de residentes e tem como maior empregador a Câmara Municipal de Caminha. Ou seja, a actual gestão, não conseguiu atrair emprego e riqueza para os seus munícipes. Pelo contrário, consciente das obras, sem qualidade e sempre temporárias, o executivo PSD tem feito todo o esforço para com o fórró, a televisão, os beijinhos e a apresentação de projectos, ante-projectos e ideias para ludibriar o eleitorado.
Ora, como todos sabemos – e pelo que nos contam os autarcas – a sua vida é tão difícil que até são contra a limitação de mandatos. Coitados… trabalham tanto e ganham tão pouco! Por isso, é que quando chega a época eleitoral estão disponíveis para qualquer malabarismo que garanta a sua eleição. Mas, se estar disponível para tudo fazer da parte dos agentes políticos é grave, mais será, o envolvimento de responsáveis religiosos nestes desvarios políticos.
Fomos surpreendidos, por estes dias, pelas notícias que colocavam - lado a lado - o pároco de Vila Praia de Âncora, o presidente da Junta desta freguesia e a Câmara Municipal de Caminha - todos juntos - para apresentar um projecto de recuperação do Barracão da Senhora da Bonança.
Ficámos surpreendidos pelo cinismo de tal evento que, à moda antiga, mistura política e religião de forma básica. A primeira ideia que nos veio à cabeça foi a cerimónia de há quatro anos onde, as mesmas instituições, apresentaram a maqueta do Centro Paroquial de Vila Praia de Âncora. Passados quatro anos… está morto e entregue à boa vontade das gentes da paróquia que se têm desdobrado em iniciativas e sacrifícios para a concretização deste sonho.
Este ano, a aposta política caiu sobre a Confraria de Nossa Senhora da Bonança, pois os protagonistas políticos não estavam disponíveis para renovar a maqueta do referido Centro Paroquial. Assim, atiraram-se ao barracão no intuito de prosseguir um autêntico atropelo à lei da República.
Quanto a esta iniciativa interessa-nos relevar o seguinte:
1) Quem pagou este projecto? Se não foi a autarquia, o que faziam lá os responsáveis autárquicos? Se foi a autarquia, quanto pagou e com que contrapartidas?
2) Esta confraria ( que é uma associação privada) não funciona regularmente há anos pelo que não tem órgãos eleitos conforme os estatutos que a regem. Como pode a mesma autarquia que exige às associações (que funcionam legalmente e legitimamente) um procedimento burocrático enorme para não dar um subsídio de 250€ e, de repente, oferece um projecto de recuperação de um edifício?
3) Mais, quando vai ser construído o edifício e quem o vai pagar?
4) Por outro lado, a confraria pertence, acima de tudo aos pescadores, porque não foram estes chamados a participar do processo?
5) Porque não foi convocada uma Assembleia Geral para debater o assunto?; E porque razão não foi respeitada a vontade dos fundadores?
O vício do político sobre a história do barracão também esteve presente no discurso dos oradores. Aqui, é compreensível a posição de Manuel Marques (que não é de Vila Praia de Âncora) bem como do vereador Flamiano Martins, que não sabem nada da história da confraria e do seu barracão. Mas, como quem “não se sente não é filho de boa gente” nós não podemos deixar aqui de manifestar publicamente o nosso reconhecimento e agradecimento a meu pai, Celestino Ribeiro, o grande responsável pelo regresso do barracão às mãos da Confraria de Nossa Senhora da Bonança. Eu vivi o seu esforço incansável no contacto com os herdeiros, o seu envolvimento em todo o processo que levou à decisão judicial em favor desta associação. Pena é que naquela cerimónia todos, incluindo o nosso pároco que muito estimamos, o Sr. Padre João Baptista, tenham apagado (com toda a certeza por lapso) a história do barracão. Também como ele, o meu pai, não quer morrer sem que a vontade dos fundadores seja cumprida e o edifício tenha o destino que eles desejavam.
Uma coisa ficamos sem perceber, se religião e política não devem imiscuir-se porque razão permitiu o nosso prezado pároco a instrumentalização política da cerimónia? É que depois aparecem-nos pensadores como Henri Montherlant que, se calhar com razão, afirmam que “a religião é a doença vergonhosa da humanidade e a política o seu cancro”. Nós não somos tão radicais até porque temos um profundo sentimento de amizade e fraternidade cristã para com o nosso Pastor, Sr. Padre João, e com ele partilhámos o sonho de devolver a uma confraria legalmente eleita o barracão recuperado para a finalidade que lhe estava destinada.
Parece-nos, na nossa modesta opinião, que o Pastor deve ser neutro nos combates políticos (até porque o seu rebanho tem partidários de diferentes áreas políticas) mesmo tendo o seu partido político preferido. Agora, ao permitir que, em plena pré-campanha eleitoral, se instrumentalize um acto que apenas à vida da paróquia diz respeito é que não nos parece certo.
Se nós estivéssemos no lugar do nosso amigo Sr. Padre João, educadamente diríamos aos políticos que tínhamos todo o gosto na realização da cerimónia, desde que ela decorresse depois das eleições para que ninguém nos colasse aos problemas da vida temporal. É que lá diz o ditado “à mulher de César não basta ser, é preciso parecer”.