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sábado, 15 de agosto de 2009

NÃO ACREDITO EM BRUXAS… MAS, POR COINCIDÊNCIA, QUE AS HÁ… HÁ!

Diz-se, e até se escreve em capas de livros, que “não há coincidências”. Já sabemos que esta maioria PSD no concelho de Caminha é useira e vezeira - fruto de malabarismos, estratégia e tabus – em criar coincidências. Inexplicáveis ou, se preferirmos, com explicações muito óbvias… basta querer ver.
Coincidência número um:
Todos conhecemos o slogan, explicando uma mudança que, a senhora Presidente da Câmara de Caminha, resolveu utilizar. Diz que “a mudança tem um nome”. Por acaso, nas minhas andanças, já me tinha deparado com outro igualzinho, letra por letra (mudava o nome do protagonista, claro), da também candidata do PSD à Câmara Municipal do Montijo, uma tal Lucília Ferra, vereadora desse município que foi derrotada há quatro anos.


O actual candidato do PSD à Câmara de Gondomar, também ele derrotado há quatro anos, afirma no seu cartaz: “a mudança tem um rosto”. Este senhor, de nome Rui Quelhas (como Lucília Ferra), quer dizer com esta frase exactamente o contrário da colega caminhense, Júlia Paula Costa!
Mas, a mesma frase, foi escolhida pelo actual presidente e candidato do PSD à Câmara Municipal de Penafiel. O nome do protagonista, desta vez, é Alberto Santos e que também garante que “a mudança tem um rosto”, neste particular, o seu.



Coincidência número dois:
Mas o “rosto” de Alberto Santos, uma confusão de “azul” sobre fundo “azul” lembra-nos algo. Pois claro, este autarca foi um dos convidados da Agenda Setting - a tal empresa de Lisboa tão “cara” a Júlia Paula e tão dispendiosa para todos nós - como orador numa acção de Marketing Político sobre como ganhar eleições. Tendo, inclusivamente, posado ao lado director desta empresa de comunicação!


Recordamos ainda que esta acção de formação foi muito discutida por cá, dada a ligação desta empresa à Câmara de Caminha, a saber: a existência de contratos milionários entre as duas organizações; e a inusitada presença, na dita acção, de um funcionário da autarquia caminhense (Marcos Fernandes) que, em dia de trabalho e em funções notoriamente políticas, fez questão de estar presente. O problema é que sendo, ao que parece, psicólogo, estaria completamente desenquadrado das funções técnicas a que está obrigado um funcionário municipal.
Estas presenças traduzem-se em mais uma estranha coincidência, convenhamos: slogans praticamente iguais, ligações à mesma empresa e tudo do PSD!...
Coincidência número três:
Acedendo a um computador abrimos a página da empresa e lá estava o presidente/candidato Alberto Santos – o mesmo sorriso e o seu currículo confirmando a condição de autarca penafidelense. Mais uma coincidência confirmada.



O que já não estava na página era o comentário de Marcos Fernandes que, na altura, havia registado para memória futura não só a sua presença na tal acção de formação como a sua importância, recordemos: “Quatro painéis interessantes, com oradores de grande qualidade e boa organização. Bom trabalho” (datado de 18 de Março deste ano, quarta-feira, em horário de trabalho pago por todos nós, munícipes de Caminha).
Seria coincidência? Pois claro, os vereadores do Partido Socialista interpelaram a presidente, em reunião do Executivo, sobre esta - e outras coincidências - entre a sua campanha eleitoral e a Agenda Setting.
Numa bizarra coincidência, o comentário de Marcos Fernandes, desapareceu… esfumou-se! Não o tivéssemos nós registado para a posteridade - que as impressoras servem para isso - e seria uma coincidência a menos! Assim sendo, é a somar, é mais uma.
Coincidência número quatro:
O mesmo Marcos Fernandes é filho de Carlos Fernandes, o candidato do PSD derrotado há quatro anos pela população da freguesia de Caminha-Matriz, através do voto popular no Partido Socialista. Diz-se por aí que, Carlos Fernandes, não queria correr novo risco de derrota e quase bateu o pé à indigitação para nova candidatura. Quase, porque o PSD/Caminha andou atrás de toda a gente possível e imaginária e parece que não achou melhor. Logo, quisesse ou não, Carlos Fernandes teria sido “convocado” a dar a cara pelo PSD.
É que, convém lembrar, Carlos Fernandes além de pai de Marcos é também fornecedor de serviços à Câmara Municipal de Caminha. Podia ficar mal visto se não aceitasse o “convite” e consequentemente arriscar-se a perder os negócios com o Município. Ora, “perder dinheiro é que não”, terá pensado!
Além disso, não é reconhecida ao putativo candidato a capacidade de dizer “não” à presidente pelo que bate certo a escolha entre obedecer ou obedecer. É mais uma coincidência.
Coincidência número cinco:
Rememorando, ainda com mais veemência, recordamos as coincidências evocadas pelo Partido Socialista a propósito da eventual ligação da Agenda Setting, empresa paga pela Câmara de Caminha, à campanha da senhora presidente.
Às numerosas coincidências, elencadas na devida altura, somam-se agora: a dos slogans, por acaso, todos praticamente iguais; por acaso, todos de candidatos do PSD; por acaso, em duas das situações, de candidatos que, de uma forma ou de outra, têm ligações à Agenda Setting (Penafiel, como explicámos, e Caminha, que tem com a empresa de Lisboa dois contratos no valor de 70.360 euros, mais de 14 mil contos na moeda antiga, que vamos a ver se são renovados este ano, por coincidência) … E isto é o que é público nas Contas de 2008!
Coincidência número seis:
Seja como for, a senhora presidente ainda não respondeu às perguntas dos vereadores do Partido Socialista colocadas em reunião do Executivo. E a gravidade da situação é o incumprimento da lei que determina o prazo legal, dado à presidente da câmara, para responder à oposição. Esse prazo já se esgotou. Julga-se Júlia Paula acima da Lei? E, por se julgar acima da Lei, teima em manter esta postura antidemocrática? Terá, por maquiavélica coincidência, esquecido responder às questões?
Recordamos as perguntas dos vereadores socialistas:
Senhora presidente:
1 - O que fazia o senhor Marcos Fernandes, psicólogo, funcionário da Câmara Municipal de Caminha, em dia de trabalho (18 Março), numa acção que decorria no Porto, sobre como ganhar uma eleição, promovida por uma empresa que, por coincidência, tem contratos milionários com a Câmara de Caminha?
2 – Porque guardou segredo até agora, ou até ao lançamento da sua candidatura, sobre a existência de um canal-fantasma, o “Canal da Câmara Municipal de Caminha”?
3 – Porque não existe (passou a existir dias depois), na página da Câmara, um link para este canal, mas existe a partir do canal da sua candidatura?
4 – A Câmara contratou a empresa Agenda Setting para fazer exactamente o quê?
5 – Que trabalhos foram realizados, concretamente e até á data de hoje, pela empresa Agenda Setting?
6 – Que montante exacto foi pago pela Câmara de Caminha, até à data de hoje, a esta empresa de Lisboa?
7 – Que montante está já facturado (para além do que foi pago)?
8 – As deslocações de (e para) Lisboa, hotéis, eventual aluguer de veículos, refeições etc. estão previstos e incluídos nos contratos que foram celebrados ou são pagos à parte?
9 – Quais foram as empresas consultadas, para ambos os contratos, e que critérios à escolha desta empresa?
10 – A contratação desta empresa – que já recebeu muitos milhares de euros – em vésperas de eleições, tem ou não a ver com a sua própria campanha eleitoral?
11 – É a Agenda Setting, por coincidência, a empresa responsável pelo “Canal de Candidatura de Júlia Paula Costa à Câmara Municipal de Caminha – Autárquicas 2009”?
12 - Se não, qual é o nome da empresa responsável pelo “Canal de Candidatura de Júlia Paula Costa à Câmara Municipal de Caminha – Autárquicas 2009” e pela restante produção de Marketing?
13 – Está a Câmara Municipal de Caminha a pagar a campanha eleitoral do PSD?
14 – Acredita em coincidências?

Com tantas coincidências, começamos a ser tentados, por coincidência, a acreditar em bruxas!...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O perigo da demagogia!


As coisas pelo concelho de Caminha parecem não andar nada bem! O Gabinete de Imprensa da Câmara Municipal bem se esforça em enviar para os jornais da região artigos que, em vez de evidenciarem as qualidades da sua governação, se preocupam em tentar demonstrar que a sua gestão não tem sido incompetente como a oposição insiste em acusar.

O certo é que a oposição parece ter razão em alguns aspectos essenciais: não existem obras no concelho, a gestão financeira da autarquia é incompetente, a política económica é inexistente, a intervenção ambiental ineficiente, a política social ineficaz, a falta de democracia na gestão autárquica é uma evidência…

A desconfiança de Júlia Paula nos feitos da sua administração é tal que, por várias vezes, tem feito afirmações que nos parecem graves. Quando atacada sobre a qualidade dúbia das obras nas rotundas e outros espaços do município levadas a cabo pelos funcionários, a autarca, defende-se afirmando que elas são “feitas fora das horas de trabalho pelos funcionários da autarquia a título gratuito”.

A ser verdade, esta postura da gestão de Júlia Paula merece-nos alguns reparos:

1) A exploração dos funcionários da autarquia pois as pessoas devem receber o salário justo pelo seu trabalho. Estranhamos até o facto do STAL ainda não ter denunciado estas situações dolosas para os trabalhadores e suas famílias. Pensemos em que posição ficará o funcionário que, “fora das suas horas de trabalho”, se negar a praticar esta modalidade de trabalho não pago;

2) Se qualquer munícipe desejar fazer uma intervenção em terreno privado é logo abordado pela autarquia para verificar se está a infringir a lei. Imaginemos que, um de nós, deseja beneficiar um espaço público (fora das horas de trabalho, com material da autarquia e com a nossa imaginação)? Tenho a certeza que não nos era permitida tal boa vontade;

3) A ligeireza com que a autarquia vê estas intervenções demonstrando estar mais preocupada em agradar a algumas pessoas do que a ter um plano de intervenção preparado e criado por técnicos de História, Antropologia e Etnografia e obviamente engenheiros e arquitectos…

Efectivamente, devemos poupar dinheiro aos cofres da autarquia mas não o podemos fazer às custas dos funcionários municipais a trabalharem horas extraordinárias gratuitamente. Ao fazê-lo, a câmara está a prejudicar não só os seus colaboradores como a contribuir para o desemprego dos técnicos superiores (e jovens) do nosso concelho. Ou então, as palavras de Júlia Paula, não passam de mera demagogia para defender aquilo que desconhece mas que evidenciam a sua vontade de “agradar a gregos e a troianos”.

É bom que todos percebamos que, o respeito pelos direitos fundamentais dos trabalhadores é mais importante que os valores estéticos e o debate sobre a beleza e o enquadramento destas obras. As instituições públicas têm a obrigação de serem as primeiras a cumprir a lei a fim de terem autoridade moral para a impor.

Caminha: o turismo na era do vazio!


O verão chegou embora o tursimo não pareça ter acompanhado esta estação do ano. Com certeza que a explicação parece ser óbvia: o tempo não se enquadra com a época estival.
É também um facto que o concelho de Caminha não tem, além das excelentes condições naturais, equipamentos que per si atraiam turistas. Não existe uma oferta museológica de referência, eventos culturais de massas (o único, Festival de Vilar de Mouros, foi eliminado da agenda cultural caminhense) não existem concertos e espectáculos apelativos a determinados segmentos (culturais, do estilismo, da música, do cinema...), não há auditórios que comportem este tipo de ofertas, salas de cinema, feiras internacionais, etc.
Por fim, não existe uma política de turismo com estratégias concertadas entre os diferentes agentes (políticos, económicos e sociais) de forma a vender a marca do concelho de Caminha. Aliás, a grande dificuldade da venda da marca do município caminhense pode começar pela sua definição. Afinal, o que define este concelho do vale do Minho?
O sector turístico vem-se ressentindo de ano para ano desta ausência de políticas estruturais por parte dos nossos responsáveis autárquicos mais preocupados com a cultura da fêvera, da festa, da repetição até à exaustão de um determinado tipo de grupos, canções e géneros. Caminha esqueceu há muito tempo o significado da palavra inovação.
Megulhados nesta era do vazio em que vivemos é sempre necessário arranjar culpados para os fracassos de determinados decisores políticos obsecados com flores e ferros com cimento ao alto e tapetes vermelhos a contento.
Pelas ruas lá nos vamos cruzando com algumas pessoas que, embora já estejam retiradas da sua vida activa, se dedicam a dar opiniões sobre factos a que não assitiram, revistas que não leram ou jornais que só conhecem de nome (e que, às vezes, fazem questão de dizer que “nunca leio”). Quando instadas a revelar quem lhes meteu tais ideias na cabeça refugiam-se no confortável “ouvi dizer”!
A última destas conversas que mantive foi deveras esclarecedora sobre as intenções de tais “ditos”. Diziam-me que na comunicação social não se podia falar das coisas que estão mal cá na terra porque faz mal ao turismo. Até os colunistas deviam ter vergonha por estarem a divulgar factos que “até podem ser verdade” mas que prejudicam a imagem da terra.
Ficamos então com uma certeza: nunca se deve dizer a verdade a não ser que ela seja boa! Por exemplo, só devemos dizer à nossa esposa que endividamos a família se o resultado do negócio for bom, se for mal calámo-nos e, no fim, a polícia entra-nos pela casa dentro. Ou, se a água do rio puser a nossa saúde em risco, devemos estar calados porque depois os turistas não vêm...
É claro que, alguns responsáveis políticos, actualmente no exercício do poder são defensores desta teoria que ironicamente, no passado, não cumpriram empenhados que estavam no combate político. Agora, até as suas próprias asneiras os atrapalham e até, reconhecemos, dar-lhes-ia um certo jeito a comunicação social não falar dos seus erros mas exacerbar as suas virtudes.
Enquanto houver gente disponível para servir de caixa de ressonância a esta maneira de estar na vida bastará ir plantando umas flores, limpando uns canteiros, organizar umas festas e satisfazer o ego de alguns que anseiam pelo reconhecimento social que o povo continuará sereno.
Quanto ao resto: o desemprego que aumenta entre os munícipes (principalmente os jovens e os de meia idade), a falta de jardins-de-infância, ludoteca, quartéis de bombeiros, melhores serviços de saúde, mais apoio aos idosos, de piscinas e outros equipamentos desportivos, as casas mortuárias, os centros paroquiais, o saneamento para todas as freguesias, os cartões dos idosos, a inexistência de investimentos geradores de emprego e de riqueza... tudo isso... não se deve dizer porque afecta a imagem da terra!

A Democracia das quotas


Vivemos hoje num mundo cada vez mais confuso onde: a Ciência se recomeça através do reconhecimento da importância de outros saberes; a vida se prolonga e força os políticos ocidentais a questionarem Robert Malthus e a sua teoria; o status social reassume, em particular na sociedade portuguesa, os contornos e a importância do Estado Novo (as festas das elites que no período do 25 de Abril fugiram ou se perderam no anonimato estão agora de volta).
O povo adora estas elites e promove-as nas revistas do coração que compra, nos canais de televisão entupidos de gente “famosa” e “célebre”. O povo quer voltar a sonhar com príncipes e princesas que os acordarão com um beijo da tristeza rotineira da vida que leva onde tudo é crise.
Os partidos políticos são, também eles, um reflexo de tudo aquilo que acabamos de referir. Neles, subsistem castas que se perpetuam no poder independentemente do regime político do país.
Cada partido disputa a sua “quota de mercado” falando ao coração do eleitor pois este “tem razões que a razão desconhece”, parafraseando Pascal.
E, por falar em quotas, o Partido Socialista acaba de escolher a sua nova equipa para as eleições legislativas. Importante no discurso dos seus dirigentes foi a palavra “paridade” na eleição do seu novo elenco. No entanto, no distrito de Viana do Castelo, esta imposição não passou de simples discurso para português ver que os socialistas querem que as mulheres tenham as mesmas responsabilidades políticas dos homens embora, depois de revelados os resultados, se verificar que isto não é verdade. Pensarão estes dirigentes o mesmo que a elite dirigente do livro de George Orwell que “todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais que outros”?
A questão é que quando os problemas são reais não podem ser resolvidos com soluções virtuais. Ou seja, não será pelo facto de os estatutos de um partido garantirem às mulheres um lugar igual ao dos homens que estas estejam interessadas em ocupá-lo pois têm muito mais em que pensar e se ocupar (o progresso tarda para as mulheres no que toca à divisão das tarefas familiares, à igualdade de oportunidades, à paridade com os homens nos salários, o direito ao emprego com maternidade, por exemplo).
Seguindo a lógica de que metade da população é feminina e a outra metade masculina, o sistema político português parece querer criar uma nova doutrina que não será, com certeza, a Democracia mas sim a “Quotacracia”. Este novo regime assentará a sua base na lógica quotacrática: serão distribuídas quotas por sexo, idade, estado civil, profissão, etnia, orientação sexual etc... e o país passará a ter no seu Parlamento uma representação dos diversos grupos sociais que compõem a sociedade portuguesa.
Não sendo um “quotacrático”, defendo para as mulheres a verdadeira igualdade de participação na vida cívica e, essa igualdade, não é feita no papel para ser “politicamente correcto” mas deverá fazer-se com verdade nas escolas através do reforço da educação cívica, no emprego e no respeito pela maternidade das mulheres, no salário, na direcção de empresas, associações e demais organizações...
Concluindo, a lei deve fazer-se quando se sabe que há receptividade da sociedade à sua aplicação, quando assim não é, a norma que regula a vida social cai por terra e retira autoridade aos seus criadores. O povo não dorme e, por isso, diz com razão “que bem prega frei Tomás, olha para o ele que diz e não para o que ele faz”.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Apoiar os professores é respeitar os alunos e as suas famílias.

“Brandindo uma pistola junto ao rosto de Nicholas, anunciou as regras básicas do estabelecimento: não ler, não escrever, não falar.
‘E pensar?’, ocorreu ao professor perguntar (…) Nicholas compreendeu nesse momento que não só era possível pensar, como era necessário.”
(Steven Lukes in “O Curioso Iluminismo do Professor Caritat”)

A problemática dos direitos das crianças, embora mais presente na consciência social e científica está ainda num processo de construção. Prova disso, é o entendimento e enquadramento legal dado pelas sociedades à questão. Aprioristicamente achamos que uma das razões para este atraso se prende com o facto de o divórcio e a separação só agora terem atingido níveis de notoriedade social que, obviamente, estarão relacionados com fenómenos demográficos, económicos, culturais e sociais.
O modelo tradicional de família está agora diluído num conjunto de paradigmas que nos transportam a outros níveis de entendimento e de aceitação social (famílias monoparentais, recompostas, conjugais…) que, por sua vez, conduzem os cientistas sociais a procurar respostas no sentido de manter o equilíbrio educacional das crianças e jovens perante o colapso familiar.
As crianças não escolhem nascer e também não podem escolher os pais. Por outro lado, os pais normalmente escolhem como, quando e com quem querem constituir família. Se quisermos também acrescentar o factor dependência (física, psicológica, emocional, económica, social…) do menor em relação ao adulto, no que toca aos rumos que gostaria de dar à sua vida, então começamos a perceber a debilidade e fragilidade da criança no grande palco da vida social entre os adultos. Adultos que escolheram, de certa forma, a sua vida e que, com as suas decisões, irão desequilibrar a vida dos seus filhos.
O mundo hodierno está pleno de novidades para as quais as sociedades ainda procuram enquadramento. Em pouco mais de cem anos, a sociedade abriu-se 24 horas por dia e assistiu ao deslumbramento tecnológico, a mulher começa a experienciar a liberdade de decidir sobre si e a sua vida, as crianças saíram do banco do patrão para o da escola, vivemos mais e cada vez mais com melhor saúde, a esperança média de vida aumentou sonhos e a capacidade de amar e querer ser amado… Mas, toda esta vertigem acarreta dificuldades que não estavam calculadas pelo Homem, maior longevidade traduz-se rapidamente em igual aumento de responsabilidade. Esta responsabilidade traduz-se nas preocupações actuais com o ambiente, os valores, o emprego, a pobreza e a distribuição da riqueza… e claro, a aprendizagem e a consciencialização de que a educação é a pedra angular de todo o sistema.
A educação é um dos mais, senão o mais, representativos agentes de socialização se a entendermos, pelo menos, em dois círculos: o familiar e o escolar. Daí que, na sociedade do capital em que hoje vivemos, a educação tem um preço para os pais e para as nações. Entende-se que mais educação representa melhores cidadãos e maior evolução social. Estes princípios poderão claramente ser discutíveis quanto ao carácter manipulador e de coacção dos adultos sobre as crianças mas, não podem ser excluídos do padrão da sociedade actual. Hoje ter filhos não é pensar em mão-de-obra para o campo mas sim a assumpção de um amor e um desprendimento financeiro dos pais na procura de concretizar a felicidade dos filhos.
Os professores são chamados todos os dias a responder às demandas das famílias e aos sonhos dos alunos. Não parar de acreditar! Ser capaz de actuar como o grande mediador do sistema entre a família e a escola, os pais e os filhos, os pais e as mães.
Saber actuar não só como professor mas, acima de tudo, como um educador, torna a profissão docente cada vez mais empolgante e exigente. Seria bom reconhecer nos professores as acções, os modelos, a capacidade de tornar os alunos seres melhores humanos.
É bom que as famílias reconheçam o contributo social dos professores mas, esse reconhecimento, deve ser alargado também às instâncias políticas que, há muito tempo, se esqueceram do fundamental do professor na construção de uma sociedade mais justa e democrática. Em Portugal, há cada vez mais necessidade de políticos capazes de pensar a escola a partir de referentes qualitativos de cidadania e conhecimento e não de tecnocratas abelhudos que remexem no caixote dos papéis a vida dos docentes e da escola. Se é verdade que a escola não se faz sem alunos, não deixa de ser certo que esta também não existe sem professores.