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domingo, 3 de outubro de 2010

A utilidade da educação para a convivência

A escola é, por excelência, o berçário da Humanidade pelo que, todos os assuntos que a ela dizem respeito, devem ser abordados com seriedade e responsabilidade. A escola deixou de ser um local de débito de teorias científicas que os alunos deveriam beber insaciavelmente até à última gota. Agora o saber escolar assenta as suas bases em três tipos de conhecimento: saber científico, o saber cultural e o saber ser/estar. No entanto, existe uma tendência social - e que se repercute na escola - para valorizar o primeiro e descartar o último.

Por outro lado, as sociedades mudaram muito e aperceberam-se (umas mais cedo que outras) que a educação é a garantia de um futuro com mais desenvolvimento e crescimento económico. Daí que a escola se tornou obrigatória para os jovens. Isto significa que pelos seus bancos passam anualmente milhares de jovens que não estão motivados para as tradicionais matérias escolares e suas abordagens. Esta desmotivação pode agravar-se se a ela se somar o insucesso escolar começando a aparecer problemas de convivência que vão desde a exclusão e estigmatização do aluno até - no limite - à expulsão do estabelecimento de ensino.

A fim de tornar a escola obrigatória, acessível a todos, os governos tentam várias soluções que vão desde o ensino regular ao profissional, passando ainda pelos Cursos de Educação e Formação ou até, para alguns jovens, as Novas Oportunidades. É preciso ensinar e aprender… e Educar?

É bom que se perceba que, ter estudos, não significa ser educado, polido, saber conviver com o outro. As nossas escolas têm ainda muitos professores incapazes de compreender que os tempos mudaram bem como os conceitos de disciplina e conhecimento que também acompanharam estes tempos. Por exemplo, é uma injustiça dizer que os jovens de hoje não sabem nada. Depende do que estamos a falar: de memorizar nomes de reis ou de competências informáticas e tecnológicas? Não queremos com isto dizer que a memória não deva ser trabalhada, acrescentamos o facto de esta não constituir o único recurso pedagógico da aprendizagem.

A escola precisa, acima de tudo, de educadores que, com o seu exemplo, promovam o convívio democrático e solidário entre os alunos, professores e restante comunidade escolar. Neste sentido, quanto mais os pais participarem na gestão da escola maior facilidade haverá na resolução dos conflitos.

No mundo global e cosmopolita em que vivemos o professor deve - seja qual for a sua disciplina - pugnar pela promoção da justiça, solidariedade, democracia, liberdade de expressão e opinião na relação com os seus alunos.

Mais do que técnicos, as sociedades de hoje, estão carentes de cidadãos conhecedores dos seus direitos e dos seus deveres. De gente capaz de escolher, por si, o seu caminho. De homens e mulheres dotadas de valores humanos fundados na construção de uma sociedade onde se reconhece o direito à diferença a partir de uma cultura de paz.

A utilidade da educação para a convivência pode ser sintetizada nas nobres palavras do grande pedagogo, Xésus Jares, que afirmava que "não existe possibilidade de viver sem conviver (…) porque os seres humanos são seres sociais e precisam uns dos outros para a própria subsistência". Num mundo em que os pais partilham com os professores a educação dos seus filhos cabe, a cada um de nós, perguntar que tipo de sociedade quer no futuro. A dos grandes valores humanos ou a do individualismo liberal que solta poucos e aprisiona a maioria. O nosso leitor que decida…

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